domingo, 7 de maio de 2023

Fundação (2), Povoamento, Fauna, Flora, Clima, Geografia, Bugres e Bandeiras! 2

-Página de rosto do site-

A PERSONALÍSTICA CIVILIZAÇÃO PAULISTA
"Historicamente, há uma distintiva civilização e cultura paulistas - notadamente uma civilização paulista - que embora brasileira, destaca-se das Capitanias do Sul, do Nordeste, do Norte, pelas suas evidentes peculiaridades, mais pelo sentido que a domina, numa palavra - por sua alma nobre na formação do Brasil. Se, como assinala ainda Oliveira Vianna, o homem brasileiro diferenciava-se cada vez mais do tipo peninsular originário, esse fenômeno contudo não alterou o psiquismo paulista, nem o seu ethos, profundamente radicados na concepção de vida de que a nobreza deu testemunho histórico e a nobreza para aqui transladada pelo monarca lusitano o confirmou nestas
 terras do Novo Mundo!"
(Apud Os Paulistas - João de Escantimburgo - Imortal da Academia Brasileira de Letras).
Não Sou Conduzido, Conduzo!
São Paulo de Piratinim
  Quem não conhece a sua própria história, também não tem identidade própria!

1-Uma Cidade Colinária Sob O Trópico de Capricórnio¹*
A Paulicéia, "pequenina, delicada" - do latim "Paulus, pequenino, petit", é o carinhoso e bivalente apelido da cidadela edificada em acrópole elevada sobre a colina histórica do planalto central de Piratiní. É também o nome que se dá às suas  sucessivas e seletas  gerações, através dos séculos. Ela representou e ainda representa a continuidade e renovo da esperança de um povo europeu oprimido por variadas circunstâncias, que buscou em terras distantes e selvagens seus ideais de liberdade e prosperidade, mesmo que para isto tivesse de arriscar a vida no batismo do mar oceânico e das matas escuras  e infestada de perigos! Aqui plantaram, chorando, debaixo da Cruz da Ordem de Cristo, as sementes da Salvação e da cultura greco-romana: A Civilização Paulista!

Erguida no distante sertão planáltico serra-acima da Capitania de São Vicente -  de cuja influência lusa ficou distanciada - em pouco tempo a cidadela piratiniense se afirmaria como cidade-Estado e república autônoma, mediante a firme disposição de seus pioneiros  auto-determinados, eleitos e nomeados em câmara republicana de 1556, alicerçada no original foral de tombo da Vila de Piratiní de 1534, pelo rei luso D. João III O Piedoso (veja assinaturas dos primeiros vereadores e trecho foral mais abaixo), que lhes facultava inteira autonomia de escolha e independência*.
*Mas estas tão promissoras regalias seriam, infelizmente, constantemente perturbadas pelos caprichos pessoais dos donatários, que em última análise, eram portugueses e moravam ena metrópole lusitana sujeitos à influência da autocracia absolutista. Erro conceitual da majestade original, ainda que bem-intencionada, em favorecer seu dileto amigo e principal colaborador, o donatário Almirante e Vice-Rei das Índias Martim Afonso de Souza e sucessores, mas que desta forma entretanto, deu vida a uma variante do regime feudal retrógado, sujeita aos caprichos dos posteriores "Condes" donatários e seus aleivosos capitães loco-tenentes, estes muitas vezes caudilhos e apaniguados dos impertinentes governadores-gerais da majestade lusa. Mas os paulistanos bandeirantes amadurecidos e endurecidos nas lutas das selvas, sabiam muito bem como resistir e reafirmar sua autonomia... pela boca do bacamarte e na ponta da faca!
As Ladeiras de São Paulo de Piratiní, a "Terra da Garoa".
Ladeada de íngremes declives, sendo o antigo promontório frontal Norte** (morrinho careca), o mais abrupto (depois aterrado na ladeira Florêncio de Abreu); o lateral Oeste descendo para o Vale do Rio Anhang-baí que corria ao encontro do Tamanduateí/Piratiní que vinha pelo lado Leste, fechando assim uma protetora barreira circunvalada em torno da colina, a exemplo dos antigos castelos medievais europeus. Este lado Leste ou Várzea do Carmo, era o mais exposto às intermitentes frentes-frias marítimas que transpunham a elevada "muralha" da Serra do Mar (800m), infiltrando o nublado planalto piratiniense. Desse entrechoque climático entre o ar gelado antártico e atmosfera tropical quente,*** resultava aquela neblina chuviscosa que se tornaria a sua característica mais marcante - A GAROA! 
(Aviso: a presente e completa obra em todos os seus links, está registrada no Escritório de direitos Autorais da Fundação Arquivo Nacional de acordo com a Lei Federal 9610 de 19/02/1998 e qualquer reprodução ou republicação sem o consentimento prévio do autor estará sujeita às suas penas. Entretanto,  trechos reduzidos poderão ser reproduzidos com o devido crédito de autoria e referencia da publicação na Web).
Aos seus pés jaziam imensas extensões de terras devolutas, ricas e cultiváveis, à espera de arados e braços operosos. Um grande tesouro desdenhado pelos seus descuidados habitantes selvagens, meros coletores, que desconheciam o valor civilizador da produção e estocagem de víveres! Ao Noroeste se divisava a azulada Serra da Cantareira, abrigando também os seus férteis campos do Juqueri! Dádivas divinas que foram logo aproveitadas pelo colonos!

Foi ali (re)fundada**** sob o comando do 1º Vice-Provincial Jesuíta***** do Brasil, Padre Manoel da Nóbrega, quem rezou a sua 1ª missa campal de Ação de Graças em 29 de Agosto de 1553, assistido de perto pelos seus demais comandados relifiosos e pelos curiosos nativos tupi-guaianás, extasiados com aquele estranho ritual de "pajés" brancos trajados de hábito preto! Nóbrega batizou naquela ocasião cerca de cinquenta daqueles primitivos catecúmenos desnudos, os quais entregou aos cuidados dos seus comandados Padre Manuel de Paiva e acólito Manuel de Chaves.
(¹) O adjetivo [colinária] é similar ao da Sienna  da Toscana na Itália, "cittá colinnare" elevada em acrópole sobre uma colina. Tanto naquela mais antiga urbe quanto nesta quinhentista, as edificações foram acropolitadas de forma invertida, com suas fachadas voltadas para o interior, ao contrário da Acrópole original Grega, que apontava sua clássica fachada para a planície exterior intensamente povoada.
*As urbes edificadas em acrópole  só existiam até então sob o Trópico de Câncer europeu, no Hemisfério Norte, circundando o Mar Mediterrâneo. O surgimento de uma delas no Hemisfério Sul, em pleno Trópico de Capricórnio, já anunciava a presença da mentalidade européia no novo mundo!
**(Promontório descalvado, ancestral ponto de referência e mirante usado por Tibiriçá, visível de todo o campo, hoje eclipsado pelo Mosteiro de S. Bento e aterro da Rua Florêncio de Abreu (vide antiga gravura abaixo, onde se vê o promontório redondo e careca).
***As frentes-frias marítimas trazendo o gelado vento antártico se chocavam frontalmente com o recôncavo da baía de Santos, voltada para o Sul, escalando a "grande muralha" da Serra do Mar para temperar o cálido e úmido ar tropical do planalto piratiniense, a 800 metros acima. Daí resultava uma densa e esbranquiçada névoa atmosférica, que estigmatizou São Paulo como "Terra da Garoa"; uma chuva miúda e densa, que molhava pra valer! Atualmente, devido à intensa urbanização e desmatamento do entorno da grande cidade, este fenômeno telúrico retrocedeu para a região do ABC, mais próxima à densa mata atlântica da Serra do Mar.

A Antiga Fundação campal da Vila de Piratiní e sua posterior Transferência para a Colina Histórica
****Na realidade, a vila já havia sido fundada originalmente pelo Capitão-Donatário Alm. Martim Afonso de Souza em 1532, no ano de fundação da sua irmã litorânea Vila de São Vicente. Foi ele quem plantou as boas sementes da gente fidalga e cristã que formou o núcleo diretor dos povoadores vicentinos e piratinienses. Sementes que medraram e frutificaram civilidade, cultura, urbanidade, autoridade e o "Saber de Salvação", que foi a sua cabeça filosófica modelar. Confirmada logo após em foral real de tombo de 1534 (transcrito por Pedro Taques in Hist. da Cap. de S. Vicente, mais abaixo) depois transferida da sua localização original no Campo de Piratininga (Luz, Bom Retiro) para aquela colina histórica onde se situou o colégio jesuíta de São Paulo, no intuito de facilitar a catequese e reforçar a mútua defesa. 
*****A Companhia de Jesus, uma confraria militar fundada em 1540 pelo espanhol basco de ascendência cristã-nova, Inácio (antes Iñigo) de Loyola, ao serviço da Igreja Romana e do rei espanhol, com propósitos antirreformistas e outros menos transparentes (a manutenção sublimada do paganismo de Babel, a partir do Século XVII), envolto em nebulosas conspirações que se revelariam em eras posteriores até a atualidade!

ATENÇÃO!
PESQUISADORES, GENEALOGISTAS, HISTORIADORES E ESCRITORES:
Dispomos de base de 3.600 volumes digitalizados PDF ACROBAT pesquisável de
Genealogia/Hist. de S. Paulo/Brasil de autores clássicos* e modernos, séculos XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI indexadas com motor de busca! Rica fonte de subsídios genealógicos e biográficos para autores! Na aquisição recebe grátis outra base de sociologia, filosofia, clássicos conspiraionismo com +1000 volumes!

Paupercula Domo
Acropolitados sobre aquela colina histórica e sagrada dos Tupis, antes denominada Inhapuambuçú (²), os treze* discípulos sinceros de Loyola levantaram uma rústica ermida de pau-a-pique medindo "14 x 10 passos" que o noviço de 20 anos José de Anchieta reportou em carta ao reino como "paupercula domo" (rancho paupérrimo!).

Entretanto, embora sendo pobre e diminuta, grande era o amor que abrigava! E ela lhes servia de tudo: dormitório, refeitório, escola, enfermaria e templo! Próximo dela havia uma antiga palhoça em estado "vetustíssimo" (precário), como qualificou ainda o então jovem missionário, talvez um tejipar abandonado de caçador
.

Inhapuambuçú, A Colina Sagrada e Histórica de São Paulo...
...vista da várzea Leste, detalhe:  Note-se que ao lado do Mosteiro de S. Bento e no morro frontal, não consta a atual rampa descendente que formou a Rua Florêncio de Abreu, o quê já indica um aterro posterior.  Vista atribuída "a Debret" em 1827 (?), que nos parece mais um rústico desenho seiscentista 200 anos mais antigo. Aquele promontório foi um mirante de vigia utilizado pelo morubixaba Tibiriçá, "o Formigão Vigilante", apontando para o Rio Tietê-Anhembi ao Norte, por onde vinham ataques de inimigos antropófagos.
(²) Do tupi, "monte-que-se-vê-de-longe" - visibilidade esta devida à sua então proeminente fachada, um pequeno morro calvo, formando barriga e rochoso (talvez monolítico, figura acima) coberto por fina camada areia vitrificada que refletia a luz do Sol tanto nascente quanto poente, tornando-se assim um farol georreferencial diurno, visível da antiga aldeia campal dos Guaianás-tupis à margem do Tietê. Primitivo marco geográfico, infelizmente destruído pela ganância de obras mal-pensadas dos séculos que se seguiram (aterros e prédios), obstruindo o visual do entorno paisagístico. Um mau-exemplo de administração pública picareta que não soube preservar as suas preciosas características histórico-culturais da sanha especulativa dos agiotas imobiliários: a antropofagia cultural!
*Treze jesuítas menos dois, Pero Correia e João de Souza; supliciados, mortos e devorados pelos canibais Carijós do litoral, quando praticavam a sua catequese cristã.
**Inclusive a bela paisagem antes visível da Rua Boa Vista, depois murada de prédios cafonas, hoje abrigando o espúrio sistema bancário! 
O PATTEO DO COLEGIO
Colégio de São Paulo, Mosteiro e Igreja dos Jesuítas, conjunto construído sobre a histórica e  estratégica colina de Inhapuambuçu, marco zero da Civilização Paulista. Quadro do patriota Benedito Calixto.
"...ora, a civilisação é o producto mathematico do concurso d'estes dous factores, a sciencia e a virtude. A sciencia que eleva o espirito humano às alturas serenas da verdade intellectual e do bello esthetico, a virtude que funde no cadinho da vida social o coração na pratica da justiça, na nobreza dos sentimentos e nos estímulos do patriotismo". 
Cônego Valois de Castro 1894.

