Revisado em 12.08.2018
OS CAMARGOS DE SÃO PAULO
A
genealogia Camargo já havia sido descrita primitivamente pelo patriarca
dos genealogistas paulistanos, Pedro Taques de Almeida Paes Leme no
século XVIII, porém perderam-se dois terços dos seus valiosos
manuscritos intitulados Nobiliarquia Paulistana, antes que pudessem ser
publicados. Perda irreparável para a nossa cultura! A tardia publicação
da obra representou apenas o terço restante que não mais incluiu o
título Camargo. Foi Pedro Taques de Almeida Paes Leme um patriota
paulistano que morreu pobre, como a maioria daqueles que queiram
dedicar-se de corpo e alma à verdadeira cultura neste país. Sua
biografia foi meticulosamente realizada pelo genial historiador Afonso
de Escragnole Taunay e publicada como preâmbulo da sua obra histórica,
além da genealógica.
(In Pedro Taques, História da Capitania de S. Vicente - Ed. Melhoramentos SP e novas edições contemporâneas).
Afonso de Taunay |
Silva Leme |
Trinta
e tantos anos depois, felizmente, levanta-se outro grande erudito em
favor desta tradicional família paulistana de origem hispânica,
para conferir vida às simples sequências genealógicas da obra retro
referida. Foi o sensível e abnegado Dr. Francisco de Assis Carvalho Franco, Diretor Geral de Polícia de São Paulo à época, que em 1936* e 1937 publicou a monografia “Os Camargos de São Paulo”.
Todos nós Camargos paulistanos lhe seremos eternamente gratos. É dessa
obra que transcrevemos a maior parte deste capítulo, acrescentando,
entretanto, outros dados de Silva Leme e atualizações contemporâneas,
fruto de colaborações de vários grupos espanhóis de discussão genealógica.
EX-LIBRIS DO DR. FRANCISCO DE ASSIS CARVALHO FRANCO. |
Em
seu livro citado e outros artigos de revistas especializadas do
passado, ele cita inúmeros outros castiços genealogistas ibéricos: Mateo
Escágedo Salmon, Hita, Bartolomé Frias de Albornoz, Alfonso Guerra de
Sandoval, Diogo de Soto y Aguilar, Alventós, D. Gonçalo Inácio Baraona,
Basanta de La Riva, além do mundialmente famoso García Carrafa e outro brasileiro, o Padre Roque Luiz de Macedo Paes Leme, autor da Genealogia Brasiliense, com inúmeros gráficos genealógicos. (*In
Biblioteca IGB - Instituto Genealógico Brasileiro N.º 6 – 1936 -
Salvador de Moya - idem Os Camargos de S. Paulo - Ed. Spes - S. Paulo -
1937 - Carvalho Franco).
O Mesmo Escudo acima, do Cavaleiro D. Alfonso García de Camargo, Alcaide de Burgos em 1335. Blasonando: "De ouro, com seis besantes de prata carregados de veiros azuis, ondeados, postos dois, dois e dois; bordadura de goles com dez castelos de ouro". Esta heráldica comprova a ibericidade ancestral da família Camargo e de outras famílias hispânicas cristãs~velhas vindas ao planalto piratiningano compor a "Raça de Gigantes"* paulistana, no período de governo espanhol - 1580-1640 DC. |
HERÁLDICA:
Besantes ou arroéis: seis, postos em pares, são símbolos de origem oriental, adotados pelos cavaleiros participantes das Cruzadas à Terra Santa; Veiros de Prata (ondeados, dentro dos besantes); representam a pele de uma pequena raposa azul siberiana, indicando alta hierarquia e rivalizando-se com o arminho real, que é um pequeno animal branco, de pelo finíssimo; sua cor prata tem significado heráldico de pureza, integridade, obediência, firmeza, vigilância, eloquência; a cor azul dos veiros significa retidão, justiça, virtude, mecenato à cultura. O ouro do escudo tem significado heráldico de nobreza, magnanimidade, luz, riqueza, poder, constância e sabedoria. A Bordadura vermelha ao redor do escudo significa proteção, favor e recompensa; a sua cor vermelha representa a sua cota de armas manchada do sangue do inimigo na batalha. Os castelos representam grandeza e poder empregados de forma invencível na defesa dos aliados e amigos, contra os seus inimigos. O castelo era também o antigo símbolo da cidade litorânea de Santander, origem remota de todos os Camargo de Espanha. Quem leva a cor ouro em seu escudo tem o dever permanente de defender os pobres e os príncipes; e pela cor prata, está obrigado a defender as donzelas e amparar os órfãos; e o vermelho, ou goles, também de socorrer os injustiçados. A missão dos antigos cavaleiros de bem julgar e governar este mundo era grandiosa e com profundo significado, como se pode facilmente deduzir do que foi até aqui enunciado: nobreza é assunto altamente espiritual!
