(No
final da página há um novo gráfico de descendência do Conde Henrique de
Borgonha, seu filho Rei D. Afonso Henriques fundador de Portugal até o
Donatário Martim Afonso de Sousa, e deste até o autor, pela linha
colateral).
(Aviso:
a presente obra está registrada no Escritório de Direitos Autorias
da Fundação Arquivo Nacional de acordo com a Lei Federal 9610 de
19/02/1998 e qualquer reprodução ou republicação sem o consentimento
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O Primeiro dos Sousas.
"Descendente
da ilustre Casa dos Sousas (Sousões), uma das cinco linhagens em que o Apenso
ao Livro Velho de Linhagens classificou a nobreza de Portugal, procedente dos
primeiros chefes guerreiros que se estabeleceram
nas terras recém-conquistadas aos Mouros, consideram alguns autores, como Fr.
Bernardo de Brito (Monarquia Lusitana Tomo I, livro VII, capitulo XVIII) que
D. Faião Soares foi o mais remoto antepassado que se conhece de Martim Afonso
de Sousa. Essa opinião não é aceita por
todos, haja visto o que diz o (linhagista) Conde D. Pedro no Livro Velho Titulo XXII, folhas I
e seguintes e o Apenso ao Livro Velho, folha 30, que considerando a Casa de
Sousa como a primeira pela sua antiguidade, julga ser a Soeiro Belfaguer, de
quem não faz referência quanto à sua
naturalidade e ascendência, o que, aliás o faz com quase todos os chefes de linhagem
e não a D. Faião Soares, a quem caberia esta prioridade".
Dr. Alexandre Guimarães dos Santos.
Dr. Alexandre Guimarães dos Santos.
I - D. FAIÃO SOARES
Antigo cavaleiro godo que viveu nas proximidades da cidade
do Porto, na comarca entre os rios Douro e Minho, onde, com o titulo de Conde,
amparou e governou os cristãos moçárabes, remanescentes dos Godos em Portugal.
Fundou e povoou o lugar denominado Arrisana de Sousa, situado mais ou menos a
cinco léguas da cidade do Porto e que então se chamava Porto Gaio, dada as
vizinhanças do Castelo de Gaia. Teve jurisdição sobre a cidade do Porto, terras
vizinhas e povoados menores, situados à margem do Rio Sousa. A ausência de documentos impede
determine-se com precisão a época em que floresceu D. Faião, que parece ter
vivido de 713 a 780 da Era Cristã, bem como o nome de sua mulher,
perdido na noite dos tempos. Sabe-se porém, que teve um filho: 1 - D. Soeiro Belfaguer, objeto do capitulo
seguinte.
II - D.
SOEIRO BELFAGUER
Conhecido também por Suero Belfaiar ou Belfaget e tido por
alguns autores como sendo cronologicamente o primeiro representante da Casa das
Sousas, com a qual se entroncam quase todos os Grandes de Portugal. Teve seu
primeiro solar em terras de Vila Real, entre os rios Tua e Tamega, que nas escrituras
antigas tinha o nome de Panojas, originário de uma cidade romana situada no Val
de Nogueiras. Parece ter exercido as mesmas funções de seu pai como Conde e governador
dos cristãos moçárabes. Segundo o Conde D. Pedro, teve como esposa D. Minaia ou
Moninha Ribera. Acredita-se que D. Minaia seja irmã de D. Gontinha de Ribera, esposa
do Conde de Monterroso, D. Romanes ou D. Alonso Romanes, filho do Conde D.
Mendo de Raufona. D. Soeiro Belfaguer ainda era vivo no ano 800 e de seu
casamento com D. Minaia teve um filho: 1 - D. Huso Soares Belfaguer, que segue.
III - D. HUSO SOARES BELFAGUER
Sucessor da Casa de seus pais e também conhecido pelos nomes
de Huso Soares Belfaiar, Belfager, Belfagar ou Belfaget. Em uma confirmação em
escritura do Rei Afonso, o Magno, a favor da igreja de Braga, datada de 873,
verifica-se que foi Rico-Homem, desse rei das Astúrias (866 a 919). Serviu ao
Rei D. Ordonho III, contemporâneo
de Carlos Magno, como esforçado Cavaleiro. Casou-se com D. Comêndola como
escreve Fr. Bernardo de Brito ou Omêndola segundo o linhagista Conde D. Pedro (impressão de Madrid) ou
ainda D. Elvira Nunes na opinião de Alonso Teles Menezes. Outros ainda
chamam-na D. Mêndola ou D. Menda, porém nenhum faz referências aos seus pais e
apelido. Desse matrimonio teve D. HUSO um filho: 1 - D. Huso Huses, que segue.
IV - D. HUSO HUSES
Em linguagem goda, Huso vem ser Ataulfo que alguns como Frei
De Los
Angeles julgam ser Adulfo, que o Breviário Beneditino dá
como sendo Anulfo. Sucessor de seu pai na chefia da Casa, também foi
conhecido pelos nomes de Hugo Husea e Auso Auses. Segundo o Breviário dos
Canônicos Regulamentares de Santa Cruz de Coimbra, foi Conde de Vieira e na opinião
de Brito, Conde e Senhor das terras de Vieira e Basto e de Vizeu, quando
reinava em Leão Afonso IV (924-927 DC).
Casou-se com D. Teresa Erez ou Eriz, que segundo o Padre Gandara
era
filha de D. Ero, Conde de Lugo, fidalgo em
cujas veias correu sangue real godo, Capitão General do rei D. Afonso III, o
"Magno" e Senhor de muitas terras na Galícia, e de sua
mulher Condessa D.
Adosinda.
Neta pelo lado materno, do Conde D. Alonso Romanes de Monterrozo e de sua mulher D. Gontinha de Ribera, Senhora do Castelo de Ribera.
Bisneta pelo Conde D. Alonso, do Conde D. Mendo Raufona, irmão de Desiderio o
ultimo rei Longobardo e descendente das godos e de sua mulher D. Joana Romaes
ou romanes.
Trineta por Joana Romaes de D. Roman de
Monterrozo, meio irmão de D. Afonso, "o Casto" rei das Astúrias (791-842 DC).
Tetraneta de Fruela ou Froila I, Rei das Astúrias (757 à 768), homem de caráter violento que
desbaratou os Árabes junto a Ponthumium e domou o Norte da Vascônia levantada contra ele.
Pentaneta de Afonso I, "o Católico", Rei das Astúrias (739
a 757 DC), que penetrou com mão armada pela Galiza até o Douro e por Leão e
Castela a Velha, e de sua mulher D. Ermesinda, irmã de Fafila, Rei das Astúrias
(737 a 768), ambos filhos de Pelagio que, segundo a tradição era parente de
Rodrigo, último dos reis visigodos (711 DC). A nacionalidade espanhola deve a Pelagio
a sua conservação, pois nas ásperas serranias das montanhas asturianas, com um
punhado de godos que não haviam aceitado o jugo muçulmano, numa terrível luta de
guerrilhas contra os invasores, sustentou o estandarte de uma guerra de
religião e independência que durou mais de sete séculos. A batalha de Cangas de
Onis ou Covadonga em 718, em que os infiéis ficaram desbaratados, foi o primeiro
elo de uma cadeia continua de combates que terminou nos fins do século XV com a
tomada de Granada pelos reis católicos Fernando e Isabel. Pelagio foi o fundador
da primeira monarquia cristã de Espanha, depois chamada de Oviedo e Leão, por
terem tido sucessivamente por capitais estas duas cidades.