Finca-se a estaca de um baluarte civilizador
No entanto, aquela humilde ermida se tornaria o fundamento do maior ponto de referência paulistano: O "Patteo do Colegio", alicerce da própria nacionalidade! Marco zero da colonização e do sertanismo brasileiro, ponto-de-encontro de colonos, visitantes espanhóis do Paraguai, portugueses metropolitanos, autoridades seculares e eclesiais, além da população indígena domesticada, que ali circulava alegre e livremente, muito orgulhosa do seu novo status urbano! (³) Pouco depois de erguido aquele multi-utilitário cenáculo, foi celebrada a sua missa de consagração, desta vez pelo Padre Manoel de Paiva acolitado pelo citado jovem Anchieta em 25.01.1554. Era o dia de São Paulo, o "Apóstolo dos Gentios", de quem se tomou o nome de Casa de São Paulo -  coincidindo com a natureza gentílica daquela nascente missão civilizadora. Portanto, esta data é a da fundação do colégio com o nome daquele "santo-do-dia" e não da vila, pois ela já fôra previamente fundada, como dissemos, em 1532 pelo próprio Donatário, Capitão-Almirante D. Martim Afonso de Souza.

O Nome do Padroeiro do Colégio é Agregado ao da Vila original
A mesma denominação original foi ali estendida com a agregação do nome daquele santo apóstolo, formando a composição de Vila de [São Paulo] de Piratininga, em 1560. Congregando ainda os colonos transferidos da insegura Santo André de Ramalho, que vinha sendo atacada pelos canibais carijós do litoral Sul.(4) Foi portanto, espacialmente deslocada das margens planas e abertas do Rio Tietê para a protegida colina dos rios Tamanduateí e Anhang-baí. O foral real original de tombo da primitiva vila permaneceu válido, pois não se tem notícia de outro - o que houve foi um urgente remanejamento demográfico. Naquela humilde casa se oficiariam ainda outros atos litúrgicos pelos demais padres Leonardo Nunes, Vicente Rodrigues e Afonso Brás, acolitados pelos outros noviços Diogo Jácome, Gregório Serrão, Manuel de Chaves e Pero Dias Parente.
(³) Os "índios" (mongóis) domesticados e convertidos à religião católica romana, eram parte integrante e igualitária da população paulistana e usufruíam a liberdade de ir-e-vir, mediante determinação de bula papal; jamais foram "escravos" e sim, ALIADOS - e andavam muito bem armados! O próprio Morubixaba Tibiriçá habitava a rua central da vila, a qual levava o seu respeitado nome: "Rua de Martim Afonso TIBIRIÇÁ", atual Rua São Bento, placa inexplicavelmente usurpada!
(4) Foram transferidos da então recém-fundada Santo André, em 1560, após sofrerem contínuos ataques dos canibais Carijós do Litoral Sul (que comeram dois padres jesuítas).

O Índio já Sabia de Coisas Espirituais...
A PEDRA ITAECERÁ e a Fundação Profética do Colégio ou A Origem Mítica de São Paulo!
Reza porém um antecedente folclórico, de intensa tradição oral regional piratininguara*, de que sobre aquela primitiva colina de Inhapuambuçú, havia antes uma grande pedra sagrada, a Itaecerá, fendida ou fortemente marcada por um formidável e panorâmico raio,  de  proporções ciclópicas e de  conhecimento geral e notório, que as diversas tribos circundantes cultuavam como sinal milagroso de Tupã (Deus do Trovão). Ela teria sido posteriormente retalhada e sincretizada nos alicerces do futuro templo jesuíta (?!). O local já havia se transformado em campo santo, frequentado por todas as tribos circunvizinhas, igualmente impactadas pela visão da magnífica centelha! Era frequentemente visitada por romarias através da extensa rede de Peabirús (5) cruzando os matos, em busca da presença divina! Desse espetacular evento concluímos, portanto, que os Tupi-Guaianás já desfrutavam de uma
Via Espiritual
de mão dupla, pela qual foram previamente instruídos e incumbidos de indicar aos jesuítas a exata localização daquela santa missão!
*Piratininguara = Termo que designa a naturalidade e precedência dos nativos tupis do Campo de Piratininga.
Sincretismo da Igreja Romana
Mas e a Itaecerá?, teria sido mesmo retalhada e reutilizada, como narra outra tradição oral? Talvez sim, talvez não! Isto precisa ser mais investigado, pois trata-se de um monólito de inestimável valor arqueológico, sentimental e religioso, marco intercultural da pré-história piratiningana! É imperativo que se faça uma minuciosa prospecção nos sítios sagrados apontados, mesmo que se tenha de remover aqueles degradantes prédios-muquifos ali existentes, de uma rua que liga o nada com lugar algum!
(5) Peabiru = "caminho de mato pisado".
*Vide na Internet a obra A Cidade Antiga, narrando a completa destruição de grandes civilizações e metrópoles da Europa pela invasão das hostes bárbaras e insensíveis aos valores civilizatórios da beleza estética, como os Hunos e Mongóis, que invadiam e destruíam estátuas e monumentos da Europa. São Paulo vem sofrendo semelhantes pichações e invasões de hostes mongólicas do Norte, como a pichação e queima do Borba Gato, do monumento aos Bandeirantes do Ibirapuera,  instigadas pelos comunistas  inimigos da nossa cultura e civilização cristã paulista!

O fabuloso raio anunciava a proximidade de um resgate divino, sulcando célere as tempestuosas águas do Atlântico, nas pessoas de Anchieta, Nóbrega e outros apóstolos portadores da CRUZ DE CRISTO!

Cremos que o fabuloso raio fosse mesmo uma teofania  (manifestação divina)  em favor das almas aflitas do morubixaba Tibiriçá e sua gente, vítimas permanentes de ataques canibais! Anunciava a proximidade de um resgate transoceânico que de fato se materializaria na Civilização Ocidental Greco-Romana Cristã (7) difundida e edificada pelo seu principal apóstolo e educador José de Anchieta, continuador da obra do instruído Vice-Provincial Jesuíta Manoel de Nóbrega*, seu orientador, nos quarenta e três anos em que durou o seu ministério apostólico***, forjador do distintivo caráter cristão* paulistano! 
*É consensual entre os acadêmicos ser a cabeça filosófica paulista, "Um Saber de Salvação"!
(7) Índio não é bobo e gosta mesmo é da comida regular da agricultura branca e do leite da vaca para seus curumins; roupas, tv, moto, relógio, luz, celular e outras comodidades da civilização; quem gosta de ficar pelado feito animal e comer carne contaminada de preá do mato, são os militontos ideológicos da esquerda, mais interessados no ouro do sub-solo!
*Manoel da Nóbrega ingressou na Companhia em 1544, tendo nascido em 18/10/1517, cursado Univ. Salamanca e Univ. Coimbra, onde completou o curso de direito canônico. Ordenado, foi preterido por motivos políticos, para o ingresso no Mosteiro de Santa Cruz como professor, o que o levou a aproximar-se dos jesuítas. Em 1548, vem para a América com Tomé de Sousa, chefiando outros sacerdotes (Antonio Pires, Leonardo Nunes, João Navarro, Vicente Rodrigues e Diogo Jácome, os demais irmãos, acólitos leigos).
**Anchieta frequentou o Real Colégio das Artes e Humanidades, anexo à Universidade de Coimbra, a mais perfeita da nossa língua, onde certamente conheceu a Escolástica de Santo Tomás de Aquino, baluarte da Cultura Aristotélica-Cristã. Criou a nossa primeira gramática da língua Tupi, utilizada para evangelização dos nativos, além de peças teatrais, musicais e livros de história, sempre didáticas e voltadas à catequese.
***São José de Anchieta foi canonizado em 2014 Apóstolo do Brasil. Padre José nasceu em Tenerife em 1534, Ilhas Canárias da Espanha, filho de pai fazendeiro "vasco" (provável cristão-novo) e mãe de família aristocrática local, filha de pai judeu. Estudou dos 17 aos 20 anos na Universidade de Coimbra (em Portugal, onde havia maior tolerância com sua etnia perseguida na Espanha pela Inquisição) onde aprendeu a falar/escrever português e latim. Morreu na terra que tanto amou em 1597.

Tupi or not tupi
Os piratininguaras* guaianás falavam o tupi, embora suas demais aldeias do território Su-sueste brasileiro fossem da divergente raiz linguística  macro-gê**. Eram ou não tupis? Tupi or not tupi - eis a questão!


***"Índia" Tupi-Guaianá - de Albert Eckhout (1610-1665)
Óleo sobreTela de 265 X 157 cm de 1641
Museu Nacional de Copenhaguen - Dinamarca
*Piratininguaras: nosso termo castiço para designar a naturalidade e precedência dos nativos selvagens do Planalto de Piratinin, expressando também uma diferenciação social com os colonos europeus, duplos-habitantes da então recém recriada Vila de São Paulo de Piratininga, chamados paulistanos.
**Alfred Métraux, antropólogo francês e congêneres, afirmam que os guaianás piratininguaras sabiam falar a língua tupi antiga, embora em suas origens regionais estivessem entroncados na divergente raiz linguística macro-jê!

***O Termo "índios" não se encaixa absolutamente nos nativos brasílicos, pois se refere aos Indianos da Índia, povo que embora possuindo pele morena, é caucasiano de superior. O consenso entre antropólogos é de que são descendentes  mongóis vindos em várias eras distantes através do Oceano Pacífico, para todas as Américas.  

O precursor da historia da capitania de São Vicente, Frei Gaspar da Madre de Deus, os cita em suas "Memórias" de 1797, como sendo guaianás, sem nenhuma sombra de duvida! Hipoteticamente, talvez fossem mesmo guaianás vencidos e tupinizados, resultando daí uma fusão étnica (?). Tupiniquins (8) certamente  não eram, pois eram seus inimigos, embora primos colaterais distantes! Mas a índole pacifica e isenta de canibalismo daquele povo concorda com o seu apelido "guaiá", "manso" ou "guaiá-nã" (muito manso, não canibal), atribuído pelos próprios vizinhos. O erudito Teodoro Sampaio tem hipótese semelhante, apoiado nos mais antigos autores da história brasileira, os quais cita em sua obra O Tupi Na Geografia Nacional*. Batizemos então por ora, essa provável miscigenação com o nome de "Tupiguaianá"! Mas, ainda permanece o mistério. 