Besantes ou arroéis: seis, postos em pares, são símbolos de origem oriental, adotados pelos cavaleiros participantes das Cruzadas à Terra Santa; Veiros de Prata (ondeados, dentro dos besantes); representam a pele de uma pequena raposa azul siberiana, indicando alta hierarquia e rivalizando-se com o arminho real, que é um pequeno animal branco, de pelo finíssimo; sua cor prata tem significado heráldico de pureza, integridade, obediência, firmeza, vigilância, eloquência; a cor azul dos veiros significa retidão, justiça, virtude, mecenato à cultura. O ouro do escudo tem significado heráldico de nobreza, magnanimidade, luz, riqueza, poder, constância e sabedoria. A Bordadura vermelha ao redor do escudo significa proteção, favor e recompensa; a sua cor vermelha representa a sua cota de armas manchada do sangue do inimigo na batalha. Os castelos representam grandeza e poder empregados de forma invencível na defesa dos aliados e amigos, contra os seus inimigos. O castelo era também o antigo símbolo da cidade litorânea de Santander, origem remota de todos os Camargo de Espanha. Quem leva a cor ouro em seu escudo tem o dever permanente de defender os pobres e os príncipes; e pela cor prata, está obrigado a defender as donzelas e amparar os órfãos; e o vermelho, ou goles, também de socorrer os injustiçados. A missão dos antigos cavaleiros de bem julgar e governar este mundo era grandiosa e com profundo significado, como se pode facilmente deduzir do que foi até aqui enunciado: nobreza é assunto altamente espiritual!
Este
Brasão Camargo, da Vila de
Castrogeriz da Província de Burgos, é idêntico ao da Casa de Santillana
Del Mar, Santander, presente no
escudo e arreios da montaria de Alfón de Camargo, abaixo, do Armorial
Eqüestre da
Cavalaria de Santiago, atualmente arquivado na Biblioteca Catedralícia
de Burgos. Este portanto, é o brasão do ramo paulista dos
Camargo, pois seu patriarca Jusepe Ortiz de Camargo era justamente
nascido naquela localidade,
do mesmo ramo burgalês dos García de Camargo. Quando aqui chegou em 1592
com 20 anos (segundo a nossa cronologia, seguindo a data do matrimonio
de seus pais em 1571, publicada em 1989 pela Universidade da Califórnia,
mais abaixo), na Armada de D. Diego Flores de Valdés (ou noutra
posterior, cremos, já que houve um navio espanhol de passagem em 1592,
levando seu parente da Estremadura Juán de Camargo ao Peru, mencionado
em Os Camargo de Plasência, mais abaixo e se
casou com a filha do fidalgo português Domingos Luiz da Carvoeira,
Cavaleiro da Ordem de Cristo. Os camaristas paulistanos de então não
hesitaram
em incluir o seu nome no elenco dos “homens bons”, para o governo da
vila a partir daquele mesmo ano de 1592, quando seu nome passa a figurar
como almotacel nas Actas da CMSP, data mais verossímel da sua chegada.