Hexaneta de Pedro, Duque da Cantábria.
Septima neta de Recaredo, rei eletivo da Espanha (586 a 601 DC), que se converteu ao catolicismo em um concílio reunido em Toledo (589 DC), separando-se com a maior parte dos seus súditos do arianismo, conversão esta que deu estabilidade ao então periclitante reino visigodo, que se manteve até 711 DC.
Septima neta de Recaredo, rei eletivo da Espanha (586 a 601 DC), que se converteu ao catolicismo em um concílio reunido em Toledo (589 DC), separando-se com a maior parte dos seus súditos do arianismo, conversão esta que deu estabilidade ao então periclitante reino visigodo, que se manteve até 711 DC.
Octaneta de Leovigildo (567 a 586 DC),
que, pela derrota dos suevos, cântabros e bascos, unificou politicamente a
Espanha, e de sua mulher Teodósia, filha de Severino, governador de Cartagena.
Nonaneta de Flavio Recaredo. Os Condes
D. Huso Huses e D. Teresa Erez, tiveram três filhos:
1 - São Gervásio
2 - Santa Senhorinha de
Basto
3 - Conde D. Gonzoi, que
segue.
V - CONDE D. GONZOI
Sucessor dos Senhorios de seu pai e conhecido também por
Vizoi, Vizois, como se verifica em uma escritura do Mosteiro de Pombeiro, datada de 975 DC. Julgam
alguns que Gonzoi ou Goiçoi é corruptela
de Vizoi, como Guimarães de Vimarães.
O Conde D. Pedro denomina-o Gonzoi, o "Nado" e o autor da
"Historia de la mui ilustre Casa de Sousa”, comentando esta opinião, acha que
o sufixo "Nado" não passa de um erro de impressão na edição de Madrid e que o
certo seria "Nonado", porque assim se acha escrito em um nobiliário
antigo, cuja autoria é atribuída ao Marquês
de la Fuente, embaixador em França. Ali se diz que a alcunha "Nonado"
quer dizer "não nascido" e explica que tendo acidentalmente falecido a mãe de D.
Gonzoi, foi ele retirado com vida do seu ventre e aquecido com o calor natural de várias
rezes abertas vivas, até que se achou em condições de ser agasalhado e
alimentado. Outras divergências ainda existem quanto ao nome de D. Gonzoi, mas
todas elas parecem prender-se aos enganos dos vários copiadores. Com o título de
Duque, que vem a ser a mesma cousa que Capitão General ou Fronteiro-Mor,
confirma uma escritura datada de 987 DC. Uma outra escritura datada de 1126 DC,
atribui a D. Gonzoi o título de Conde, como confirma Manuel de Sousa Moreira.
Segundo o Conde D. Pedro, na impressão de Madrid, casou-se D. Gonzoi com D. Mona
ou Mena, ou então D. Maria ou D. Munia, como querem outros. Desse casamento
houve um só filho:
1 - Conde Nichi Goizoi,
que segue.
VI - CONDE NICHI
GOIZOI
A semelhança do que ocorre com os seus antepassados, vários
nomes são atribuídos a Nichi Goizoi, como sejam: Echigue Goiçoi, Nichiguiçoi, Nichi
Guisoi, Mitigui, Chitones e Chitoi. Manoel de Sousa Moreira chama-o Don Echigui
Goioi, o que está de acordo com o uso dos patronímicos, a vista de ser Echigaz
o apelido de seu filho e Gozoi o de seu pai. Sucedeu seu pai no Senhorio de Couto
de Novelas, Ornelas e Honra do Paço de Novelas. Sua trágica morte, epílogo das desinteligências
ocorridas com seu cunhado, o Conde D. Mem Suares de Novelas que se aproveitou
de sua situação como Adelantado de Portugal e invadiu sua casa de surpresa, apanhando-o
em companhia de seis Condes seus amigos e mandando vazar-lhe os olhos; é um quadro doloroso. Foi sepultado em
companhia de seus amigos no Mosteiro de São Pedro Atei. Casou-se duas vezes, a primeira
com D. Aragunta Soares, que foi: Filha do Conde
D. Soeiro de Novelas e de sua mulher D. Munia ou Mayor Dias. Neta pelo lado materno de D. Diogo Parcelas, Conde de Castela e povoador
da cidade de Burgos. Bisneta
de D. Rodrigo Fruelaz. Trineta de D. Fruela ou Froila, Duque
de Cantábria, irmão de Afonso I, o "Católico". Tetraneta de Pedro, Duque da Cantábria, cuja ascendência já
foi descrita no capitulo IV. Seu segundo casamento foi com D. Trodili, a
respeito da qual, poucas são as referencias conhecidas. Filhos, só teve um de sua primeira mulher, que se chamou 1 - D. Gomes Echigaz, que segue.
VII - D.
GOMES ECHIGAZ
Conhecido também pelos nomes de Gomes Echigiz, Gomes Eitazo, Echas, Egiraz e Egirar. Sucedeu seu pai em todos os
Senhorios. Foi Rico-Homem e pessoa de muita autoridade no reinado de Fernando I, o "Magno", Rei de Leão, Castela, Galiza e parte
de Portugal (1037 a 1067 DC) e governou com o titulo de Adelantado, o
Entre-Douro e o Minho. Arquivos de 1030 a 1072 e as escrituras de Pombeiro, fazem
referencias a sua pessoa. Esteve presente quando das Cortes de Guimarães (1049
a 1050 DC), como um dos Grandes de D. Fernando e D. Sancha. Em companhia de D.
Garcia, de quem era vassalo, tomou parte na batalha de Aguas de Maia, junto a
Coimbra, em 1071 DC. Senhor de Novelas, como fora seu pai, transmitiu esse
Senhorio ao seu filho Egas Gomes. Foi casado com D. Controde Moniz, cuja ascendência
é a seguinte:
Filha de D. Monio, Moninho ou Martins Fernando de Toro que era meio
irmão dos reis D. Sancho de Castela, D. Afonso de Leão e D. Garcia de Portugal
e das Infantas D. Urraca, Senhora de Zamora e D. Elvira, Senhora de Toro. Neta do rei D. Fernando, o "Magno",
de Castela e Leão (1035 a 1065), que recuperou Portugal até o Mondego e tornou
tributários os reis de Zaragoza, Toledo e Córdoba. Bisneta de D. Sancho III,
o "Grande", rei de Navarra, que reuniu Castela a seus
Estados e de sua mulher D. Elvira, Senhora de Castela, por ter falecido sem
sucessor seu irmão D. Garcia, quarto Conde de Castela, assassinado em Leão
pelos filhos do Conde Naxera. Trineta
de D. Sancho Garcia, terceiro Conde de Castela e de sua mulher D. Urraca. Tetraneta de D. Garcia Fernandes, segundo Conde de Castela e de
sua mulher D. Sancha Ona. Pentaneta do Conde Fernán Gonzales,
primeiro Conde de Castela e de sua segunda mulher D. Sancha, filha do rei de
Navarra D. Sancho Abarca e de
sua mulher D. Toda. Hexaneta de Gonzalo Nunes, segundo juiz
de Castela e de sua mulher D. Ximena Fernandes, esta filha de Nuno Fernandes; neta
de Ordoño I, Rei das Astúrias (850 a 866 DC); bisneta de Ramiro I, rei das Astúrias (842-850); trineta de Bermudo I, Rei das Astúrias
(789-791 DC) e de sua mulher D. Ninila, quarta neta de Aurélio, Rei das
Astúrias; pentaneta de Froila, Duque
da Cantábria e hexaneta de Pedro,
Duque da Cantabria; Séptima neta de
Nuno Rasura, um dos primeiros juízes de Castela e de sua mulher D. Teuda
Urraquez. Octaneta de Nuno Belchiades, Cavaleiro Tedesco (austríaco), natural
de Colônia e que, de passagem por Castela, de volta de uma romaria a Santiago de Compostela, ficou
ao serviço do Conde D. Diego Porcelos, na guerra contra os mouros, casando-se
então com Sula Bela, filha de D. Diego e de sua mulher D. Gustia Sulez. De seu
casamento com D. Controde, teve D. Gomes Echigaz, três filhos e duas filhas, que
foram:
1 - D. Paio Gomes
2 - D. Egas Gomes de Sousa, que
segue,
3 - D. Sancho ou Sanchila
Gomes.