Dicionário Geográfico

O Dr. João Mendes de Almeida, famoso jurista e insuspeitado filólogo linguista, em sua obra póstuma Dicionário Geográfico da Província de S. Paulo acompanhada de volumoso compêndio de gramática e vocabulário tupis. Ele tem opinião divergente das anteriores e cita uma carta descoberta na biblioteca de Évora, Portugal, atribuída a Anchieta, onde o padre se refere tanto aos nativos litorâneos de Bertioga quanto aos planálticos de Piratinin, como sendo da mesma etnia Tupi: "os tupis de Bertioga foram alertar os tupis de Piratininga, chefiados por Tibiriçá, da chegada de Martim Afonso". Portanto, Tibiriçá e seus irmãos morubixabas seriam decididamente Tupis. Afirma ainda que os tupis do passado "teriam vencido definitivamente os guaianás e assumido o seu lugar e a eles transferido a sua cultura".

O antigo leito do Rio Tamanduateí, eixo que ligava São Paulo ao ABC (antigo Rio Piratini ou Piratininga). Era o Mais Urbano e centralizado Rio Paulistano, bastante movimentado! Obra do pintor Antonio Ferrigno.

A Origem do nome Piratininga e seu duplo-significado
Diz ele ainda, baseando-se em minuciosa dissecação da acurada nomenclatura Tupi, que o termo Piratininga é herdado do Tamanduateí, afluente do rio Tietê pela sua margem esquerda. Com efeito, o rio é mencionado em antigas escrituras quinhentistas, simultaneamente como Piratininga e Tamanduateí. E chegava até ao Tietê com este mesmo nome, podendo ainda ter denominado também aquela outra microregião marginal, ou Campo de Piratininga. Ele possuía portanto, estes dois nomes, fato este muito compreensível, porquanto essa rica região havia sido alvo de muitas disputas entre várias etnias silvícolas, as quais conferiam os seus próprios nomes aos diversos lugares, para exprimir posse e senhorio.
Vista da Várzea do Carmo. A bucólica ponte sobre o Tamanduateí que aparece no quadro ficava na altura da Rua Tabatinguera, hoje um cruzamento automobilístico infernal e poluído.
Em decorrência disto, na memória coletiva permaneceu gravada essa duplicidade nominal, por muitas gerações. Ele menciona também Frei Gaspar em suas "Memórias", onde cita o Tamanduateí como "o antigo rio Piratininga". Em outros antigos documentos, é referido também como Rio Piratiní ou Piratinim (nos parece o mais correto). 

Cabe aqui mencionar outra teoria algo dissonante do antigo presidente do Instituto Histórico Geográfico de São Paulo, Afonso de Freitas, que postula em extenso artigo da sua revista de 1925, "Piratininga Exhumada", a existência de um terceiro e deslocado "Riacho Piratininga" na margem oposta do Rio Tietê, na Ponte Pequena, zona norte, como "sendo ele a origem do nome".** Não nos estendemos aqui nessa hipótese, porquanto nos pareceu secundária diante da excelente argumentação que vem a seguir, com maior plausibilidade. Mas pode ter havido duplicidade de nomes, uma vez que designavam os mesmo fatores geográficos. Deixamos entretanto a referência mais abaixo, para quem se interessar em estudar essa variante (pessoalmente cremos que o campo de Piratinim era lá mesmo,  tomando o nome original do "rio torto", o Tamanduateí que chegava até ali, onde desaguava - a antiga aldeia tinha acesso simultâneo a estes dois rios).
Centro Antigo e Downtown da Vila de São Paulo de Piratininga, construída em acrópole sobre a colina histórica de Inhapuambuçú, circunvalada pelo tortuoso rio Piratinim/Tamanduateí e Anhangbaí e posteriormente também murada. Obs.: A nova Aldeia tupi de Tibiriçá ficava onde depois foi construído o Mosteiro de S. Bento, antes um belo mirante de vigia (hoje soterrado) voltado para o Norte e Rio Tietê, de onde vinham os inimigos Guarulhos, Tremembés e Tamoios. A atual Rua S. Bento (?!) sechamava pelos nomes de seus dois maiores titulares, Rua de Martim Afonso-Tibiriçá, 1ª rua oficial de São Paulo!

Um Rio Sinuoso e Irregular  
Interpretando a lição do erudito Dr. João Mendes, a palavra Piratininga seria a corruptela de Pi-ra-tinin-ga, de pronúncia pausada, sendo Pi = [o fundo] + ra = [acidentado] + tiním = [sinuoso, tortuoso], acrescido da partícula vernacular [gá, ngá], para formar "supino" (realce?). No vernáculo corrente seria "rio-torto-e-esburacado", porque além de sinuoso, tinha o seu centro pontilhado de traiçoeiros poços fundos.
Índios e jesuítas atravessando "um rio"  (Tamanduateí). Pintura do século XVII, publicada no livro Die Jesuitenmissionare de Martin Dobrizhoffer und Florian Paucke. Domínio público.
Palavras Homônimas-Homófonas-Homógrafas (rara trilogia) possuem a mesma pronúncia e grafia aportuguesadas, mas com sentidos diferentes.
Não se tratava portanto, segundo ele, daquele outro mais popular e semelhante vernáculo de "peixe-seco" ou pirá-tini-nga. Um é pi - ra (¹centro, ²irregular), dois vocábulos distintos que conjugados, são paroxítanos; o outro é um vocábulo único pirá (peixe), oxítano, (aliás, sobre o sufixo tiní, ou tininga (curvilíneo, tortuoso) com significado de "seco", não o encontramos em nenhuma tradução confiável, apesar de repetido em diversos dicionários ligeiros que pululam a Internet, sem maior exame!
 
Então temos, descartada a partícula [nga] do vernáculo enxertado: 
PI-RA-TINÍM = Rio Curvo, de Centro  Irregular, segundo o Dr. João Mendes;
PIRATININGA  = "peixe-seco", corruptela ou corrupção vernacular - (que interpretada literalmente do tupi, significa peixe-curvo e não "seco").
PIRÁ-TINÍM  = Peixe Curvo ou torto do tupi, nossa conclusão, comparada à imagem abaixo.
 Peixe seco ou curvo? Os dois!
Mediante esta imagem, desvendamos o mistério: Pirá = peixe, Tiní = curvo, "peixe curvo ou torto". Mas não era "peixe-seco"? Os dois! Qual a razão desta  duplicidade? Porque depois de mortos, sob o efeito do sol tropical escaldante, os peixes se encurvavam com a retração do extremo ressecamento - era exatamente isto que os Tupiguaianás viam e designavam pela sua fiel literalidade: pirá-tini ou "peixe-curvo"! Enquanto que os colonos lusos os viam e designavam pelo vernacular "peixe-seco". Na realidade, o peixe desaguado e desidratado apresentava ambas características cadavéricas: seco e torto! Uma visão binocular de culturas díspares: mas o mesmo objeto, o mesmo fenômeno!
*Diversos dicionários ligeiros da Internet traduzem o termo "tininga" como "seco", quando esse vocábulo nem sequer existe em tupi; foi enxertado, é vernacular e corrompido de [tiní] ou [tinim] = curvo, sendo [nga] uma partícula acrescida para formar "supino" (segundo o mesmo autor). Outra tradução fantasiosa diz que Pirá-tinin, quer dizer "peixe-barulhento".(?) Mas continuamos nos apoiando no erudito Dr. João Mendes, por ser renomado filólogo pesquisador, utilizando métodos rigorosamente científicos à época (In Dicionário Geográfico da Província de São Paulo, prefácio com extenso compêndio gramatical Tupi).
Piratininga - Uma derivação denominacional telúrica e transmutante
Nossa conclusão, portanto, é de que por uma derivação nominal somada à uma surpreendente coincidência linguística, as lagoas e seus peixes secos/curvos se conformaram à mesma antiga designação do rio-curvo, mas com fonéticas ligeiramente diferentes e significados bem diferentes. Com a adoção definitiva do nome Tamanduateí, a denominação Piratininga do rio foi abolida, extinguindo-se assim a ambiguidade. Ademais, já no Século XIX ela não mais justificaria o nome de "rio torto", porquanto foi inteiramente retificado! Mas o conceito não morreu, migrou! E se cristalizou em suas lagoas rasas: o termo que antes era designativo de "rio torto", cristalizou-se pelos-mistérios-da-metamorfose-tupiniquim, no popular "peixe-seco,"**** referindo-se aos efêmeros espelhos d'água que se evaporavam lentamente ao sol tropical escaldante, matando assim os seus prisioneiros represados - as piratiningas assassinas! 
(Reminiscências: Molhamos nossos pés infantis numa delas, no Tatuapé, hoje marginal esquerda, circa 1950-54 - no folclore local era "lagoa do Rio Tietê"; como nós, os meninos paulistanos do Ribeirão Tatuapé, a chamávamos).
*Dr. Teodoro Sampaio, O Tupi na Geografia Nacional, tese bastante abrangente, sobre a linguística tupi.
**In Afonso de Freitas,  "Piratininga Exhumada", Revista do Instituto Histórico e Geográfico de S. Paulo, # 23 - 1925 - pg. 99-114.
***Dr. João Mendes de Almeida, Dicionário Geográfico da Próvíncia de S. Paulo - página 208 - Tip. A Vapor Espíndola, S. Paulo 1902.
****Padre Anchieta deixou registrado que as piratiningas em conjunto, chegavam a represar 12.000 peixes numa única cheia! Era uma rica fonte nutricional, muito disputada pelas diversas aldeias concorrentes do campo.
(8) A autodenominação Tupiniquim, grafada ao longo dos anos de diferentes maneiras - Topinaquis, Tupinaquis, Tupinanquins, Tupininquins, Tupiniquí - significa "tupis do lado", "parentes colaterais", conforme o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de Antenor Nascentes, com apoio no historiador Adolfo de Varnhagen.
Piracema & Piratininga   
a conjugação de dois íntimos fenômenos telúricos, que caracterizavam a região planáltica.
A Piratininga era decorrente da Piracema (do tupi, barulhenta "subida dos peixes").
O Rio Tietê, cortando o planalto no sentido Leste-Oeste rumo ao profundo e misterioso sertão, frequentemente transbordava suas águas, formando escuras e rasas lagoas marginais, ou "piratiningas", (¹³) como já vimos,  devido principalmente à piracema(14), uma súbita e barulhenta "marola", provocada pela subida de peixes contra a correnteza em maciços cardumes. Uma enorme quantidade deles ficava ali represada nas margens, criando assim uma rica fonte protéica* para homens e animais. Este fenômeno telúrico ainda mais se potencializava com as densas chuvas de verão que provocavam as enchentes sazonais (Novembro-Fevereiro) até os dias atuais, encharcando completamente a extensa bacia hidrográfica da várzea piratiningana, que teria de esperar ainda muitos anos, para ser drenada e canalizada, minimizando o efeito.

A Vigilância Permanente do "Formigão!"
Sobre aquele estratégico e pronunciado mirante descalvado de Inhapuambuçú, apontando para o Norte (vide gravura completa atribuída a Debret, mais abaixo), cuja vista dominava todo o cenário do campo piratiningano, uma figura imponente mantinha-se vigilante: O Morubixaba Tibiriçá, em sua nova aldeia ali instalada, transferida do Campo de Piratininga, às margens desprotegidas do Tietê. A nova localização acropolitada como fortaleza medieval, logo se confirmou como estratégico posto de vigia, geográfica e defensivamente circunvalada pelos afluentes do mesmo rio (9), o acidentado Rio Tamanduateí (10) e seu tributário Rio Anhangabaú (11) (este último também alimentado pelos riachos Itororó (Av. 23 de Maio) e Saracura*, Av. 9 de Julho), todos se encontrando na várzea alagada  e desaguando mais adiante no extenso Tié-tê, também denominado Anhembi(12).
(9) Rio Grande, "rio fundo, de verdade", "rio dos Tiés" (Tié-tê, pequeno e lindo pássaro de penas vermelhas).
(10) Rio dos Tamanduás e também Piratinim, rio curvo.
(11) Rio e Vale do Anhang = "diabo".
(12) Rio dos Nambús ou Inhambús (ave parecida com a galinha d'angola ou perdiz).
*Os índios não tinham um nome único e extensivo para os rios,  mas o denominavam em segmentos conforme os acidentes geográficos ou variada fauna (Tié, Inhambú, Arara),  animais, peixes (Tamanduá, Jundiá) ou acidentes geográficos (parnaíba ou par-ne-í-bo, Itú, etc).