Posteriormente também seus futuros filhos iriam ocupar honrosos cargos
daquela república: Fernão de Camargo, O
Tigre, José Ortiz de Camargo, Marcelino de Camargo, Francisco de
Camargo, Jerônimo de Camargo e Ignácio de Camargo.
Alfón de Camargo (embaixo, à direita) Armorial Equestre da Cavalaria de Santiago, portando o escudo burgalês acima descrito. |
Origem da Família Camargo em Burgos e Santander e seus diversos brasões, dos diversos ramos, conforme coligiu Carvalho Franco:
Assim começa o antigo genealogista hispânico-cantábrico Escágedo Salmon: “O
apelido Camargo é originário da cantábria e ligado à região montanhosa
de Burgos, no Norte da Espanha. Seu solar primitivo ficava na povoação
de Camargo, situada no vale do mesmo nome, na província de Santander”. O vocábulo Camargo,
cuja etimologia verificamos significar literalmente “terreno plano
junto ao mar, cortado por um rio”, ou “planície costeira, cortada por um
rio”, vem de um antigo dialeto pré-romano, com raízes no cântabro e no celta,
difundido também no litoral mediterrânico do Sul da França*, onde
existe outro lugar com a mesma topografia e mesmo nome com sufixo
afrancesado no gênero feminino “Camargue” (Camarga). Este fato confundiu
muitos estudiosos brasileiros do passado, levados a crer que "todos os
Camargo da Espanha se originassem de remota origem francesa" (hipótese
que expus em vários grupos genealógicos espanhóis e que foi veemente
refutada por todos os participantes, unânimes em afirmar que o que houve
foi uma coincidência da raiz linguística ancestral céltico-cantábrica).
Um camargo no Mar do Norte Atlântico; outra camarga no distante e
interiorizado Mar Mediterrâneo!? Este distanciamento reforça ainda mais
esta afirmação, já que não se pode imaginar que um povo do calmo e
cálido litoral mediterrânico fosse se deslocar através do oceano (ou
por terra, atravessando os Montes Pireneus) até o agitado e frígido Mar
do Norte espanhol!?
*A Camarga de França
Camarga no Mar Mediterrâneo, Sul da França |
A Camarga (em francês: Camargue; Camarga em occitano provençal segundo a norma clássica; Camargo segundo a norma mistraliana) é uma região natural do Sul da França. Se localiza a oeste da Provença e ao Sul da cidade de Arles. Administrativamente, pertence aos departamentos de Bouches-du-Rhône e Gard.
A Camarga estende-se entre os dois braços principais do delta do rio Ródano (o "Petit-Rhône" e o "Grand-Rhône") e a costa mediterrânica. A sua área total é de cerca de 750 km2, chegando a leste à planície de Crau, a oeste até Aigues-Mortes e ao Norte até Beaucaire.
Este território, formado por areias e cascalho, encontra-se salpicado de lagoas. Atualmente, é terreno fértil, graças à construção de diques e equipamentos de rega. Há viticultura, cultivo de frutas e de arroz. A pecuária é abundante, com criação de cavalos e rezes bravas, os famosos "touros da Camarga".
A Camarga é uma zona úmida de importância internacional, com a maior população de flamingo da Europa. Estas aves emigram no inverno para o Sul, e muitas passam a estação fria em Marrocos, em importantes zonas úmidas como a foz do rio Moulouya, o mar Chica ou o Parque Nacional de Souss-Massa. Está catalogada como grand site national da França.
Referências ARDAGH, J. e JONES, C. França: uma civilização essencial. Volume 2. Tradução de Videlec, S. L. Madri. Edições Del Prado. 1997. p. 217. Wikipedia livre.