4 - D. Trodoli.
5 - D. Flamula.
VIII - D.
EGAS GOMES DE SOUSA (O 1º do apelido Sousa). O primeiro a usar o apelido "Sousa", que se julga
provir da terra de Sousa, da qual foi um dos povoadores. Foi Senhor de Novelas
e governador da província de Entre Douro e Minho. Rico-Homem, confirmou os privilégios
de seu tempo e como Grande Cavaleiro de singular valor fez parte dos célebres
vinte e nove companheiros de Gonçalo Mendes da Maia, "o Lidador" (ou,
Lutador, Campeador). Tomou parte na batalha do Campo de Beja, na qual "o
Lidador" ferido de morte no encontro com Amoliamar, pediu-lhe assumisse o
comando, depois de sua morte, porque nele via todos os predicados para suceder-lhe,
o que fez com imponderáveis façanhas e incrível valor, completando assim a vitória
sobre os mouros. Por esse motivo adotou como armas quatro luas crescentes,
correspondentes as bandeiras que tomou ao inimigo. Supõe-se que D. Egas tenha
falecido em idade avançada, na cidade de Guimarães e que tenha sido sepultado
no convento de Pombeiro. Casou-se D. Egas com D. Chamoa Gomes que foi: Filha
de Gonçalo Trastamires da Maia e de sua mulher D. Mecia Rodrigues que foi filha
de Rodrigues Vermuis, neta de Vermue
Laines. Bisneta de Lain, o
"Calvo" e de sua mulher Teresa Nunes Bela, que foi filha de Nuno
Rasura, já citado no capitulo anterior. Neta
também de D. Trastamiro Albuazar, Rico-homem, Senhor da "Casa de
Maia" e de sua mulher D. Menda Gonçalez, irmã do Conde Fernán Gonçalez, Conde
soberano de Castela, celebrado na historia e na legenda, tendo ganhado quarenta
e duas batalhas campais contra os mouros e que faleceu em Burgos em 970 DC, com
avançada idade, ambos filhos de Gonçalo Nunes, a respeito do qual já foram feitas referencias no capitulo
anterior. Bisneta de D. Albuazar
Ramirez e de sua mulher D. Helena Godins, filha de D. Godinho das Astúrias.
Sobre a ascendência de D. Albuazar Ramirez, veja-se Revista do Instituto de
Estudos Genealogicos, n. 1, pg. 24. Trineta de Ramiro II de Leão e
de sua mulher D. Zaira, que depois de batizada passou a chamar-se D. Ortega. De
seu consorcio com D. Chamoa Gomes, teve D. Egas Gomes de Sousa os quatro filhos
seguintes:
1 - D. Mendo Viegas de
Sousa, que segue,
2 - Paio Nunes de Sousa, I
3 - Gomes Nunes de Sousa,
4 - Gomes Viegas de
Sousa.
Acredita-se ainda na existência de mais uma filha:
5 - D. Sancha Gomes.
IX - D. MENDO VIEGAS DE SOUSA
IX - D. MENDO VIEGAS DE SOUSA
Sucessor de seus pais no Senhorio da "Casa dos
Sousas" e Rico-homem. A primeira referencia ao seu respeito data de 1092, quando
governador das terras de Arouca. Governou a vila, castelo e terra de Santa
Cruz, entre os rios Tamega e Sousa. Casou-se com D. Teresa Fernandes, Senhora
de Oces, Eijo e outras terras perto de Marnel, filha de D. Fernando Gonçalves,
Senhor de Marnel e de sua mulher D. Urraca Gonzalez. D. Mendo
Viegas de Sousa e D. Teresa Fernandes tiveram os seguintes filhos:
1 - D. Gonçalo Mendes de Sousa, que segue,
2 - D. Suero Mendes de
Sousa, o "Gordo",
3 - D. Oroana Mendes de
Sousa,
4 - D. Chamôa Mendes de
Sousa,
5 - D. Maior ou Urraca
Mendes de Sousa.
Acredita-se na existência de um sexto filho que foi
6 - Conde D. Fernán
Mendes.
X - D. GONÇALO MENDES DE SOUSA
X - D. GONÇALO MENDES DE SOUSA
Rico-homem de Portugal, Vedor e Loco-tenente do Rei D.
Afonso Henriques, Senhor das terras de Sousa, Alcanhede, Castelo de Aguiar,
Pena e Mongues. Além dos títulos acima com que confirmou, usou mais os de
Curiae Dapiser,
Vicarius Regis e o autor da "Vida de Santa Senhorinha"
chama-o "Princepe". Dom Gonçalo de Sousa, O Bom, é como
se encontra seu nome no Livro Antigo de Linhagens e a escritura do Rei D.
Afonso Henriques denomina-o "o Bom". Companheiro de D. Afonso Henriques
nas guerras que moveu a seu primo D. Afonso VII de Castela (1136 a 1137 DC), recebeu
como premio dos seus serviços as terras pertencentes ao Conde Gomes Nunes
Pombeiro, simpatizante da causa do opositor D. Afonso VII. Tomou parte na
batalha do Campo de Ourique (1139 DC), onde treze mil portugueses desbarataram
o poderoso exercito de Ismario e dos quatro reis seus aliados, num total de
setecentos mil mouros e após a qual foi D. Afonso Henriques aclamado rei de
Portugal. Seu valor inspirava tanta confiança a D. Afonso Henriques que por
ocasião da tomada da margem do Mondego, ao fazer um reconhecimento preparatório
fez-se apenas acompanhar por quatro Cavaleiros, entre os quais se achava D. Gonçalo.
Acompanhou também o então Infante D. Sancho, quando este, em 1178 DC, com um exército
de doze mil homens, penetrou nas terras da Andaluzia, até chegar à vista de Sevilha, cidade onde a resistência
moura se achava melhor organizada. Na tomada de Triana, em que as aguas do Rio Gualdaquivir
ficaram tintas de sangue, salientou-se D. Gonçalo tomando algumas bandeiras que
depositou no Mosteiro de Pombeiro. D. Gonçalo casou-se três vezes, sendo a
primeira com D. Urraca Sanches, filha do Conde D. Henrique, um dos príncipes
estrangeiros que, com seu braço e sua espada veio auxiliar D. Afonso VI de Leão
e I de Castela, no ano de 1080 DC, na guerra contra os mouros. Tão valiosos
foram os seus serviços prestados, que o rei de Leão conferiu-lhe o título de
Conde, naquele tempo, mais valioso que o de Duque, nas Espanhas, bem como a mão
de sua filha que levou como dote a parte de Portugal que já estava conquistada e a
liberdade de ganhar tudo mais aos mouros da restante Lusitânia, até o reino do Algarve. D. Henrique, que nasceu em 1035 DC e faleceu aos setenta e sete
anos de idade, a 1 de novembro de 1112 DC, no cerco de Astorga, foi o verdadeiro fundador da nacionalidade
portuguesa.