Anhuma, ave surrealista com unicórnio na testa, cachecol de plumas negras, esporas nas asas, pés grandes... e canto cacofônico parecido com zurro de jumento! Essa rara espécie planáltica (em extinção) medrava profusamente nos vastos campos e várzeas marginais do Tietê, hoje transformados nas poluídas vias marginais.



Tiê-sangue, que emprestou o seu nome ao Rio Tietê. Ave símbolo da Mata Atlântica e uma das mais espetaculares do mundo, o tiê-sangue (Ramphocelus bresilius), também conhecido como sangue-de-boi, tiê-fogo, chau-baêta e tapiranga, é uma ave sul-americana passeriforme da família Thraupidae, reconhecida pela beleza de sua plumagem vermelha.
Inhambú, galinhota ou perdiz que abundava às margens do Rio Tietê no trecho central denominado Anhembi ou Ayembi, "rio-dos-inhambús".
Saracura-do-mato, ou aramides saracura, linda e colorida espécie de garça que nomeou o principal afluente do Rio Anhangabaú, ambos canalizados sob a Av. 9 de Julho.

Orquídea da Mata Atlântica, símbolo brasílico.


A COLINA HISTÓRICA e Downtown Paulistana - Aquarela atribuída a Debret em 1827(?), mas que nos causa muita estranheza, quando comparada com a do seu colega Pallière, feita poucos anos antes em 1821 (compare com gravura abaixo) apresentando topografia já aplainada, bem urbanizada, com casario numeroso e prédios reformados, ampliados, e quintais  murados. Em nossa modesta opinião, esta iluminura parece mais seiscentista, com traçado rústico muito parecidos com o desenho da câmara municipal de 1628 (dois séculos mais antiga!), do mesmo autor espanhol apócrifo, encontrado no Arquivo das Índias de Sevilha Espanha (compare com iluminura do  cap. 7 - A Pauliceia Hispânica). O rio em 1º plano, supostamente o Tamanduateí, está desenhado muito distante do seu leito original (ou talvez tenha mudado seu curso), que corria paralelo ao sopé da colina, atual rua 25 de Março, veja gravuras, fotos e maquete mais abaixo.
Vista magnífica da acropolitada Downtown paulistana, onde aparecem a casa da Marquesa de Santos (no canto esquerdo) e a torre da Igreja dos Jesuítas, além da Ladeira Porto Geral.  Na baixada, o pasto entremeado de lagoas rasas que legaram o seu nome ao campo e vila. No extremo direito, o Mosteiro de São Bento, com seus fundos já concretados numa plataforma descaracterizante, ocultando o antigo promontório descalvado, que era a razão do nome Inhapuambuçú. Se vêem claramente os quintais murados, o que não aparece na vista acima, atribuída a Debret, e com data posterior??! Coleção Beatriz e Mário Pimenta Camargo].


Antiga Várzea do Carmo
Passada a 1ª fase colonial quinhentista, toda aquela baixada Leste alagada passou a chamar-se Várzea do Carmo (tomando o nome do convento carmelita próximo), que abrangeria o atual Parque D. Pedro II. Este espaço público foi antes um belo jardim cercado de palmeiras imperiais e bancos de cimento, onde nos recreávamos quando jovens, e parque infantil* municipal onde nossa mãe e suas duas irmãs "oriundi", moradoras do "Bixiga" (Bela Vista), brincavam quando crianças, em perfeita segurança. Hoje um poluído terminal rodoviário da populosa e migratória zona leste. A urbanização utilitarista sem a devida preservação cultural e a migração desordenada foram desfigurando a originalidade geográfica e social da cidade, enquanto seus marcos histórico-culturais iam desaparecendo! O progresso é necessário, mas não pode atropelar ícones nacionais - tem obrigatoriamente de os contornar!

A alva São Paulo até aos anos 1960: "Um Pedaço da Europa na América do Sul"!
O paternal Parque Infantil D. Pedro II em 1937, abrigando filhos dos trabalhadores europeus da indústria e construção civil.


2- Tietê - A Estrada Fluvial que Catapultou a Exploração Bandeirante do Território Brasileiro
O histórico e estratégico Rio Tietê foi a providencial via natural para o desbravamento do inóspito sertão brasileiro em seus quatro pontos cardeais. Foi muito navegado também pelos antigos comerciantes espanhóis do Paraguai que subiam a sua correnteza em busca da amizade e hospitalidade paulistanas, além do seu crescente e atraente mercado consumidor.

O próprio governador espanhol do Paraguai, Dom Luís Céspedes García de Xería (15) o utilizou muitas vezes, inclusive para transportar sua noiva luso-brasileira Dona Vitória de , da tradicional família governante do Rio de Janeiro, mediante contrato com o famoso sertanista paulista André Fernandes (co-fundador de Santana de Parnaíba, SP) que por este fato ficaria estigmatizado pelos desconfiados pioneiros como "colaboracionista" dos concorrentes castelhanos. É de sua autoria este mapa abaixo.
O 1º Mapa de São Paulo de Piratininga, de autoria do governador espanhol do Paraguai, Céspedes de Xería.

O Rio Tietê, trecho urbano, no início do Século XX, muito aprazível e salubre, antes da poluição industrial e da ocupação desordenada e sem saneamento básico. Note-se a característica físico-química das águas tietanas naturalmente escuras, mesmo quando ainda não eram poluídas. 
Monções - O Bandeirismo Aquático ao Mato Grosso e Cuiabá pelo Tietê

As monções tiveram um importante papel na colonização fluvial da Região Centro-Oeste do Brasil, após o declínio das bandeiras terrestres. Iniciaram-se em 1718, quando o bandeirante Pascoal Moreira Cabral (e outros, como os homônimos ituanos Antonio Pires de Campos, pai e filho, de alcunha "Pai Pirá") descobriu ouro nas proximidades do sítio onde hoje se encontra a cidade de Cuiabá. Em pouco tempo, outros sertanistas foram atraídos pela notícia, sobretudo da capitania de São Paulo. Como resultado, uma verdadeira corrida do ouro acabou por converter a região em um vasto campo de mineração. Posteriormente, essas expedições tornaram-se regulares e o seu objetivo passou a ser também estratégico, comercial e militarmente, visando ao abastecimento e defesa dos mineradores de Cuiabá, Vila Bela e demais povoações surgidas em decorrência daquela extensa mineração.

3 - O Morubixaba Tibiriçá de Piratininga* e seu genro João Ramalho: a 1ª Aliança! 
A tribo tupi, ou tupiguaianã habitante do planalto piratiningano, era chefiada por este extraordinário morubixaba, cujo nome traduzido era "Formigão Vigilante", o qual fez a sua primeira aliança eurobugre com o degredado pré-povoador João Ramalho, cedendo-lhe sua filha Bartira (16) ou M'bicy, renomeada Isabel Dias em seu batismo cristão. 


João Ramalho e Bartira, 1ª fusão racial que produziria as sub-raças mameluca, cabocla, etc.

Ramalho foi nomeado oficialmente mestre-de-campo de Piratininga (17) pelo donatário Martim Afonso em 1532 e mais tarde confirmado pelo amistoso 1º Governador Geral do Brasil, Tomé de Sousa o qual o instituiu também fundador e alcaide da Vila de Santo André da Borda do Campo, em Agosto de 1553.

O Morubixaba Tibiriçá o "Formigão Vigilante" (ou vigia da terra) e seu neto André Ramalho, o primeiro mameluco paulista, filho da princesa tupi Bartira e João Ramalho.  
A Casa de Tibiriçá de Piratininga*
Tibiriçá, também chamado de "O Guerreiro de Olhos Encovados", era casado pelo costume nativo com a tupiguaianã Potira e dela teve as filhas casadas com alguns dos primeiros povoadores portugueses, constituindo-se ancestrais de muitas famílias paulistanas tradicionais: 1-Bartira, já citada; 2-Terebê c.c. jesuíta leigo Pero Dias Parente (1530-1590) e renomeada Maria da Grã**; 3-Beatriz Dias Machado c.c. Cap. Lopo Dias Machado, todas nossas avoengas. Teve de Potira também os filhos Ítalo, Ará, Pirijá, Aratá e Toruí, além de outros nascidos de concubinas.

Era filho de Amyipagûana Guayaná e de uma "tapuia" (nome genérico para aborígenes nômades) seus irmãos eram Tapiro, Piqueroby Ururaí-Pê (peixinho verde, no dialeto tupiniquim - 1480-1552), Cayuby Ururay-Pê da aldeia de Ibirapuera-Jeribatiba-Itaim (outra grafia é Caá-Uby) e Araraí Ururay-Pê, o irmão caçula (o sufixo [pê] é uma posposição tupi e tem a mesma função da preposição portuguesa [de] = [Pê] = "de Ururaí").
(16) Bartira ou Burtira ou Bortira [flor da árvore] do Tupi, segundo Rodolfo Garcia. Botyra ou Ybotyra [a flor] DLIV, 205. O y pronunciado fechado como o u francês, in J. F. de Almeida Prado - Os Primeiros Povoadores. Ela morreria já velha, de doença genital endêmica entre as nativas, de terrível mau-odor, assistida diariamente pelos padres com os quais rezava e comungava, sempre oferecendo os seus dízimos à obra de Deus!
(17) João Ramalho (ou Maldonado) era um evidente católico devoto de Santo André e aparentado da família portuguesa do jesuíta Padre Manoel de Paiva e pouco provável "cristão-novo", como tendenciam alguns. E com o nome daquele então muito popular mártir cristão, dedicou uma tosca capela (desde 1513, 40 anos antes da chegada dos jesuítas) no arraial depois elevado a vila com o mesmo nome: Santo André da Borda do Campo, em 1553, assim nomeando também o seu filho primogênito e primeiro mameluco do planalto piratiningano: ANDRÉ RAMALHO! (Três significativas homenagens ao mesmo santo mártir católico, o quê, diante de tanta liberdade selvática, seria estranhável, caso fosse judeu, que escolheria nomes como David, Moisés, Salomão, Levi, Arão). Há uma notícia que diz ter sido escudeiro da rainha, mas por ter cometido um crime, foi deportado ao Brasil, deixando  sua mulher prenhe, Catharina Fernandes das Vacas, ambos de Vouzella, Valgode, em Portugal.
*Alguns historiadores do passado titularam equivocadamente a Tibiriçá como "senhor de Inhapuambuçu", o que limitaria o seu senhorio à zona central da Vila de São Paulo. Mas era na realidade, senhor de todo o imenso campo de Piratininga, estendendo-se até as fraldas da Serra do Mar em Paranapiacaba e descendo ao litoral, até Bertioga: Tibiriçá de Piratininga!
**Terebê ou Maria da Grã: seu nome de batismo cristão foi tomado emprestado do 2º provincial jesuíta do Brasil, Padre Luís da Grã.
O Morubixaba vigilante encontra o Capitão Donatário: 2ª Aliança!
Tibiriçá estabelece em 1532 sua 2ª aliança eurobugre com o Capitão Donatário, Almirante e Vice-rei do Brasil, Dom Martim Afonso de Sousa*, cujo magnetismo pessoal e majestática indumentária muito o impressionou! A tal ponto de adotar o seu nome em seu batismo cristão: Martim Afonso Tibiriçá! (Nome original da hoje chamada "Rua São Bento", como já dissemos, placa injustamente escamoteada).
*Vide dois links com biografia e pedigree nobre e real deste fantástico conquistador das Índias, neste site.
Tibiriçá e os primeiros abnegados jesuítas de Manoel da Nóbrega: 3ª Aliança!
A Vila de São Paulo do Campo de Piratininga, com seu colégio e igreja, foi resultado da 3ª aliança eurobugre de Tibiriçá com os jesuítas e constituiu-se na primeira e maior plataforma bandeirante de exploração profunda da extensão continental brasileira, de Norte a Sul, Leste a Oeste! Foi o marco inicial do "Brazilian Far West", nosso "Texas caboclo", dois séculos mais antigo que o norte-americano! 