Aproveito esta abordagem para desfazer outro notório equívoco
de historiadores do passado, que não possuíam as facilidades da
Internet que hoje possuímos e que nos permitiu pesquisar em mais amplas
e variadas fontes. Disseram alguns, que os Camargo de São Paulo eram
"de origem mourisca"... "oriundos de Sevilha", da "moura Andaluzia",
antigos boatos talvez provenientes dos mútuos xingamentos seiscentistas
durante a guerra civil entre Pires e Camargos (existe inclusive uma
página na Internet acompanhando essa suposta presunção "mourisca" e
desatualizada) e que o famoso Fernando de Camargo O Tigre, teria "pele
morena" (Ellis Jr.)... quanta fantasia! Nunca existiu nenhuma
comprovação desse tipo físico naqueles personagens coloniais, ao
contrário, as iluminuras aqui apresentadas da Cavalaria da Ordem de
Santiago (de Burgos, região setentrional de onde vieram à Estremadura e
de lá para a sulista Sevilha). Elas apresentam uma gente ariana muito
branca, loura ou ruiva do Norte hispânico, antigo reduto dos louros
godos germânicos! No caso específico do tronco paulistano, tanto ele
quanto seus pais e avós eram da setentrional Castrogeriz, Burgos,
Cantábria - e possivelmente até mesmo o seu bisavô Almirante do
Estreito, que morava na Estremadura.
Os setentrionais Camargos burgaleses denotavam uma forte genética ariana, como dissemos, talvez fruto da mescla com a
nobreza Goda germânica e somente vinham até a sulista Sevilha, sede da
administração além-mar, para negociar. (Vide o exemplo do patriarca
extremenho Luís de Camargo, comerciante de Sevilha, mais abaixo). Dali
também embarcavam nos seus navios construídos às margens do Rio
Guadalquivir, imigrando rumo às Américas. Temos um translado* abaixo, de uma "cédula real", da Rainha Isabel da Espanha pertinente ao famoso 3º navegador do Estreito de Magalhães e nosso 14º avô Almirante Francisco Alfonso de Camargo, acima
citado, bisavô de Jusepe (e não "Alonso", como o registra erroneamente o
Chile em sua história) autorizando-o a trazer da mais ainda
setentrional Viscaya, do país Vasco, para o Rio Guadalquivir em Sevilha,
as quatro naus onde seriam carregadas e despachadas na sua infeliz
jornada ao Estreito de Magalhães em 1539, partindo dali para a barra de
San Lucar de Barramedas (na embocadura do mesmo rio) e de lá finalmente
zarpando para o misterioso mar oceânico. E mesmo tendo vindo do extremo
Norte com os navios lá construídos, isto também não garante que D.
Francisco Alfonso fosse daquela região; mais provável fosse um burgalês
radicado na extremadura, pois os seus ricos parentes (talvez sobrinhos)
financiadores da empreitada, o donatário do Estreito e Patagônia, titulado pela rainha Isabel Conde D. Francisco de Camargo e seu irmão, o arquiteto e financiador Bispo de Placência Dom Guterrez de Carvajal, eram de lá.
*Transcrição literal da Cédula Real de Dona Izabel, A Católica, Rainha de Espanha:
"Real Cédula de la reina ordenando al corregidor de Vizcaya que deje salir la armada de Francisco de Camargo para Sevilla, donde se abastecerá para ir a la conquista y población de la provincia del Estrecho en Indias, conforme ha capitulado, no obstante la orden general de que no se hagan a la mar barcos sin escolta, expidiéndose a petición del obispo de Plasencia*, hermano del interesado".[c] 1538-05-03. Valladolid, Archivo de Índias, pela AER on-line.*(Bispo Guterrez de Carvajal, nas linhagens de Plasência, mais abaixo). (Esta esquadra de quatro navios foi capitaneada pelo Almirante D. Francisco Alfonso de Camargo, da setentrional Viscaya do país Basco até a sulista Sevilha. De Sevilha zarpou pelo rio Guadalquivir até o cabo de San Lucar de Barramedas, de onde saiu capitaneando duas delas para o perigoso e traiçoeiro mar do Estreito de Magalhães. Somente a sua nau capitânia atravessou até o Oceano Pacífico; duas naufragaram nas altas marés tempestuosas e a última retornou ao porto de origem, após 2 anos perdida nos mares).