Filho de Henrique de Borgonha e de sua mulher Sibila de Borgonha,
filha de Rinaldo I. Neto de Roberto, O Velho, 10º Duque de Borgonha em 1032 DC, por
cessão de seu irmão e
de sua mulher Hélia, (Alice) de Seimur, filha de Dalmas I, Senhor de Namur e de
sua mulher Aremberga de Vergí. Bisneto de Roberto II, O Piedoso, 8º Duque de Borgonha, rei de
França (996 DC) e de sua mulher Constance de Provence, filha de Guilherme I,
Conde de Provence. Trineto de Hugo Capeto, Rei de França (987 DC) e fundador da
dinastia Capetingia e de sua mulher Adelaide da Aquitânia, filha de Guilherme,
Duque de Guiena. Tetraneto de Hugo, O Grande, 5º Duque de Borgonha (938 DC), Conde de
Paris e de Orleans e de sua mulher Heedwige (Edite) da Saxônia, filha de Henri
I, “L’Oiseleur”, Rei da Germânia (919 DC). Pentaneto de Robert D’Angerin, Le Fort, Duque e depois Rei de França,
com o nome de Roberto I e de sua mulher Alaíde, filha de Luiz I, Rei de França,
neta de Carlos Magno e de sua mulher Hildegarda, bisneta de Pepino, O Breve e
de sua mulher Berta, filha de Caribert, Conde de Laon; trineta de Carlos
Martel, Tetraneta de Pepino de Heristal e de sua mulher Alpaida; Pentaneta
de Anseghise e de sua mulher Begga, esta filha de São Pepino de Landen e neta de
Cariomano; Hexaneta de Arnaldo, Duque da Austrásia e de sua mulher Blitilde que
foi filha de Crotário I, Rei de França e de sua mulher Santa Radegunda, esta neta de
Clovis I, Rei de França e de sua mulher Santa Clotilde, bisneta de Chilperico,
trineta de Meroveu, Tetraneta de Clódio, O Cabeludo e Pentaneta de
Faramundo, que a lenda diz provir de Príamo, Rei de Tróia. Hexaneto de Roberto, Conde de Matrie e de sua mulher Agave, filha de
Wichefredo, Conde de Beni. Septimoneto de Teodeberto, Conde de Matrie. Octaneto de Nebogoloi Conde de Matrie. Nonaneto de Childebrando Conde de Matrie. Decaneto de Pepino de Heristal cuja ascendência já vimos acima.
O conde D. Henrique (IV) foi casado com a Rainha (Princesa) D. Tereza (de Leão), filha
de Afonso VI, Rei de Castela e de sua mulher D. Ximena Muñoz. O Segundo
casamento de D. Gonçalo Mendes de Sousa foi com D. Dórdia Viegas. O seu
terceiro casamento realizou-se com Dona Sancha Álvares de Astúrias. Do 1º
matrimônio teve um único filho:
1- Conde D. Mendo Gonçales de Sousa, que segue;
Do segundo teve duas filhas:
2- Condessa D. Elvira de Faia
3- D. Teresa Gonçales de Sousa.
Do terceiro ignora-se se teve filhos legítimos, porém sabe-se da
existência de dois naturais, havidos de D. Goldana Goldari, dos quais descendem
os Alcoforados, que são:
4- D. Fernão Gonçales de Sousa e
5- D. Elvira Gonçales de Sousa.
XI - CONDE D. MENDO GONÇALES DE SOUSA
Sucessor do seu pai na Casa de Sousa e na
dignidade de Mordomo Mor, foi conhecido como o “Sousão”. O cronista Damião de Góis, em um
livro de linhagem existente no Arquivo da Torre do Tombo, diz que o Conde D.
Mendo foi o mais honrado e o maior senhor que existiu em Portugal, depois do
Rei D. Sancho e a prova evidente da alta consideração em que foi tido é o fato
de sempre ser o primeiro a assinar todas as confirmações, antepondo-se a
todos os Senhores e muitas vezes aos prelados.
Uma referência do Livro dos Aniversários de
Pombeiro diz que “foi o Conde D. Mendo tão grande nos haveres e nas lides, que
se avantajou aos melhores do seu tempo”. Foi Alferes Mor do Rei D. Sancho e
acompanhou-o ao assalto a Triana já referido no capítulo anterior. Foi
Fronteiro Mor governador das armas da cidade de Lisboa e Capitão General do Rei
D. Sancho. Quando com o auxílio de uma armada de cruzados saída dos portos do
Norte, com destino à palestina e que forçada por um rijo temporal veio
abrigar-se no Rio Tejo, intentou D. Sancho conquistar o Algarve (1188 DC)
tomando Silves, e quem comandou o campo português que seguia por terra, foi D.
Mendo Gonçales de Sousa, enquanto o rei ficava juntando o resto das forças e
dando expediente às demais necessidades da campanha.
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Viveu o Conde D. Mendo durante a maior parte dos
reinados de Afonso Henriques e Sancho I e dele temos notícias até o ano de 1191
DC, época em que se supõe, tenha falecido. Casou-se com D. Maria Rodrigues Beloso,
que foi: Filha do Conde D. Rodrigo
Beloso, Senhor da Cabrera e Rivera e de sua mulher D. Ambei, filha de Felipe I
de França, que reinou de 1060-1108 DC. Neta de D. Pedro Rodrigues
Beloso, que floresceu no tempo de Afonso VI. (Na opinião de Moreira). Bisneta de D. Rodrigo Beloso,
Senhor de Cabrera e Rivera. Trineta de D. Beloso e de sua
mulher D. Moninha Froias, que foi filha de D. Froiaz Bermui, neta do Conde D.
Bermui Froiaz, bisneta de D. Froiaz Mendes, trineta do Conde D. Mendo, Godo que
por mar veio de Roma, aportando na Galícia com o fim de se fazer rei e que se
casou com D. Juana Romanes, filha do Conde D. Roman, meio irmão do rei D.
Afonso, O Casto, cuja ascendência já foi vista em capítulo anterior. Tetraneta de D. Ramiro II de Leão
e de sua mulher D. Ermesenda. Do seu matrimônio com D. Maria Rodrigues Beloso,
teve D. Mendo Gonçales de Sousa os seis filhos seguintes:
1- D. Gonçalo Mendes de
Sousa
2- D. Rodrigo Mendes de
Sousa
3- D. Garcia Mendes de
Sousa, que segue,
4- D. Vasco Mendes
5- D. Guiomar Mendes de
Sousa
6- D. Urraca Mendes de
Sousa
XII – D. GARCIA MENDES DE SOUSA
D. Garcia Mendes de Sousa, embora não tenha sido
Senhor da Casa de Sousa, entra nesta cronologia por esta ter continuado em seus
netos por intermédio do seu filho o Conde D. Gonçales Garcia. Do seu matrimônio
c. D. Elvira Gonçales de Toroño, teve D. Garcia Mendes de Sousa cinco filhos
varões e uma mulher que foram:
1-
Conde D. Gonçalo Garcia
2-
D. Juan Garcia, O Pinto
3-
D. Mendo Garcia de Sousa, que segue,
4- D. Fernão Garcia de Sousa, O Esgaravaña
5-
D. Pedro Garcia de Sousa, O Abouja
6- Dona Maria Garcia.