O historiador sorocabano Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro nos legou os importantes apontamentos do Diário de Navegação de Pero Lopes de Souza. 

A respeito daquela 1º experiência colonizadora ou 1º povoado* de Piratininga em 1532, anexa à aldeia indígena do mesmo nome, reportou Varnhagen texto do "Diário" de Pero Lopes de Souza em sua obra:  
"Repartiu o capitão mór (Martim Afonso, seu irmão) a gente nestas duas villas (S. Vicente e Piratininga) e fez nellas officiaes; e poz tudo em boa ordem de justiça (o que supõe uma câmara de vereança) do que a gente toda tomou muita consolação, com verem povoar villas, e ter leis e sacrifícios, celebrar matrimônios e viver em communicação das artes; e ser cada um senhor do seu; e investir as injúrias particulares; e ter todos outros bens da vida segura e conversável"...
..."Foi a aldêa de Piratininga que Martim Affonso escolheu para fundar a colônia ou villa sertaneja, cujo governo militar confiou a João Ramalho, com o pomposo titulo de guarda-mór do campo. Eis a origem europea da actual cidade de São Paulo"...
..."Tal era o estado florecente das duas colônias, quando Pero Lopes, por ordem de seu irmão (Martim Afonso) as deixou, fazendo-se de vela aos 12 de maio de 1532" 
 (In Historia Geral do Brazil tomo I - pg. 126-127 - 2ª Edição Laemmert RJ 1877 - com dedicatória ao nosso saudoso Imperador D. Pedro II, Pai Social do Brasil)


"A Confederação dos Tamoios"
A nova Vila de São Paulo foi atacada em 9, 10, 11 de Julho de 1562 pela conjuração de ferozes canibais xenófobos sublevados, tupiniquins, tupinambás, tamoyos, carijós, guarulhos, cainjgangues, aliados aos dissidentes guaianás liderados pelo morubixaba Araraí, irmão de Tibiriçá e seu sobrinho Jagoanharo ("cão bravo", filho do igualmente dissidente Piquerobi de Ururaí, irmão do Tibiriçá, então já falecido), morto pelo seu próprio tio (com uma espada de pau decorada nas cores da bandeira portuguesa), durante a batalha campal. Mas a cruel investida foi rechaçada pela valente Paulicéia que defendeu a cidade já então completamente murada e bravamente liderada na peleja pelo velho morubixaba convertido e seu genro João Ramalho, mestre-de-campo oficial daquela luta para conter a traiçoeira agressão genocida contra gente amiga da etnia branca européia! (Voltariam a atacar 30 anos depois,  em 1594)! 

Morte e Exéquias de Tibiriçá - Grande Consternação na Paulicéia
O nosso bom defensor Tibiriçá faleceria no Natal daquele mesmo ano, vítima da epidemia de "bexigas"* (febre varíola), causando grande consternação na vila pela sua morte. Foi pranteado em solenes exéquias pelos agradecidos e afeiçoados colonos paulistanos e missionários de então, durante uma semana inteira! Depois daquele diabólico e traiçoeiro conluio nativo, "se generalizaria de forma irreversível a guerra contra o mundo selvagem", segundo o excelente historiador, governador e ex-presidente Washington Luiz! (18) Nunca houve "genocídio indígena" como acusam os falsos historiadores desconstrucionistas gramcistas

Mas ao contrário, foi guerra justa em legítima defesa de uma minoria branca ameaçada de extermínio em terreno hostil e infestado de canibais gulosos e ávidos de devorar suas apetitosas carnes brancas, raro quitute para variar a sua monótona dieta doméstica, cansada da carne indígena dos seus vizinhos!!! (Dois padres da Cia. já citados, haviam sido mortos e devorados pelos canibais do litoral!).
(18) In Washington Luiz, Na Capitania  de S.Vicente - www.dominiopublico.gov.br.
*Outro autor, Américo de Moura, arrisca que teria sido amebíase intestinal (improvável, porque esta não manifesta bexigas aparentes nas faces).
*Tibiriçá é hexadecavô (16º) da nossa linhagem, pela linha direta da filha Bartira e Pentadecavô (15º) pelas filhas Beatriz Dias (direta) e Terebê (colateral), além de outras famílias tradicionais paulistanas.

4 -  A nova Vila de São Paulo de Piratininga ficaria ilhada por vários séculos
A vila sertaneja de São Paulo do Campo de Piratininga, por detrás da "Grande Muralha" (Serra do Mar), logo se veria isolada da portuária São Vicente, sem poder contar com o seu auxílio ou com recursos do comércio exterior, porquanto o acesso ao seu porto pela escarpada serra se fazia quase que impossível. Por ali não passava mula nem cavalo, a subida era na unha e a carga ia nos lombos dos índios! Sua modesta exportação não passava de uma pálida produção de marmelada, algum trigo, carnes e couros. Seu sal e açúcar eram importados de Portugal e S. Vicente. Aquele quase absoluto isolamento planáltico induziu a Pauliceia às alternativas exploratórias do sertão (caça e mineração, além do cultivo da terra), que iriam determinar as suas características mais marcantes: a extrema mobilidade assimilada dos índios e o forte sentimento nativista-independente herdado dos seus ancestrais ibéricos! (Os paulistanos (20) eram apelidados de "povo das montanhas" pela miopia luso- vicentina, que ignorava a existência de um magnífico e temperado planalto por detrás da alta e escarpada Serra do Mar - coisas de portuga!).

Foto da Grande Muralha e da Baixada Santista SP, feita por satélite. Note-se que Santos e São Vicente estão situadas numa mesma ilha; anteriormente chamada de Induá-Guaçú, alterada para S. Vicente por Martim Afonso. O Guarujá está situado na contígua Ilha de Guaimbê, depois renomeada Santo Amaro (donataría de Pero Lopes de Souza, irmão de Martim Afonso, falecido em naufrágio), ambas separadas do continente por um estreito braço-de-mar, confundido pelos antigos com um "rio"... de "S. Vicente", a exemplo do que também aconteceu com a Baía da Guanabara, confundida com um "rio"...  "de janeiro"!
(20) O termo [paulistano] refere-se exclusivamente aos naturais da cidade de São Paulo (capital) enquanto o genérico termo [paulista] abrange aos nascidos tanto no interior do Estado SP quanto da capital.


A República Paulistana independente sempre esteve legalmente embasada no foral real de donataria autônoma!
Desde o seu nascimento a Paulicéia se organizou numa [Res Publica] aristocrática, modelo grego antigo genuíno, governada pela sua natural e meritocrática liderança nativa, selecionada entre os seus [Pater-Família] e votada no Pelouro Público (urna) pelo [colégio eleitoral] composto de concidadãos reconhecidos ou [homens bons]. Estranhos, aventureiros e políticos de ocasião, como os execráveis larápios da nossa infeliz e vergonhosa "República Democrática"*(!?) - manipulada remotamente pela subversão ideológica internacional - estavam legalmente impedidos de participar daquele autêntico e autodeterminado   governo nacionalista -, exceto novas agregações devidamente credenciadas, que iam chegando da Europa.

IDEAIS TRAÍDOS!!! 
(Atritos entre a Paulicéia e os monarcas lusitanos inescrupulosos das eras seiscentista e setecentista).
Sua precoce independência muito iria incomodar os posteriores monarcas da infiel dinastia dos Bragança, por quem era injustamente pechada de "rebelde", quando na realidade apenas exercia o seu pleno direito de autonomia concedido pelo foral* real de tombo (trecho transcrito e sublinhado logo abaixo) concedido pelo generoso 15º Rei de Portugal D. João III, O Piedoso, da anterior e antiquíssima dinastia de Avis, fundada pelo grande 1º Rei D. Afonso Henriques de Portugal. A tenaz resistência da cidadela paulistana contra as traiçoeiras ingerências reais bragantinas e loco-tenentes vicentinas, sempre foi legal e aforada! São Paulo tinha foral de tombo assinado alguns meses antes - 06.10.1534 - do vicentino (²¹) em 20.01.1535 - porquanto D. Martim Afonso já fundara ali uma câmara municipal (²²) na precursora Villa de Piratininga em Outubro de 1532, como já vimos, muito antes da chegada dos jesuítas em 1553.

(²¹) In "História da Capitania de São Vicente" págs. 154-176, de Pedro Taques de Almeida Paes Leme, Ed. Melhoramentos.  
(²²) In "A Verdadeira História das Capitanias Hereditárias" Prof. José Baptista de Carvalho, S. Paulo 2008, pg.342-347 Ed. Multimapas

Ideais Traídos!!!
Trecho do foral de tombo autônomo da Capitania de São Vicente:
(*) ..."e por folgar de lhe fazer mercê do meu próprio motu"... "hei por bem e me praz que nas terras da dita capitania (de São Vicente e São Paulo) não entre nem possa entrar, em tempo algum, corregedor nem alçada, nem outras algumas justiças para nelas usarem de jurisdição alguma, por nenhuma via nem modo que seja, nem menos será o dito capitão Martim Afonso (²³) (sucessores e sesmeiros) suspenso da dita capitania e governança e jurisdição dela"...Rei D. João III, O Piedoso, da dinastia de Avis In História da Capitania de São Vicente - Pedro Taques - pg.164 - Ed. Melhoramentos SP. 
(*)Infelizmente, a posterior e infeliz dinastia dos Bragança não respeitaria os desígnios aforados deste magnânimo rei da dinastia de Aviz, perseguindo os seus súditos paulistas emancipados e roubando suas minas e territórios.
5 - A Civilização Paulista Cristã Livre -  Um projeto visionário de D. João III!
É mister que não se confunda a autônoma Capitania de S. Vicente e São Paulo com as demais capitanias brasileiras, meros assentamentos agrícolas e extrativistas de Portugal*. Ao contrário, foi concebida do coração divinamente inspirado do Rei D. João III, O Piedoso, Grão Mestre da Ordem de Cristo, para ser um novo Estado autônomo e irradiador da cultura greco-romana, numa nova civilização cristã livre, como reza claramente o seu generoso foral real de tombamento (²³).



Paulo Prado confirma:  "Essa independência  e isolamento foram os traços característicos do povo de São Paulo durante todo o desenrolar da História do Brasil. Enquanto o restante do país era apenas uma colônia atrelada ao mesmo ritmo da Metrópole, os Paulistas viviam com vida e ritmo próprios, onde a iniciativa privada desacatava abertamente ordens e instruções (usurpadoras) de além-mar, atendendo somente aos seus próprios interesses imediatos, na ânsia de liberdade e ambição de riquezas que os atraíam aos desertos selváticos sem leis e sem peias. A história do que se nomeou a "Expansão Geográfica do Brasil Colonial" (de Basílio de Magalhães) não é, em sua quase totalidade, senão o desenvolvimento fatal das peculiares qualidades étnicas do povo paulista".  
In Paulo Prado, Paulística pg 36 3ª edição José Olympio Editora Rio 1972.