Quanto ao seu bisneto e nosso tronco paulistano Jusepe Ortiz de Camargo, com certeza "veio de Castrogeriz, Burgos", como afirmou ainda o nosso outro antigo genealogista Padre Roque Luiz de Macedo Paes Leme, em sua "Nobiliarquia Brasiliense",
um dos poucos privilegiados que tiveram acesso direto aos desaparecidos
originais manuscritos de Pedro Taques, e que deles extraiu esta
naturalidade de Jusepe - "sem demonstrar nenhuma sombra de dúvida" (!) - como bem destacou o posterior nosso biógrafo Carvalho Franco em seu outro artigo*.
(*In Revista de Estudos Genealógicos e Heráldicos nº 1, pg. 12 - As Origens dos Camargos de São Paulo - esta coleção completa também incorpora nosso banco de dados disponibilizado para pesquisadores e autores).
Continuando: “... dali (a família Camargo)
expandiu os seus ramos desde o final do século XII para outras
localidades da Espanha, países europeus, e finalmente, por toda a
América! Assim, os Camargo foram das "primeiras linhagens fidalgas ibéricas...”
a firmarem a sua [marca] antecedendo o surgimento da própria ciência
heráldica, gerando assim grandes dignitários, tanto eclesiásticos quanto
seculares! Afirmando a sua nobreza e ancestralidade, encontram-se os
seus brasões descritos em velhos códices nobiliárquicos e esculpidos em
vários monumentos, alguns dos quais remontando ao século XIV; mas são na
realidade, muito mais antigos, como já tivemos a oportunidade de
estudar em capítulos anteriores (apresentamos um exemplar por nós
resgatado, do Século XIII (1227), mais abaixo, com os tradicionais cinco
caldeiros negros da estremadura e oito aspas de ouro, substituindo os
tradicionais castelos santanderianos do mesmo metal).
Durante muito tempo foi comum também se confundir o brasão dos Camango, com o dos Camargo, um escudo negro com três ouriços prateados, em triângulo: Nada a ver - aquele definitivamente não é o brasão Camargo, sendo que já tivemos aqui a oportunidade de apreciar os verdadeiros, com seus caldeiros negros ou besantes de prata com veirados azuis ondeados e continuaremos estudando os demais a seguir. Carvalho Franco cita ainda Escágedo Salmón, que acrescenta outras modalidades observadas em vários manuscritos da Biblioteca Nacional de Madri, cada qual conferindo-lhes armas diferentes, mas resumindo todas num recorrente padrão quaternário de 1-arroéis (besantes), 2-veirados, 3-bocais de poços e 4-caldeiros negros.
Durante muito tempo foi comum também se confundir o brasão dos Camango, com o dos Camargo, um escudo negro com três ouriços prateados, em triângulo: Nada a ver - aquele definitivamente não é o brasão Camargo, sendo que já tivemos aqui a oportunidade de apreciar os verdadeiros, com seus caldeiros negros ou besantes de prata com veirados azuis ondeados e continuaremos estudando os demais a seguir. Carvalho Franco cita ainda Escágedo Salmón, que acrescenta outras modalidades observadas em vários manuscritos da Biblioteca Nacional de Madri, cada qual conferindo-lhes armas diferentes, mas resumindo todas num recorrente padrão quaternário de 1-arroéis (besantes), 2-veirados, 3-bocais de poços e 4-caldeiros negros.
“Outro deles, o também antigo autor Hita as descreve assim: “de ouro, com seis arruelas de prata cheias de veiros azuis (ondeados); bordadura de vermelho com três castelos de ouro”. Outro, Bartolomé Frias de Albornoz, cita do mesmo marquesado: “de ouro, com seis arruelas de prata cheias de veiros azuis, bordadura de vermelho com doze estrelas de ouro”. Outro ainda, Alffonso Guerra de Sandoval as desenha assim: “de
ouro, com seis arruelas de azul e em cada uma, duas faixas de veiros
de prata; bordadura de vermelho, com castelos de ouro sem conta”. Diego de Soto y Aguilar afirma ser “um escudo de prata, com cinco bocais de poço de vermelho”.