O Livro Apenso lhe atribui ainda um sétimo
filho:
7- D. Sancho Garcia de
Sousa;
XIII – D. MENDO GARCIA DE SOUSA
Cavaleiro de grande
valor, que juntamente com seus irmãos tomou parte nas campanhas de Alentejo,
Andaluzia e Algarve, cooperando com a vitória
dos estandartes de D. Sancho II. Recebeu por este motivo o governo da Província
Trastamontana. Falecido antes do Conde Gonçalo Garcia, seu irmão mais velho,
que por morte de seu tio Gonçalo Mendes se encontrava de posse do Senhorio da
Casa de Sousa, não chegou a entrar de posse deste título, que coube aos seus
descendentes. Foi Senhor de Panojas, hoje Vila real, primeiro solar desta Casa
e da Vila de Aguiar de Pena e de todo o Conselho de Terra de Celorico, Basto e
da Quinta de Sobeira.
Rico-homem de Portugal,
confirmou todos os privilégios e escrituras do seu tempo. Parece que o seu
falecimento deu-se antes de 1257 DC, tendo alcançado, pois, parte do reinado de
Afonso III (1210-1279 DC). Foi casado com D. Teresa Añes de Lima, irmã de D.
Maria Añes, progenitora das Casas Reais de Castela e Portugal. Filha de D. João Fernandes de Lima, O
Bom e de sua mulher D. Maria Paes de Rivera; Neta de Fernando Arias Baticela, O Daño e de sua mulher D. Teresa
Bermunia, filha de Bermudo Perez de Trava; Trineta
do quarto Conde de Trastamara e de sua mulher D. Teresa, filha de Henrique de
Borgonha, cuja ascendência já foi vista no capítulo IX. Do seu casamento com D.
Teresa Añes de Lima, teve D. Mendo os cinco filhos seguintes:
1- D. Gonçalo Mendes de
Sousa,
2- D. João Mendes de Sousa,
3- D. Maria Mendes de
Sousa, que segue,
4- D. Constança Mendes de
Sousa,
5- D. Garcia Mendes de
Sousa.
XIV – D. Maria Mendes de Sousa
Esta quebra da linhagem varonil da ilustre Casa de Sousa,
que vinha durando quase setecentos anos ou doze gerações sem variação alguma,
deu-se devido à morte de D. Mendo Garcia de Sousa, que só deixou duas fêmeas
herdeiras, D. Constança Mendes de Sousa e a supra D. Maria Mendes de Sousa,
quem sucedeu na nobre linhagem. Desta titular descendem os Sousa “Chichorros” (pequeno, peixe nanico),
enquanto que os Sousas Dionísios descendem de D. Constança.
D. Maria se casou com D. Lorenzo Suares de
Valadares, rico-homem, Senhor de Tangil e Fronteiro Mor da Comarca de Entre-Douro e Minho. D. Lorenzo foi: FILHO
de D. Suero Paes de Valadares, e de sua mulher D. Estefânia Ponce de Baião. NETO de D. Paio Suares de Valadares,
rico-homem e Senhor de Tangil e de sua mulher D. Elvira Vasques de Soverosa,
que será tratada adiante; BISNETO de Suero Arias de Valadares, um dos vinte e nove
companheiros do "Lidador", como se vê do catálogo que deles fez o
Conde D. Pedro e copiou D.
Antônio Suares de Alarcon e de sua mulher D. Maior Peres Fornelos. A Casa dos
Marqueses de Valadares, da Galícia, procede de D. Suero Arias. TRINETO de Arias
Nunes e de sua mulher D. Examea Nuna, ambos da Galícia. Por D. Elvira Vasques
de Soveroga, foi D. Lorenzo Suares de Valadares: Bisneto de Vasco Fernandes de Soverosa, Senhor da Casa deste nome e
de sua mulher D. Teresa Gonçales de Sousa, filha de Gonçalo Mendes de Sousa, já
estudado no capítulo X e de sua segunda mulher D. Dorotéa Viegas. Trineto de Fernão Gomes, "o Mau",
Mordomo Mor e Rico-homem de Castela e de sua mulher D. Ximena Gomes de
Sandoval, filha dos Condes D. Diego Gonçales de Sandoval e de sua mulher D. Maria Gomes e neto do Conde D. Gomes
do Sobrado.
Por sua mãe, D. Estefânia Ponce de Baião, foi D. Suero Paes
de Valadares neto de Ponce Afonso de Baião e de sua mulher D. Maior Martinez da Silva.
Bisneto de D. Afonso Ermingues de Baião e de sua mulher D. Teresa Perez,
filha de Pedro Fernandes, "o Braganção", cuja ascendência pode ser vista
na Revista do Instituto de Estudos Genealógicos, ano 1, pág. 26. Trineto de Ermigo Viegas de Baião e sua
mulher D. Clara. Tetraneto de D.
Egas Gozendes e de sua mulher D. Useu Viegas, cuja ascendência se encontra às
págs. 20 do n.º 1, ano 1,
da Revista do Instituto de Estudos Genealógicos. Do seu casamento com D.
Lorenzo Suares de Valadares, teve D. Maria Mendes de Sousa um filho e duas
filhas:
1 - Aires Lorenzo,
2 - D. Guiomar Lorenzo de Valadares,
3 - D. Inês Lorenzo de Valadares e Sousa, que
segue.
XV - D. INÊS LORENZO DE VALADARES E SOUSA
D. Inês Lorenzo de Valadares e Sousa foi casada com Martim Afonso
Chichorro, assim chamado por ser de pequena estatura. De D. Martim Afonso
Chichorro, meio irmão do rei D. Diniz, "o Lavrador", e sexto Rei de
Portugal (1279-1325), por ser filho natural de Afonso III, "o Bolonhês",
nos dá noticia o autor da Monarquia Lusitana, com as seguintes palavras que vão
transcritas na íntegra, porque nos dão motivo de reflexão:
"Martim Affonso
Chichorro, filho del Rey, casou na família dos Sousas, e tem desendenza neste
Reyno, segundo refere o Conde D. Pedro. No que toca Moura*, que foi sua Mae, em uma
memoria manuscrita achei ser filha de Aloandro, um dos Alcaides de Faro, quando
el Rey ganhou esta cidade no ano de 1259 DC. Tinha esta filha dotada de grande fermosura, com que el Rey tomou amores.
Não ha nisto dificuldade, visto que lhe não podemos assegurar a certeza."
A explicação acima de nada adianta, pois
seu autor nos faz ver que não é verdade
o que quer que acreditemos; ora, afirmar
que não ha dúvida e dizer que não há certeza, é pura contradição uma vez que tudo quanto é certo, não pode ser duvidoso. O arrazoado acima, que foi emitido
pelo autor da “História de la muy
ilustre Casa de Sousa'', na qual se baseia a feitura deste modesto
trabalho, autor que alguns supõem ser Francisco Xavier
Garcia, outros Fr. Jerônimo de Sousa, que no século se chamou Jacinto de Sousa
Sequeira e que querem ainda outros seja parte das "Obras Nobiliárquicas de
Autores Anônimos", procura demonstrar que não se pode dar valor absoluto à afirmação acima.