A Paulicéia Fidalga - de Cá e de Lá!
E para garantir o sucesso dessa ambiciosa empreitada, era necessário ter o comportamento modelar regulador da sua gente de prol  -  noblesse obligue! Daí o voto real pelo seu íntimo amigo da infância, o fidalgo Dom Martim Afonso de Souza, quem por sua vez também elegeu os primeiros outros trinta e dois fidalgos cristãos da sua íntima companhia, na maioria secundogênitos deserdados pela Lei da Primogenitura ibérica, (Morgados e Mayorasgos) humilhados e ávidos de conquistar os seus próprios senhorios e resgatar a sua honra, que vieram capacitar o núcleo diretor (24) dos 400 pioneiros povoadores de São Vicente e São Paulo!



(23) Outro trecho do foral de donataria: "considerando... é ser a minha costa e terra do Brasil mais povoada do que até agora foi, assim para se n'ella haver de celebrar o culto e officios divinos, e se exaltar a nossa Santa Fé Catholica com trazer e provocar a ella os naturaes (índios) da dita terra infieis idolatras"...etc, etc.
(24) O Núcleo diretor era composto pelos 32 lideres de famílias de origem fidalga: Pero de Gois, Luís de Gois, Gabriel de Gois, Cipião de Gois, José Adorno, Francisco Adorno, Paulo Dias Adorno, Antônio Adorno, Rui Pinto, Francisco Pinto, Antônio Pinto, João Pires Cubas, Brás Cubas, Francisco Nunes Cubas, Antônio Cubas, Gonçalo Nunes Cubas, Jeronimo Leitão, Domingos Leitão, Diogo Rodrigues, Baltasar Borges, Antônio Leme, Pedro Leme, Brás Esteves ou Teves, Antônio de Oliveira, Antônio Monteiro, Cristovam de Aguiar Altero, Pero Colaço Rodrigues de Almeida, Antônio de Proença, Jorge Pires, Pero de Figueiredo, Jorge Ferreira. Depois vieram muitos outros, principalmente no início do século XVII, com a chegada dos espanhóis e outros europeus.
A Modesta "nobreza da terra", Sustentáculo da Igreja e da expansão territorial brasileira
Ora, não se poderia construir uma organizada e profícua sociedade, como já dissemos,  sem a liderança da gente nobre, pia e educada; extrato genético resultante do refinamento de séculos de civilização cristã ibérica, cujas reconhecidas e pias famílias já estavam previamente comprometidas com a sustentação da Santa Sé! A moral de uma nação forte tem a sua perene fonte na religião e na sustentação da sua elite, guardiã natural da cultura e da tradição; daí o fato de quase todas as grandes sociedades mundiais terem sido constituídas pelas suas diversas religiões apoiadas pelas sua nobrezas! A maior parte dos santos católicos é formada de reis, rainhas e nobres pios, como se pode confirmar em nossos links laterais! 

O Fidalgo, Capitão Donatário, Almirante e Vice-rei do Brasil e Índia Dom Martim Afonso de Sousa (veja nossos outros links com sua biografia e fantástica linhagem nobre e real).
Desterro paulistano: A Marcha Para o "Mato Grosso do Rio Jundiaí"
No ano de 1649, numa divergência contra um então abusado e reincidente capitão loco-tenente** vicentino, um grupo de famílias paulistanas assinou uma revoltada carta-denúncia encabeçada pelo Capitão Jerônimo de Camargo e dirigida à câmara municipal paulistana, com extensas queixas contra ele, ameaçando inclusive o fechamento do "Caminho do Mar", para impedir a comunicação e comércio com São Vicente, caso não fossem atendidas! Mas tiveram suas reivindicações desacatadas pela ríspida câmara do partido Pires (contrário àquela liderança política rival), acrescidas ainda de extrapolada acusação de "motim" e consequente pena de morte! Naqueles conturbados anos de chumbo seiscentistas, a guerra civil paulistana corria solta!
**Manoel Pereira Lobo: provável cristão-novo português e sem compromisso ético, foi provido em capitão-mór loco-tenente pelo distante donatário em Fevereiro de 1647. Cumpriu-se e tomou posse no 1º de Julho de 1648 até 1651. Persona non grata, deixou seu nome como maldição para todas as gerações paulistanas!
(Aviso: a presente obra está registrada no Escritório de Direitos Autorais da Fundação Arquivo Nacional de acordo com a Lei Federal 9610 de 19/02/1998 sob nº 708.762 L. 1370 fl. 124 e 709.697 L. 1372 Fl. 76 e quaisquer reprodução  ou republicação total ou parcial, sem o consentimento prévio do autor serão consideradas plágio. Entretanto, trechos reduzidos poderão ser transcritos com o devido crédito ao autor e a esta página na WEB.
A Vila "Fermosa" de Jundiaí era desaforada, porquanto foi "posseada"!

Jundiaí nunca teve foral de tombo*. Foi  apossada e fundada** - de fato consumado - naquele mesmo ano, pelo seu líder Capitão Jerônimo de Camargo (da primeira geração paulistana dos Camargo, que anos após fundaria também Atibaia), que arranchou no centro da atual Rua Barão de Jundiaí com cerca de duzentas pessoas, indicando a sua liderança através da 1ª assinatura da enfezada carta, além de capitanear aquela marcha. Enquanto isto, a Guerra Civil entre as facções paulistanas Pires X Camargo corria solta em São Paulo (1640-1663), com outros ramos da família Camargo (fugindo da contenda), debandando para Cotia SP,  cuja vila e capela refundariam pela liderança do Coronel Estevam Lopes de Camargo. Aquela era a cidade natal de sua avó, viúva do banqueiro Gonçalo Lopes, a milionária Catarina da Silva, patronesse da Ordem III de S. Francisco S. Paulo.

*Em carta transladada de 1767 por Marcelino Pereira Cleto, recentemente descoberta na Torre do Tombo e habilmente paleografada pelo nosso colega jundiaiense João Borin, foi celebrado um Auto de Criação da Vila de Jundiaí posterior à fundação de fato, em 14.12.1656 pelo Capitão Mor e Ouvidor da Capitânia de São Vicente, Miguel de Cabedo de Vasconcellos, a pedido e requerimento dos principais moradores e signatários da dita carta.
**Em Jundiaí se manteve por muitas décadas um café central frequentado pela elite cultural local, com o sintomático nome de A Paulicea. O tradicional estabelecimento não mais existe, para tristeza dos seus fiéis frequentadores, que mantinham ali um clube representativo, liderado pelo antigo diretor do Museu Municipal e culturólogo, o gentil e venerado Geraldo Tomanick.
A 1ª Câmara Municipal de São Paulo
(N.A.: Entre estes primeiros camaristas de São Paulo que assinaram a ata de 1556, após dois anos da sua fundação, ao menos três deles são nossos ascendentes: FRANCISCO FAREL, JOÃO RAMALHO E AFFONSO SARDINHA, o rico descobridor do ouro do Jaraguá, onde ficava uma de suas minas (a outra era Voturuna), em terras que não eram legalmente suas, pois não estão elencadas em seu inventário.
VEREADORES BANDEIRANTES – Fernão Dias e Raposo Tavares na pintura Colonizadores da cidade de São Paulo, de Clóvis Graciano, exposta na CMSP
"Um Saber de Salvação"
Independência, família, propriedade, fé, pátria, liberdade e prosperidade! Esta era e continua sendo a tônica que norteia os paulistanos autênticos e os caracteriza como gente única dentro do território brasileiro, de renome guerreiro internacional! Os acadêmicos da atualidade também concordam unanimemente que a cabeça filosófica da Paulicéia Colonial era "Um Saber de Salvação", ou seja, uma cristianíssima sociedade distribuída em pias confrarias: irmandades franciscana, carmelita, beneditina, etc!

A Necessidade de um Poder Real Moderador - A insubstituível Cabeça da Nação!

Resultado de imagem para conde de atouguia imagens
D. Jerônimo de Ataíde, Conde de Atouguia, governador-geral do Brasil, representante do poder real português, foi mediador do impasse entre os partidos paulistanos dos Pires e Camargos, ocorrido entre os anos de 1640 e 1660, que resultou na 1ª Guerra Civil do Brasil (a 2ª seria a Guerra dos Emboabas em Minas Gerais, em 1709).

Nos séculos subsequentes, a então dividida pauliceia republicana solicitou e incorporou o Poder Moderador Real preposto do governador-geral do Brasil na Bahia, Conde de Atouguia. Este arbitrou o seu grave impasse político-partidário da 1ª Guerra Civil Brasileira seiscentista entre os partidos Pires e Camargos, pela salomônica Portaria de 24 de Novembro de 1655*, deixando-nos o melhor exemplo do regime político a seguir: Poder Moderador com parlamentarismo livre! (Se é bom para os britânicos, por que não o seria também para nós, que já fomos país de 1º Mundo, o 4º maior Império mundial?). País que se preza tem Rei, Deus, Ética e Forças bem Armadas!
*Determinava que os votos dos pelouros para a eleição dos edis fossem organizados por três partidários dos Pires e outros tantos contrários e um neutral. Estes organizadores das chapas seriam "não os cabeças de bando mas sim homens dentre os mais zelosos e timoratos". A constituição das Câmaras Municipais se faria de modo que nelas sempre houvesse um juiz e um vereador de cada um dos partidos em luta + um vereador e  + um procurador do Conselho - neutros!
7 - A Paulicéia Hispânica
"Paulicea mia que te quiero hispana..."
Séculos XVI ao XVIII - Primitivo Paço Municipal da Villa de São Paulo do Campo de Piratininga em 1628 - Pintura de José Wasth Rodrigues no Museu do Ipiranga - baseada em antigo desenho apócrifo encontrado no Arquivo das Índias, em Sevilha, Espanha (provável autor também daquela vista geral da Vila de S. Paulo do nosso cabeçalho).
Tradições hispânicas na Paulicéia Seiscentista
Em meados do século XVII grande parte da Paulicéia já era de origem castelhana (imigrada entre 1580 e 1640, período do governo espanhol dos reis Felipes) e até mantinha uma arena de touros no então chamado Campo dos Curros (arena de touradas, posteriormente subvertido no vulgar "praça da república", após o odioso e traiçoeiro golpe da quartelada republicana de Deodoro). Vigia então uma dupla-nacionalidade luso-hispânica em São Paulo: As moedas espanholas "Real" e "Maravedi" corriam soltas e se falava espanhol tanto quanto o português, além  da língua geral nheengatu (ou tupi adaptado ao vocabulário português). Os nobres espanhóis do Paraguai já estavam aqui assentados havia muito tempo e se uniam em matrimônio às belas piratininganas de origem lusitana e mameluca. Aquela foi uma arejada Paulicéia seiscentista vicejando sob o sol das vanguardistas e justas Leis das Índias hispânicas, cujos avançados conceitos técnicos e humanitários (26) já orientavam as leis locais, havia décadas.
(26) Isto viria intensificar ainda mais o caráter independente paulistano, influência maior da raça "pasiega" cantábrica de Castela Velha, da mesma estirpe do seu herói maior, o Campeão D. Rodrigo de Bívar, El Cid Campeador, daquela aguerrida região setentrional que resistiu ao invasor muçulmano por seis séculos - gente muito braba!
O poeta Castro Alves, futuro estudante de Direito da urbe paulistana do Século XIX, nos brindaria com um poema apaixonado descrevendo a influência da antiga cultura espanhola seiscentista impressa em suas belas descendentes de mantilhas negras, emolduradas pela bucólica e enevoada paisagem invernal Piratiningana.
Paulistanas de Mantilhas Negras
Rosa de Espanha
"Tenho saudades... ai! De ti, São Paulo,
Rosa de Espanha no hibernal Friul,
Quando o estudante e a serenata acordam
As belas filhas do país do Sul.
Das várzeas longas, das manhãs brumosas,
Noites de névoas, ao rugitar do Sul".
 Castro Alves
"O sensível poeta Castro Alves pressentia a influência espanhola nos hábitos e temperamento dos habitantes “do país do Sul”. Sua geração caminhou pela Paulicéia sob mantilhas e capas espanholas, entre os Cristos ensanguentados das igrejas e as "corridas" de touros (touradas) que aconteciam no Largo (Campo) dos Curros, a futura e infeliz "Praça da República"... dos larápios! 