Mas o mais famoso dos heraldistas, o internacional García Carrafa condensou todas as variantes da seguinte forma: 1- O solar do Vale de Camargo
usava: de Ouro com quatro bocais de poço de negro e bordadura de
vermelho com oito castelos de ouro (imagem acima). 2- O ramo da Estremadura usava: de ouro com cinco caldeiros de negro postos em Sautor; bordadura de vermelho com oito castelos de ouro. 3- A casa de Santillana Del Mar
usava: de ouro, com seis arruelas de veiros (ondeados) de azul e prata;
bordadura de goles (vermelho) carregada com dez castelos de ouro. No
listel do brasão de armas ancestral dos Camargo, de 30/11/1227 (Retomada
de Baeza, no dia de Santo André), se lê o lema: "Veritas Victrix" ou Verdade Vencedora - que é Jesus Cristo, não deixando nenhumas dúvidas quanto às suas origens fidalgas e cristãs-velhas!
Acima:
Este é o antigo Escudo de um cavaleiro Camargo, enobrecido pelas peças
honrosas das “Aspas” ou Cruz de Santander em forma de X na bordadura
vermelha, comemorativa da retomada aos mouros da cidade de Baeza,
Espanha, em 30/11/1227, dia de Santo André, exclusiva dos trezentos
campeões participantes daquela batalha. (Nota: O posicionamento dos
caldeiros negros em sautor ou aspa (X), já antecipam a
antroponímia Santanderiana do mártir padroeiro na família Camargo. O
escudo fica, portanto, duplamente estigmatizado pelo mesmo signo da cruz
em X ou Sautor - [Crux Decussata, Cruz de Borgonha],
significando humildade, dor e sofrimento. O caráter cristão-velho do
cavaleiro acima fica ainda mais reforçado pela cruz latina de ouro
ostentada em seu pescoço.
Existe no claustro da catedral de Plasência, Cáceres, Estremadura, gravado na sepultura de D. Diego Ruiz de Camargo, um escudo com cinco caldeiros e oito aspas (cruz em X de Santander) em lugar de castelos, armas privativas dos cavaleiros que tomaram parte da retomada de Baeza em 31/11/1227, mais antigo, portanto. (Mas acreditamos que o escudo Camargo seja ainda muito mais antigo, remontando ao período godo ou anterior). Ele está também gravado no alto da porta do mosteiro de Santa Clara, na mesma cidade, figurando como armas de D. Alffonso Ruiz de Camargo, fundador do dito mosteiro e irmão de D. Diego, que morreu em 1477.
Portal da Catedral de Santa Clara, na cidade de Plasência, Estremadura, Espanha, antigo mosteiro fundado por D. Afonso Ruiz de Camargo, ostentando o antigo escudo com os cinco caldeiros negros originais, acrescido de outro três em chefe, e mais dois na ponta do escudo, totalizando dez mais oito aspas da retomada de Baeza em 1227. Esse acréscimo de + cinco caldeiros talvez fosse um upgrade de novos ramos familiares potentados, pois cada caldeiro representa um "barão", capaz de abandeirar e alimentar um exército de defesa territorial, ou seja, "ricos-homens de pendão e caldeira" (o pendão é aquela pequena flâmula emblemática na ponta da lança, significando autoridade de abandeiramento - figura do cavaleiro no alto da página). |
Os Camargos nas Américas
Em Burgos habitavam os García de Camargo,
cuja iconografia da Cavalaria de Santiago já tivemos a oportunidade de
expor, com as mesmas armas heráldicas retro-mencionadas. “Entre os
Camargo existiram muitos guerreiros de renome e altos dignitários da
administração real – mas onde mais se destacaram foi na conquista do
solo americano: Foi um Camargo companheiro de Alfonso Álvares Piñeda,
que perece na conquista de Panuco, no México; outro Camargo governador
da Jamaica que deixou uma história da Traxcala; outro acolá, alcaide da
fortaleza de Vilcabamba resistindo aos Incas rebeldes; outro companheiro
de jornada de Cabeça de Vaca, que morre assassinado por Domingos
Martinez de Irala".