[*A Moura Madragana Ben Aloandro, depois de
baptizada conhecida como Mor
(Mayoor) Afonso (Faro, Algarve, 1230 -?) foi amante do rei D. Afonso III de
Portugal depois de este ter dado por completa a Reconquista do
território que forma Portugal tomando a cidade de Faro em 1249. A
cidade de Faro fazia parte do Reino Muçulmano do Algarve (Gharb al-Ândalus) e
era pai de Madragana Aloandro Ben Bakr, que era alcaide (Cádi, ????) e
governador militar do Castelo de Faro. Por
via das relações de Madragana com o rei Afonso III de Portugal, de quem teve
cinco filhos resultou uma numerosa família que se tornou antecessora de quase
todas as famílias reais e aristocráticas da Europa. Depois
de a paixão do rei desaparecer Madragana foi casada com Fernão Rei, de quem
teve uma filha devidamente documentada e chamada Sancha Fernandes. Pelas
relações com o rei Afonso III de Portugal, rei católico e por ter filhos com
este, foi baptizada tendo na altura recebido um novo nome, desta feita cristão,
passado assim a chamar-se Maior Afonso, ou Mor Afonso (sendo que o termo Mor
era uma abreviatura de Maior, nome bastante comum entre as mulheres do Portugal
medieval). O nome Afonso foi-lhe atribuído e significa "A filha de
Afonso", o que segundo alguns historiadores pudera querer dizer que depois
de amante real D. Afonso III foi seu padrinho de baptismo, transformando-a
assim numa filha espiritual. Existe
alguma controvérsia sobre o facto de ele ser de origem moura, pois existem
historiadores que afirmam o contrário, Duarte Nunes de Leão, cronista real do
Reino de Portugal durante o século XVI, assegura que Madragana era de origem
muçulmana. Este facto no entanto é negado no século XVIII por António Caetano
de Sousa, na sua obra História Genealógica da Casa Real Portuguesa. Deve no
entanto ser dito que António Caetano estava a ser pago pelo rei D. João V de
Portugal para escrever a referida história genealógica da casa real portuguesa
pelo que esta informação, por ser pouco conveniente pode ter sido omitida,
pondo assim a família Sousa a descender de Mor Afonso, que pertencia à linhagem
real e se encontrava ligada a às famílias aristocráticas mais importantes da
corte. Foi
filha de Aloandro Ben Bakr ou Aloandro Ben Bekar ou Ben Bakr, vulgarmente
conhecido como Aloandro ou Aldroando Gil depois de se proceder ao seu baptismo.
Aloandro e Bekar são as únicas formas portuguesas conhecida do seu nome no
árabe original. Segundo os dados existentes foi um muladi dos Banu Harun. Madragana
é chamada nas antigas crónicas de Mourana ou Mourana Gil. Madragana
foi com o rei D. Afonso III de Portugal mãe de Martim Afonso Chichorro.]
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De
Martim Afonso Chichorro têm-se notícias em vários documentos datados de
1274-1299 e sabe-se que ocupava o quarto lugar no Catálogo dos
Ricos-homens do Rei D. Diniz, sendo os outros três primeiros ocupados
pelo Infante D. Afonso, irmão do rei, o Conde D. Gonçalo Garcia de
Sousa, cunhado do rei e D. Nuno Martinez Chassim, Mordomo-Mor. Quanto ao
seu falecimento, parece que ocorreu no ano de 1300. Por seu pai D.
Afonso III, quinto rei de Portugal (1245-1279), que se acha sepultado na
igreja de Alcobaça, Martim Afonso Chichorro foi: Neto de Afonso II, "o
Gordo", terceiro Rei de Portugal (1185-1223) que jaz na igreja de Santa
Cruz de Coimbra e de sua mulher D. Urraca de Castela, filha de Afonso
VII, Rei de Castela. Bisneto de Sancho I, "o Povoador", segundo Rei de
Portugal, nascido em 1154 e falecido em 1211, tendo subido ao trono em
1185, sepultado na igreja de Santa Cruz, em Coimbra e de sua mulher D.
Dulce de Aragão, filha de D. Ramon Berenger, Conde de Barcelona e de D.
Petronilha, Rainha de Aragão. Trineto de D. Afonso Henriques, "o
Conquistador", primeiro Rei de Portugal (1128-1185), nascido em
Guimarães em 1109 e de sua mulher D. Mafalda de Saboia, filha de Amadeu
III, Conde de Saboia. Tetraneto de Henrique de Borgonha, cuja
ascendência já foi vista no capítulo X. Teve D. Inês Lorenzo de
Valadares e Sousa, de seu marido Martim Afonso Chichorro, dois filhos:
1 - D. Martim Afonso de Sousa Chichorro, que segue
2 - D.a Maria Afonso de Sousa Chichorro.
XVI - MARTIM
AFONSO DE SOUSA CHICHORRO II
O Segundo deste nome e conhecido como "o Jovial
Cavaleiro", Rico-homem, Senhor de Lalin, Eixo, Daens, Amarante e muitas
outras terras de Portugal. Seu nome encontra-se entre os Grandes do Conselho do
sexto rei de Portugal, D. Diniz (1279-1235). Alguns autores afirmam que Martim
Afonso de Sousa Chichorro foi casado, porém ignora-se o nome de sua mulher, bem
como o de seu filho, falecido em menor idade. Teve, porém, de D. Aldonça Añes
de Briteiros, vários filhos. D.
Aldonça, de quem procedem todos os
Sousas Chichorros, foi filha de D. João Rodrigues de Briteiros, Rico-homem e de
sua mulher D. Guiomar Gil Soverosa. Por seu pai D. João Rodrigues Briteiros,
foi D. Aldonça: Neta de D. Rodrigo
Gomes Briteiros, Rico-homem dos reis D. Sancho II e de D. Afonso III de
Portugal, Mordomo-Mor e Valido, e de sua mulher
D. Elvira Afies da Maia e Sousa. Bisneta
de D. Gomes Mendes de Briteiros, Rico-homem e de sua mulher D. Urraca Gomes da
Silva. Trineta de D. Mem Paes de
Longos e de sua mulher D. Maria Gomes da Casa dos Gideões. Tetraneta de Pedro de Longos e de sua mulher, cujo nome ignora-se.
Por sua avó, D. Elvira Afies da Maia e Sousa, foi D. Aldonça Añes de Briteiros; Bisneta
de D. João Perez da Maia, Rico-homem e Alferes-Mor de Portugal e descendente da
Casa de Leão e de sua mulher D. Guiomar Mendes de Sousa. Trineta de Paio Soares da Maia, cognominado "O Zapata", um
dos vinte e nove companheiros de seu tio, o grande D. Gonçalo Mendes da Maia,
"o Lidador" (Campeador) e de sua mulher D. Elvira Viegas, filha do honrado D.
Egas Moniz, que foi chamado de Riba-Douro, Rico-homem, cuja ascendência
encontra-se na Revista do Instituto Heráldico Genealógico, n.º 7, pág. 6, e de sua segunda mulher D. Teresa
Afonso, neta de D. Afonso das Astúrias. Tetraneta
de D. Soeiro Mendes da Maia, "o Bom", cuja ascendência se encontra
na Revista do Instituto Genealógico, ano 1, n.º 1, pág. 22. Por sua mãe D.
Guiomar Gil de Soverosa foi D. Aldonça Añes de Briteiros neta de D. Gil Vasques
de Soverosa, Rico-homem e de sua mulher D. Aldonça Añes da Maia, filha de João
Martinez da Maia e de sua mulher D. Teresa Perez de Bragança. Por sua bisavó,
D. Guiomar Mendes de Sousa foi D. Aldonça Añes de Briteiros: Trineta do Conde
D. Mendo Gonzales de Sousa e de sua mulher D. Maria Rodrigues Veloso, já
estudados no capítulo X. De D. Aldonça Añes Briteiros, teve Martim Afonso de
Sousa Chichorro os seguintes filhos:
1 - Martim Afonso de Sousa, que segue.