Nos primeiros tempos de Piratininga, reza a tradição, de “quien no es Bueno es malo”. No século XVI, duas esquadras trazem para São Vicente marcos civilizadores. A de D. Martim Afonso de Sousa e seus pioneiros portugueses embarcados no Tejo, e a de D. Diego Flores de Valdés, com os primeiros povoadores castelhanos. 


A bandeira, na disciplina e na organização, é portuguesa; e espanhola no toque desassombrado de conquista. Nela, o sebastianismo se transfigura em deslumbramentos do Eldorado. 


Sob o gibão de bandeirante refulge a couraça do "adelantado" hispano (Cavalaria). A tropa que ruma para o desconhecido é um arquipélago de destinos contraditórios irmanados no mesmo sonho de conquista. 


O paulista antigo é um Don Juan de horizontes, enamorado de causas impossíveis, das yaras que aguardam seus guerreiros no fundo de lagoas douradas. Na essência de cada mameluco há sempre a demanda de “algo de nuevo de se mirar”.


Nos albores piratininganos, a presença espanhola é uma constante. Bartolomeu Bueno da Ribeira é sevilhano, Jusepe de Camargo nasce em Castela, D. Simão de Toledo Piza dá ao filho o sobrenome Castelhano. Balthazar de Godoy chega no reinado de Felipe II, e os Martins Bonilha vêm com (a armada de) D. Diego Flores de Valdés. Os Saavedras são originários de Castela, D. Diogo de Lara é de Zamora, e Bernardo de Quadros, provedor e administrador das minas em 1599, procede de Sevilha. Enquanto Martim Rodrigues Tenório de Aguilar leva ao Paraupava a inquietação andalusa, D. Francisco de Lemos traz para São Paulo o brasão de Castela!**

A aclamação de Amador Bueno é tentativa de golpe de estado espanhol em terras do rei de Portugal. Seus signatários, inconformados com a ascensão da Casa de Bragança, ostentam origens espanholas. São os irmãos Rendón, da Ciudad de Coria, D. Francisco de Lemos, de Orense, Gabriel Ponce de Leon, da Ciudad Real de Guaira, Bartolomeu de Torales, da Vila Rica situada no Paraguai, de onde chegam também, André de Zuñiga, D. João de Espínola Gusmán e outros militares. Todos ocupando seus espaços em Piratininga, através de casamentos com as filhas de potentados da terra". (In Paulo Bomfim   RIHGSP Volume 96 São Paulo - 2004).

A Inquietante restauração da monarquia portuguesa e suas tumultuadas consequências na Paulicéia hispânica de 1640
Aqueles paulistanos hispanizados do Partido Camargo já vinham desde 1581 se submetendo de bom grado ao organizado governo espanhol. E naquele momento crítico da restauração da monarquia lusitana, eles se sentiam ameaçados de  retroagir às suas políticas lusas consideradas ultrapassadas e contrárias aos seus princípios já cristalizados. Daí a sua obstinação em reivindicar a antiga autonomia política garantida pelo foral real de donataria de D. João III, que lhes garantia plena autonomia e independência! Ficava ali patente, entretanto, a sua intenção de se confederar com Espanha, Paraguai e Prata, se desligando definitivamente de Portugal e São Vicente!

A Projetada (e fracassada) Independência de São Paulo
A independência paulistana setecentista talvez tivesse sido uma boa ideia, pois a partir da instalação da dinastia dos Bragança na figura do rei D. João IV (Duque de Bragança) em 1640 e seus sucessores, os paulistas foram sistematicamente roubados (27) de suas minas e territórios, culminando na própria extinção da capitania paulista em 1748, por um período de 17 anos, ficando humilhadamente sujeita ao governo do Rio de Janeiro até 1765, quando só então foi restaurada! Quanta tirania! Quanto cinismo! Todas essas trapaças foram executadas pelos agentes malandros do rei, com destaque para o execrável governador usurpador, ladrão e assassino Antonio da Silva Caldeira Pimentel. Todo o ouro e pedras preciosas duramente conquistados pelos bandeirantes paulistas iam cair nas mãos dos agiotas judeus da Inglaterra, em pagamento das vergonhosas dívidas contraídas pelos perdulários e amalucados reis bragantinos!
(27) Veja nosso link sobre O Anhanguera, Bartolomeu Bueno da Silva, e seu filho homônimo, Anhanguera II, fundador da 1ª povoação em 1727, Arraial de Santana, depois Vila Boa de Goiás.
Amador Bueno, O Aclamado "Rei de São Paulo" em 1º de Abril de 1641: Covardia ou prudência?
O Capitão Mor da Vila Amador Bueno é aclamado Rei de São Paulo, pelo povo, pelo ativismo político do espanhol D. Francisco de Lemos, associado aos genros espanhóis do capitão. Não queriam retroagir ao antigo governo português com suas leis consideradas ultrapassadas. Amador se refugiou no mosteiro de São Bento, e sob a proteção dos padres, que saíram de Cruz alçada, declinou da duvidosa honra, jurando fidelidade ao novo rei D. João IV de Portugal, o Duque de Bragança!
A Conspiração Hispânica Residente
Logo após a restauração do reinado português de 1640, houve um conluio em São Paulo protagonizado pelo líder espanhol Dom Francisco de Lemos (28). Ele e outros líderes hispânicos reuniram uma turba na porta do capitão mor Amador Bueno (seu sogro) aclamando-o "Rei de São Paulo" (29), mas ele repudiou tal ato e se refugiou no mosteiro de São Bento! De lá saíram os monges de cruz alçada, para apaziguar os ânimos! Amador sabia que não possuíam uma armada para se impor a Portugal! Talvez por este motivo tenha recusado sua aclamação aos gritos de "viva o rei D. João IV de Portugal", de espada em riste, pois previa que se a aceitasse, ela seria efêmera, caso a Espanha lhe negasse apoio militar... e talvez acabasse enforcado pelos portugueses! Aquele era um digno juiz e capitão mor: inteligente, sóbrio, ponderado, que não se deixou arrastar pelo calor efêmero e inconsequente de uma paixão transitória! Mas mesmo assim, fica a dúvida - prudente ou covarde? Solo Diós lo sabe!
(28) Ambos ancestrais do autor 
(29) Veja no link de Amador Bueno, a enorme conspiração estrangeira e sua sofisticada urdidura, por detrás da aclamação. Neste site.
Alguns dos apelidos espanhóis:
1-Aguirre, 2-Barros Fajardo, 3-Bueno, 4-Burgos, 5-Camargo, 6-Candia, 7-Caña, 8-Cañamares, 9-Casado, 10-Conqueiro, 11- Escudeiro, 12-Farel, 13-Godoy, 14-Gonçalvez Ordonho, 15- Lara Ordoñes, 16- Martins Bonilha, 17-Muñonez, 18-Muñoz, 19-Oñate, 20-Piña, 21-Quadros, 22-Requejo de Peralta, 23-Rodrigues Tenório, 24-Saavedra, 25-Sanches, 26-Vidal, 27-Zoro, 28-Ponce de León, 29-Contreras, 30-Torales, 31-Guzmán, 32-Zuñiga, 33-Rendon de Quebedo, 34-Luna, 35-Alarcon, 36-Cabeza de Vaca, 37-D. Francisco de Lemos, 38-Dom Simão de Toledo Piza Castellanos... mais tarde: Carassa, Murzillo, Prieto, Martínez, Panadés, Diaz, Azamora, Monzillo, Vélez, Lozano, Dordal, Puiggari, Figueiroa, Castelblanco, Bustamante, Spínola, Saiago, etc. Acrescentamos mais alguns da nossa linhagem: Cubas, Ortiz, Mendonça, Ponez, Cassão, Garcia, Castilho, Prado, Orens Palha, de Pinha, López, Trujillo, Palma, Palácios...

Alcaide Dom Alffonso García de Camargo, cavaleiro da Ordem de Santiago de Burgos, abandeirador da mais antiga fidalguia "Pasiega" da Cantábria, conterrânea de El Cid, de Bivar (cidade da mesma região burgalesa da Espanha). Arquétipo das futuras Bandeiras Paulistas, notadamente as Bandeiras de Batalha em defesa do território nacional.

8 - Nasce uma Raça de Gigantes
Entrelaçada aos sertanistas vicentinos mais intrépidos que ousaram transpor a temida muralha da Serra do Mar e aos aguerridos imigrantes espanhóis de Castela, mais um pingo do sangue Guaianá-tupi (o Sal-da-terra), a Paulicéia primordial se amalgamou na feliz composição da Raça de Gigantes (segundo o viajante e autor acadêmico francês, Auguste de Saint-Hilaire) (30) que iria conquistar e expandir o hinterland brasileiro pelos séculos vindouros, recuando drasticamente o asfixiante meridiano de Tordesilhas e redesenhando-o no atual Mapa do Brasil, expandido em 2/3 do seu tamanho original!!!
RAÇA DE GIGANTES - Esta Pátria Eu Fiz Grande!
Teria sido exagero de Saint Hilaire? Não! Somente autênticos gigantes de alma e espírito poderiam ter conquistado um território tão vasto! A força da fé numa nova civilização cristã os fazia agigantar suas forças, sendo eles apenas um punhado de bravos!
"Quando, por experiência própria, se sabe quanta fadiga, provações e perigos ainda hoje esperam o viajante que se aven­tura nestas regiões longínquas e depois se conhecem os pormenores das jorna­das intermináveis dos antigos paulistas, fica-se como estupefato e levado a crer que estes homens pertenciam a uma Raça de Gigantes!"
Auguste de Saint-Hilaire, 1820

(In História das Bandeiras Paulistas 1 - Afonso de Taunay)
Os Conquistadores e Formadores do Território Brasileiro
O Anhanguera I - Raça de Gigantes!

"Tinha a Astúcia de um Tigre e a Bravura de um Leão!"(In Baptista Cepellos Os Bandeirantes 1911)

Bartolomeu Bueno da Silva, O Anhanguera I, bandeirante paulista (12º avô do autor) descobridor em 1682 das minas de Goiás*. Magnífica escultura em mármore branco de Luís Brizollara, 1935 do Parque Trianon, na calçada da Avenida Paulista, defronte ao MASP. Foto do autor em 2015.


*Descoberta das Minas de Goiás e fundação da sua primeira cidade (Veja o link O Anhanguera Bartolomeu Bueno da Silva).
O Grande Incentivo Seiscentista às Bandeiras Mineradoras 
O elevado moral cristão paulistano era mantido  pelo núcleo diretor composto pelos fidalgos secundogênitos deserdados pela lei da primogenitura portuguesa, como já dissemos, aqui convertidos em capitães de Bandeiras conquistadoras de territórios e minas (a Bandeira seiscentista era originalmente uma instituição militar espanhola, daí seus líderes serem chamados de capitães e coronéis, que vieram aperfeiçoar as rústicas "Entradas" portuguesas quinhentistas - houve época em que cresceram ao ponto de se tornarem verdadeiras - cidades ambulantes!).