Este ramo Ruiz de Camargo da Estremadura teria vindo de Bureba, outra vila da Província de Burgos, com Gonçalo Ruiz de Camargo. Na mesma província permaneceu a raiz deste galho, com Francisco Ruiz de Camargo morador de Roa, que no século XVI (1546) fazia constar a sentença de suas armas: “de
ouro, com seis arruelas postas duas, duas e duas e formadas por duas
faixas de veiros azuis e prata (ondeados); bordadura de vermelho
carregada com dez castelos de ouro, com redondel de azul no centro,
postos três em chefe, seis nos flancos e um em ponta”.
Camargos da Casa de Ágreda, Sória.
Esta é outra
antiga linhagem de fidalgos e nobres titulados que nos oferece o antigo
historiador dos solares montanheses setentrionais da Ibéria espanhola, Mateo Escagedo Salmón, que cita em sua obra "Solares Montañeses", a "Casa de Camargo em Ágreda, Sória, originária do Vale de Camargo", de autor original mais antigo ainda, Alventós, em sua "História do Colégio Velho de São Bartolomé de Salamanca", pg. 106. Ali está assinalada esta interessante linhagem de D. Juan de Camargo y Angulo:
N.o 1) Don Blasco de Camargo, o primeiro que se estabeleceu em Ágreda proveniente do Vale de Camargo (Santander), c. c/ com Dona Catalina Aceves. Tiveram o filho:
N° 2) Don Juan Gutiérrez de Camargo c. c/ com Dona Maria de Barrionuevo, teve o filho:
N° 3) Don Blas Gutierrez de Camargo c. c/ com Dona Catalina Malo.
N° 4) Don Juan Gutiérrez de Camargo, c. c/ Dona Maria González Del Río, teve o filho:
N° 5) Don Juan Gutiérrez de Camargo, c. c/ Dona Catalina Malo (homónima?) teve o filho:
N° 6) Don Gil Gutiérrez de Camargo, c. c/ Dona Isabel de Fuente Mayor, teve:
N° 7) Don Jerónimo de Camargo, Ouvidor de Valadolid, c. c/ Dona Francisca Castejón, e teve o filho: ascendência do colegial* D. Juán de Camargo y Ângulo (N° 10):
N° 8) Don Miguel de Camargo, Comendador da Ordem de Santiago, c. c/ Dona Juliana Pasquier, teve:
N° 9) Don José Antonio de Camargo y Pasquier, Conde de Vilarrea, Barão de Castejar, n. em Ágreda, c. c/ dona Maria Teresa Ângulo y Rada, n. em Cervera, teve o filho:
N° 10) Don Juan de Camargo y Angulo,
colegial mor de S. Bartolomé de Salamanca, tendo ingressado em 10 de
Fevereiro de 1685; Bispo de Pamplona, Comissário Geral da Cruzada,
Supervisor-Geral da Inquisição, Conselheiro de Estado; morreu em Madrid
em 24 de Maio de 1733. Foi irmão de Dom José Agustín de Camargo,
Colegial mor de S. Bartolomé, Presidente da Chancelaria de Valadolid,
dos Conselhos de Castela, em quem teve continuidade esta interessante
linhagem.