2 - Vasco Martinez de Sousa.
XVII - MARTIM
AFONSO DE SOUSA
Terceiro deste nome, Rico-homem de Portugal, Fronteiro-Mor
do Algarve e segundo Senhor de Mortanha, por ter sucedido a seu
irmão Vasco Martinez de Sousa, famoso
Cavaleiro no tempo do Rei D. João I, "de Boa Memória” (1383-1433), achou-se com este na batalha de Aljubarrota (1385) e tomada de Ceuta (1415)
e com ele vários de seus filhos. Em outros combates que das guerras daqueles tempos, teve oportunidade
de mostrar-se capitão valoroso. Na reunião das Cortes, ocorrida em Coimbra, em
1385, foi um dos primeiros a sobrepor a sua assinatura nos documentos firmados. Casou-se duas vezes e de ambos os matrimônios
teve ilustre e numerosa
sucessão. Sua primeira esposa foi D. Maria Gonzales de Briteiros, da qual era primo irmão. Desse
matrimônio teve os seguintes filhos:
1 - Gonçalo Añes
de Sousa.
2 – D. Briolanja de Sousa
3 – D. Inês de Sousa.
4 – D. Catalina de Sousa.
A segunda vez casou-se Martim Afonso de Sousa com D. Estefânia Garcia, cuja ascendência se desconhece e desse
matrimonio houve um filho:
5- Afonso Vasques de Sousa, O Cavaleiro.
Além destes filhos, o bisneto de Afonso III de Portugal teve
vários outros, fora do matrimônio, porém, as opiniões são contraditórias,
quanto ao número deles e nomes das mães. Entretanto, desses filhos naturais, um
nos interessa de perto e deste, a mãe é conhecida, trata-se de:
6- Martim Afonso de Sousa, que segue. Filho de D. Aldonça Rodrigues de Saá, irmã de D. Juan Ruiz Saá, cognominado “O das Galeras”, Senhor de Sovel, Camareiro Mor do rei D. João I e Alcaide do Porto. Neto de Rodrigo Añes de Saá, Senhor da Quinta de Saá, Embaixador em Roma e de sua mulher D. Júlia ou Cecília Colona. Bisneto de João Afonso de Saá, Senhor da Quinta de Saá, solar desta família no tempo de Rei Afonso IV, O Bravo, sétimo rei de Portugal (1291-1357 DC) e de sua mulher D. Maria Martinez de Berredo. Trineto de Paio de Saá e de sua mulher D. Teresa Martinez de Berredo, irmã de Lourenço Mendes de Berredo, ambos filhos de Martim Mendes de Berredo, segundo Lavanhã. Alguns nobiliários citam ainda o nome de um outro filho natural:
6- Martim Afonso de Sousa, que segue. Filho de D. Aldonça Rodrigues de Saá, irmã de D. Juan Ruiz Saá, cognominado “O das Galeras”, Senhor de Sovel, Camareiro Mor do rei D. João I e Alcaide do Porto. Neto de Rodrigo Añes de Saá, Senhor da Quinta de Saá, Embaixador em Roma e de sua mulher D. Júlia ou Cecília Colona. Bisneto de João Afonso de Saá, Senhor da Quinta de Saá, solar desta família no tempo de Rei Afonso IV, O Bravo, sétimo rei de Portugal (1291-1357 DC) e de sua mulher D. Maria Martinez de Berredo. Trineto de Paio de Saá e de sua mulher D. Teresa Martinez de Berredo, irmã de Lourenço Mendes de Berredo, ambos filhos de Martim Mendes de Berredo, segundo Lavanhã. Alguns nobiliários citam ainda o nome de um outro filho natural:
7-
Pedro de Sousa.
XVIII – MARTIM AFONSO
DE SOUSA
Quarto deste nome e Senhor de Gouveia. Foi casado com D.
Violante Lopes de Távora, filha mais velha de Pedro Lourenço de Távora, Senhor
de Morgadouro e Mirandela, Alcaide-mor de Miranda do Douro, Resposteiro-Mor do
Rei D. João I, "De Boa
Memória" (1357-1433) e de sua mulher D. Beatriz Añes de Alvergaria,
filha de João Esteves de Azambuja, Alcaide-Mor de Lisboa, Privado do Rei D. Pedro
I, "o Justiceiro" (1320-1367) e Vedor de sua fazenda.
Desse matrimônio, Martim Afonso de Sousa teve os seguintes filhos:
1 - Fernão de Sousa.
2 - Pedro
de Sousa Seabra, que segue.
3 - Rui de Sousa.
4 - Vasco
Martinez de Sousa Chichorro.
5 - João
de Sousa
6 - Beatriz
de Sousa.
XIX - PEDRO
DE SOUSA SEABRA
Servidor da Casa de Bragança e Senhor da Terra de Prado foi Alcaide-Mór
de Sanabria, em Castela. Casou-se com Maria Pinheira, filha de D. Pedro Esteves
Cogomiño, Ouvidor do Duque de Bragança e de sua mulher Isabel Pinheira,
fundadores da capela de N. S. de Guimarães, onde foram sepultados. Desse
matrimônio, Pedro de Sousa Seabra, teve os seguintes filhos:
1 - D. Violante de Távora.
2 – D. Isabel de Sousa.
3 - D. Inês de Sousa.
4 - Lopo de Sousa, que
segue.
5- Gonçalo de Sousa.
6- Pedro de Sousa.
7 Sebastião de Sousa
8 João de
Sousa.
XX - LOPO DE SOUSA
Senhor da Vila e Terra do Prado, de Paiva e de Baltar, do
Conselho do Rei D. Manuel e Aio do Quarto Duque de Bragança D. Jaime, que mais tarde o fez Alcaide-mor de Bragança e do Castelo de
Outeiro. Foi capitão valoroso nas armadas da Índia, como afirma o cronista João de Barros,
em diversas partes de suas "Decadas". Casou-se com D. Brites de
Albuquerque que foi: Filha de João Rodrigues de Saá, Alcaide-mor e Vedor da Fazenda do Porto
e de sua terceira mulher D. Joana de Albuquerque "a Bisaguda", cujo pai foi mestre de sala de el rei Afonso V. Neta
de Fernão de Sá, Senhor de Sever, Paiva, Baltar, Bouças, Matosinhos e demais
Casas de seu pai, Alcaide-mor e Vedor da Fazenda do Porto e Fronteira-Mor de
Entre-Douro e Minho. De
seu matrimônio com D. Brites de
Albuquerque, teve Lopo de Sousa os seguintes filhos:
1 - Pero Lopes de Sousa.
2 - João Rodrigues de
Sousa.
3 - Martim Afonso de
Sousa V, que segue.
4 - D. Catalina de Sousa.
5 - D. Isabel de
Albuquerque.
XXI - MARTIM
AFONSO DE SOUSA V
"Este
será Martinho, que de Marte
O nome
tem co'as obras derivado;
Tanto em
armas ilustres em toda parte,
Quanto em
conselho sábio, e bem cuidado."
Lusíadas - Canto X - Estancia 67.
São Vicente, o primeiro povoado a receber o status de vila. Marcou o início da colonização. Na imagem, reprodução da tela Fundação de São Vicente, de Benedito Calixto.