A partida dos bandeirantes de Clóvis Graciano, está no Salão Nobre da CMSP


A Revivescência da Cavalaria Medieval
Os bandeirantes paulistanos de então exteriorizavam um altaneiro comportamento de cavalaria medieval, muito bravos, ordenados, espiritualizados e hierarquizados, com valores e comportamentos próprios, senhores de "muitos arcos" (exércitos de parceiros indígenas bem treinados e não "escravos") e com essa personalidade auto determinada, foram expandindo territórios, fundando cidades, promulgando leis, implantando a Civilização Cristã! Nenhuma força invasora estrangeira (inglesa, francesa, castelhana e holandesa) pode vencer em batalha campal aquele original exército guerrilheiro eurobugre piratiningano!


O Monumento às Bandeiras Paulistas
Escultura em pedra do artista italiano radicado no Brasil, Vito Brecheret - Parque do Ibirapuera - São Paulo SP. Comemoração do IV Centenário de São Paulo, em 1954. (Tem sofrido pichações por parte de invasores mongóis induzidos pelos comunistas).

9 - O Arquétipo  Social da Nacionalidade
Em função dos fatores aqui expostos, a Paulicéia estabeleceu-se como gente independente e única, espelho arquetípico da nação brasileira, de renome guerreiro internacional. E isto fez com que fosse a um mesmo tempo, um povo respeitado, temido e admirado, mas também invejado pelas outras capitanias, odiados pelos invasores estrangeiros e afrontados pelos padres da Cia. de Jesus da era seiscentista, que se opunham à domesticação indígena, tão necessária à ordem social, civilização e progresso da terra selvagem. Era um comportamento hipócrita da parte deles, pois desfrutavam de igual mordomia, tendo muitos indígenas domesticados ao seu serviço (34). O mundo sempre terá uma classe operária, pois é a base da pirâmide social, cuja ordem natural e divina não deve ser subvertida, sob pena de se instalar o caos social - o quê, aliás, vinha acontecendo no recente governo populista, dirigido pela esquerdália sindicalista criminosa e pela ditadura esquerdista do "politicamente correto", marxismo cultural que impõe os cruéis ferros da censura de pensamento, opinião e expressão. Tudo debaixo de uma cínica e hipócrita fachada "democrática" - a mais detestável forma de ditadura já experimentada pelo mundo! (No dizer do atual filósofo e comunista Leandro Karnal, em comentário no Jornal da Cultura da TV Cultura SP).
(34) Veja texto mais amplo sobre o assunto,  no link Os Camargo Nobreza e Heráldica - ADENDA.
Atenção!
 Acadêmicos/Historiadores/Genealogistas/Jornalistas: Consulte-nos sobre como adquirir biblioteca digital histórico-genealógica BR com 3.000 volumes em PDF pesquisável -  ideal para autores de história e genealogia + detalhes no final da página, ou aqui, pelo email - promoção relâmpago R$1,20 p/volume!


10 - A Necessária Expulsão dos Jesuítas
Os jesuítas foram expulsos (35) em 1640 (embora fossem excelentes professores para os meninos paulistanos) por carta da Câmara Municipal SP, obedecendo a um abaixo-assinado unânime da Paulicéia e demais vilas adjacentes, com a presença do procurador de Santana de Parnaíba, despachada pelo então Juiz Ordinário Fernão de Camargo, "O Tigre", 1º signatário da carta. Eram acusados de tumultuar a colonização, interferindo na domesticação* da mão-de-obra indígena, de interesse nacional, que foi na realidade, "o Primeiro Grande Passo da Ordem Civil Brasileira", segundo Washington Luíz! (36) Isto,  numa terra selvagem e cruel, composta de ferozes manadas trogloditas canibais dispersas pelas matas, que se rivalizavam e matavam só para deglutir carne humana em pantagruélicos e macabros banquetes! Era um mundo primevo, desalmado e desumano! Cabeça vazia é oficina do diabo! A Produção era o maior princípio de civilização! Índio desocupado tinha de ser ensinado a trabalhar! A Marcha da Civilização se impunha, com muito trabalho, trabalho e mais trabalho! E isto não se faz com flores, mas se impõe com mão forte, disciplinada e determinada! Foi assim que se construíram as grandes civilizações históricas e aqui não poderia ser diferente!
*Erro fatal! Quiseram "democratizar" a sociedade (que já era livre),  dando à plebe indígena indolente, muito mal acostumada, o suposto "direito" de escolha "de não trabalhar"!!? Mas a civilização se fundamenta justamente na ordem e obediência ao  trabalho, dever de todo homem! Primeiro o dever, depois o lazer!
(35) Mas eles retornariam alguns anos depois.
(36) In Na Capitania de São Vicente, Washington Luiz.
11 - "Índios" ou trogloditas canibais?! 
O quinhentista alemão Hans Staden foi aprisionado em 1554 pelos Tamoios ou Tupinambás (do Sul carioca que se estendia até Bertioga, SP) e cevado para posterior deglutição. Este era o fantasioso "paraíso tropical"  preconizado pelos falsos ideologistas da esquerda: na realidade, para eles havia pouca expectativa de vida nas intermináveis guerras alimentares! (37) Era o Império da carnificina e da crueldade! A bandeira de Cristo precisava ser fincada naquelas plagas pagãs, sem moral e sem compaixão!
(37) (In Na Capitania de São Vicente - W. Luiz - edição do Senado Federal domíniopublico.gov.br).
Canibais hediondos, carniceiros inferiores aos próprios animais, os quais geralmente não comem os cadáveres dos seus semelhantes! Seu território bárbaro situava-se entre a Bahia e Rio de Janeiro (mas chegando até Bertioga SP. Ilustração In Eduardo Bueno "Náufragos, Traficantes e Degredados").
(38) Há um episódio documentado da Net sobre um grupo de lobos selvagens do Canadá, que encontrando um cadáver de outro lobo na neve, não o devoraram, mesmo sofrendo a mais rigorosa fome do inverno ártico, numa demonstração de profundo respeito à dignidade da espécie, sentimento este completamente desconhecido dos  trogloditas nômades brasileiros, inferiores aos próprios animais)!
A provável estirpe ancestral do presidenciário Inácio "da Silva" (ou, da selva), antropógafo cultural!!! 
(Este é o "paraíso" edílico da historiografia esquerdopata: inferiores aos próprios animais, que não devoram cadáver da sua mesma espécie!).
Trogloditas antropófagos, nômades que erravam em manadas pela mata como animais (temidos até pelos próprios índios mais civilizados)! Gravura de Debret (In Debret - Macaris e Pataxós - Voyage Pittoresque et Historique Au Brésil - 1834 - vol. 1, planche 10).
O Brasil nasceu sob a égide da Santa Cruz de Cristo, e por esta fé, Ele mesmo nos conservará... Terra de Santa Cruz!

Endireita, Brasil:  Volta ao Teu Descanso! Monarquia Estável Já!
Armas Imperiais do Brasil - simbolizando nossa soberania e autonomia, agasalhada pela Santa Cruz de Cristo, ao contrário das atuais e espúrias  armas da republica, demonizada pelo pentagrama luciferiano maçon e comunista!




Alan de Camargo  2018



ATENÇÃO!
PESQUISADORES, GENEALOGISTAS, HISTORIADORES, JORNALISTAS, ACADÊMICOS, INSTITUTOS OFICIAIS E ESCRITORES.
Dispomos de extensa biblioteca digital pesquisável de 3000 volumes, dividida em dois lotes, um de [Genealogia/Hist. de S. Paulo 1208 volumes = 2.089 arquivos = 45,3 Gb de dados!] e outro de [História do Brasil 1650 volumes = 50,7 Gb, total 96Gb de dados] de autores clássicos*, séculos XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, indexadas em banco de dados PDF com motor de busca - abre páginas em minutos!!! Rica fonte de subsídios histórico-biográficos  para autores!

*HISTÓRIA DO BRASIL: Armitage, Oscar Canstatt, Vanhagen, Frei Vicente do Salvador, Felisberto Caldeira, Gandavo, Albano Magalhães, Fernão Cardim, Antonil, Jaboatão, Francisco de P.ª Resende, Capristano de Abreu, Candido Costa, Frei Apolinario da Conceição, Gabriel Soares de Sousa, Sergio Buarque de Holanda, João Mendes, Pero Lopes de Souza, Afonso de Taunay, Carvalho Franco, Belmonte, J. F. Almeida Prado, Paulo Prado, Mello Nóbrega, Faustino da Fonseca, Praxedes Pacheco, Zeferino Candido, Melo e Moraes, Mario de Meroe, Debret, Barão R. Branco, S.A. Sisson, Gandavo, João Mel. Per.ª da Silva, Joaquim Mel. de Macedo, Felisbello Freire, Olavo Bilac, Américo Brasiliense, Luiz Gonçalves, Brandão, Eurico de Góes, Southey, Pero de Magalhães, Eduardo Prado, Mel. Ayres de Casal, Pedro Calmon, Simão de Vasconcellos, Oliveira Lima, Oliveira Vianna, Vasconcellos, João Cardoso de Menezes e Souza, Tshudi, Zaluar, Auguste Saint Hilaire, Luiz Marques Poliano, Azevedo Marques, Léry, Eduardo Bueno, L. Valentim, Salvador Henrique de Albuquerque, Pero Vaz de Caminha, Viriato Correia, João Ribeiro, Solano Constâncio, Galanti, Tancredo do Amaral, Affonso Ant.º, Hans Staden, Pedro Taques, Frei Gaspar da Madre de Deus, Washington Luiz, Gilberto Leite de Barros, Aracy Amaral, Calógeras, Silva Bruno, Diogo de Vasconcellos, Leonardo Arroyo, Paulo Setubal, Theodoro Sampaio, Anchieta, João de Escantimburgo, Americo de Moura, Ellis Jr., Bello, Silveira Lobo, Alencastro Autran, Pereira da Silva, Tito Livio Ferreira, Tito Franco de Almeida, Suetônio, Joaquim Nabuco, Tavares Bastos, Joaquim Floriano de Godoy, Marquês de Resende, Ramalho Ortigão, Antonio Paim, Ivo D'Evreux, Dalincourt, Corte Real, Conde Ficalho, Konrad Guenther, Langdorf, Carl de Sleider, Danil P. Kidder, Euclides da Cunha, Richard Burton, Alcântara Machado, Henry Codreau, Mariom McMurrough, Soveral, etc, etc, mais de 2500 autores nacionais e estrangeiros!!!
Ligue Vivo para maiores informações
11-96474-7773 Whatsapp ou
Oi 11-94661-2245
alandecamargo@outlook.com

 

BANDEIRAS DE BATALHA PAULISTAS!
https://bandpauli.blogspot.com.br




AtelierAlan Encadernações & Restauros
cid:image002.jpg@01D3713F.8B022BD0 cid:image006.jpg@01D3713F.8B022BD0cid:image008.jpg@01D3713F.8B022BD0 cid:image021.jpg@01D3713F.8B022BD0

Leia também nossos outros artigos:
A GENEALOGIA DAS NOSSAS AFLIÇÕES

(entenda como a família imperial se deixou dominar pelas dívida$$$ aos grandes agiotas internacionais das sociedades secretas, que invadiram economicamente nosso país através do seu regime-arapuca falsamente "democrático", usurpador, dominador e inimigo das tradições nacionais cristãs!).

OS ABUTRES DO IMPERIALISMO!
(entenda também como os banqueiros internacionais que dominam EUA e Inglaterra se espalharam pelo mundo escravizando, roubando, mentindo, matando em nome do "progresso" e da "liberdade" (liberdade deles, para roubar!). Aqui na América Latina, fomos desligados dos nossos antigos países europeus, para ficarmos reféns dos abutres e gringos adventícios, totalmente estranhos à nossa cultura e sentimentos!).