(continua mais abaixo)
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Resende, Capristano de Abreu, Candido Costa, Frei Apolinario da
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Belmonte, J. F. Almeida Prado, Paulo Prado, Mello Nóbrega, Faustino da
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Meroe, Debret, Barão R. Branco, S.A. Sisson, Gandavo, João Mel. Per.ª da
Silva, Joaquim Mel. de Macedo, Felisbello Freire, Olavo Bilac, Américo
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Magalhães, Eduardo Prado, Mel. Ayres de Casal, Pedro Calmon, Simão de
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de Menezes e Souza, Tshudi, Zaluar, Auguste Saint Hilaire, Luiz Marques
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(continuação)
Martim Afonso de Souza V
Quinto deste nome e o principal personagem deste trabalho, nasceu segundo se conclui de sua autobiografia, no ano de 1500, em Vila Viçosa. Muito moço ainda esteve com seu pai ao serviço do Duque de Bragança. Já nessa fase da vida demonstrou muito brio e opinião por ocasião da despedida do fidalgo Castelhano, Capitão Gonçalo Fernandes de Cordoua (Córdova?), que hóspede de seu pai, o tivera como companheiro em algumas jornadas e que no momento de despedir se quis deixar-lhe, como prova de seu reconhecimento, um rico colar de ouro e pedras preciosas, mas o jovem Martim Afonso se afastou, demonstrando repugnância em aceita-lo. Este ato foi compreendido pelo espírito arguto do grande capitão, que percebeu tratar-se de amor próprio e então lhe disse: "Ora senhor bem vos entendo, deveis de querer armas", e tirando a preciosa espada que a seu lado pendia, lhe deu, causando-lhe assim grande satisfação, tanto que a trouxe sempre consigo. Falecido seu pai, ofereceu-lhe o Duque D. Jaime a Alcaidaria-Mor de Bragança, que recusou, passando então ao serviço como pagem do Infante D. João, filho de D. Manoel, esperançoso de um futuro mais promissor. "O Duque pode fazer-me Alcaide-mor e el Rey pode fazer-me Duque". Nesse serviço obteve a estima incondicional do Infante, apesar de ter somente dezessete anos, e o que era de se esperar, a inveja dos conselheiros do rei, que anteviam nele um futuro embaraço às suas ambições, dada a ascendência que ia adquirindo sobre o futuro rei.
Quinto deste nome e o principal personagem deste trabalho, nasceu segundo se conclui de sua autobiografia, no ano de 1500, em Vila Viçosa. Muito moço ainda esteve com seu pai ao serviço do Duque de Bragança. Já nessa fase da vida demonstrou muito brio e opinião por ocasião da despedida do fidalgo Castelhano, Capitão Gonçalo Fernandes de Cordoua (Córdova?), que hóspede de seu pai, o tivera como companheiro em algumas jornadas e que no momento de despedir se quis deixar-lhe, como prova de seu reconhecimento, um rico colar de ouro e pedras preciosas, mas o jovem Martim Afonso se afastou, demonstrando repugnância em aceita-lo. Este ato foi compreendido pelo espírito arguto do grande capitão, que percebeu tratar-se de amor próprio e então lhe disse: "Ora senhor bem vos entendo, deveis de querer armas", e tirando a preciosa espada que a seu lado pendia, lhe deu, causando-lhe assim grande satisfação, tanto que a trouxe sempre consigo. Falecido seu pai, ofereceu-lhe o Duque D. Jaime a Alcaidaria-Mor de Bragança, que recusou, passando então ao serviço como pagem do Infante D. João, filho de D. Manoel, esperançoso de um futuro mais promissor. "O Duque pode fazer-me Alcaide-mor e el Rey pode fazer-me Duque". Nesse serviço obteve a estima incondicional do Infante, apesar de ter somente dezessete anos, e o que era de se esperar, a inveja dos conselheiros do rei, que anteviam nele um futuro embaraço às suas ambições, dada a ascendência que ia adquirindo sobre o futuro rei.
Isto motivou intrigas que quase levaram-no a deixar o
serviço do Infante, porém, como se vê de sua autobiografia, não abandonou o
cargo e ficou "servindo até que El Rey Dom Manuel faleceu". Quando a rainha D. Leonor foi para
Castela, acompanhou-a e em Salamanca o destino colocou em seu caminho a jovem
castelhana D. Ana Pimentel, com quem se casou. Não era decorrido um mês e já se
encontrava tomando parte na campanha, que sob a chefia do Condestável D. Iñigo
Fernandes Velasco, teve por epílogo a tomada de Rabia. Em 1525, atendendo
pedido do rei, tornou a Portugal, em companhia de sua esposa, que veio ao
serviço da Rainha D. Catarina
e ficou residindo em Lisboa, onde passou a fazer parte do Conselho do Rei,
graças à sua honradez, inteligência e dotes pessoais.
Em 1529, as notícias das descobertas de novas terras por
Cabral, traziam o rei D. João muito preocupado, não só pelos atos de pirataria exercidos
contra a navegação portuguesa pelos corsários franceses que "iam tomando
muito pé"
nas terras do Brasil, como também pela infiltração Castelhana
que, apesar do reconhecimento e demarcação destas terras, aqui aportavam indevidamente.
Daí a resolução de mandar uma expedição destinada a tomar inteira posse,
colonizar e fazer respeitar o seu pendão nestas paragens. À frente dessa
expedição deveria vir um homem enérgico, ponderado e de confiança; a escolha
recaiu sobre Martim Afonso de Sousa. Vinte e nove anos apenas, contava Martim
Afonso, quando esta pesada tarefa lhe foi imposta, e trinta, quando partiu do
Tejo, como chefe supremo da expedição. Querem alguns autores, tendo à frente Frei Gaspar da Madre de Deus, atribuir
essa escolha à influência de seu
primo Antonio de Ataíde, grande valido do rei, seu conselheiro, Vedor da Fazenda
e futuro Conde de Castanheira. Outros atribuem essa escolha aos desejos que
Antônio de Ataíde tinha em ver seu primo afastado da intimidade real, porém,
ocupando um cargo de confiança, que não lhe despertasse suscetibilidades. Seja
lá como for, a verdade é que, com a chefia dessa expedição, D. João III, O Piedoso, deu-lhe prova
de muita confiança e elevada estima, conferindo-lhe poderes extremamente latos,
senão discricionários.
Como Capitão-mor, não só da armada, mas também das demais terras
do Brasil, tinha plena jurisdição sobre bens e pessoas que o acompanhavam, sem distinção
de classe, "bem como as que nas ditas terras que ele descobrir ficarem e nela
estiverem ou a ela forem ter por qualquer maneira". Tanto no civil quanto no
crime, seus poderes eram ilimitados, podendo ordenar até a pena de morte
natural inclusive sem de suas sentenças dar apelação nem agravo, excetuando apenas alguns fidalgos que na dita armada fossem e que no caso de merecerem punições,
deviam ser presos e enviados a Portugal. Podia ainda "fincar padrões e demarcar
terras que achar e descobrir, constituir governadores e capitães-mores nessas
terras, criar e nomear tabeliães e distribuir sesmarias". A armada levava bom provisionamento
de armas, munições, petrechos, instrumentos e materiais de construção, sendo o
total de sua tripulação e guarnição, quatrocentos homens, constituído de
fidalgos, homens do povo, mareantes, artífices, operários, patriotas e
aventureiros, não só portugueses, mas também de outras nacionalidades. A expedição
compunha-se dos seguintes navios: a nau capitânia, cujo nome é ignorado e a "S. Miguel",
comandada pelo capitão Heitor de Sousa; o galeão "S. Vicente" comandado
pelo capitão Pero Lobo Pinheiro e as caravelas "Princesa", comandada pelo
capitão Baltazar Gonçalves e "Rosa", comandada pelo capitão Diogo
Leite.
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