Garci de Camargo, Armorial da Cavalaria de Santiago acima, à esquerda, cabelos ruivos, seria herança genética goda? |
Ainda desta casa de Camargo em Ágreda, foram os Cavaleiros de Santiago Don Alonso de Camargo y Castejón, que descendia também da casa de Castejón em Muriedas; Don Juan Miguel de Camargo y Castejón, Don Luis de Camargo y González de Legarda, Don Isidoro de Camargo y de Guzmán de La Paz, colegial* mor do Arcebispado de Salamanca, do Conselho de S.M.; Alcaide de Casa e Corte do Conselho Geral das Ordens. Don José de Camargo Pasquier, Don Francisco de Camargo y Paz, do Conselho de S.M. em Castela e Índias, Superintendente Geral da Justiça Militar em Flandres. Don Juan Bautista Vandehen, Comissário Geral de Cavalaria no Estado de Flandres (hoje Bélgica). Da Ordem de Calatrava: Don Antonio Benedicto, Don Francisco Cayetano e Don Ignacio Manuel Camargo y Benavides de Abalos y de Quessada.
*Um colegial era um estudante de quem se exigia, para ingressar num colégio, uma demonstração de limpeza de sangue ou fidalguia, pelo quê tinham de creditar extensa documentação genealógica demonstrativa de tal fidalguia, como a retro apresentada. Estas documentações frequentemente ainda se conservam, em muitos casos.
A Retomada de Sevilha
Outro colaborador de grupo de genealogia espanhol nos escreveu: “De los Camargo diré que no se debe olvidar a quien reconquistó Sevilla en 1248 que también era del linaje: Ramón Bonifaz y CAMARGO”.
Sobre outro personagem castelhano Almirante Ramón Bonifaz y Camargo, foi ele quem comandou a frota armada, em 1248, carregada de cavaleiros vindos da setentrional Vizcaya (armadora, estaleiro vizinho a Santander) rumo à Sevilha, tendo à frente o próprio rei católico D. Fernando. A entrada do grande Rio Guadalquivir estava barrada por uma longa corrente que se estendia de uma margem a outra, com suas pontas presas à duas torres gêmeas, uma em cada margem. Os dois primeiros navios de Bonifaz possuíam enormes serras de ferro adaptadas aos mastros de proa, e com elas arrebentaram as correntes, dando entrada na cidade. Porém, não houve luta: O alcaide mouro entregou as chaves da cidade já vazia, porque todos haviam fugido atemorizados diante do anúncio da chegada de tão portentosos e afamados campeões da temida Cavalaria Castelhana!
A nobreza cristã assumiu o conceito e o juramento de dez pontos da antiga Cavalaria medieval, que se resumem nestes três: 1) Servir a Deus; 2) Servir à pátria; 3) Servir aos mais fracos;
(daí o termo “cavalheirismo", pouco em voga na atualidade quando os
políticos geralmente hipócritas, modernos cortesãos, só se preocupam com
o seu próprio enriquecimento)!
OS CAMARGO DA ESPANHA
"Os
Camargo mais antigos são originários do Vale de Camargo, na Baía de
Santander, Cantábria, mas estavam estabelecidos em Burgos, Castrogeriz,
Roa, Bureba desde pelo menos o século XIV, pois o Cavaleiro Alffonso
García de Camargo (figura do topo) já estava estabelecido em Burgos em
1335. No Armorial Equestre da Confraria de Santiago de Burgos, um dos
mais antigos e bem conservados do mundo, são retratados sete cavaleiros
Camargo com seus cavalos, arreios e escudos heráldicos".
Na primeira lista de cavaleiros, que viveram até 1340, constam vários Camargo, que viviam no burgo ou "Cal", chamado "Horto del Rey", residência de nobres. São os seguintes: Pero García de Camargo* prefeito; Alfón García, seu irmão; Ferrant García, filho de Ferrán García de Camargo; Iohan García, filho de García Pérez de Camargo; Iohan Ruiz de Camargo; Pero García de Camargo, "el mozo"; Alffón García de Camargo, "el mozo".
D. Juán de Camargo*, Cavaleiro de Santiago (*note-se a provável influência Goda em Juán, pelos seus longos e louros cabelos presos em "rabo-de-cavalo"; acima, à esquerda).
|
Outra colaboradora da Espanha nos informou: “A
oligarquia urbana de Burgos foi diferente** do resto da Espanha. Foi
formada de mercadores ricos e altos burgueses, no mesmo estilo holandês e
Inglês. Essa oligarquia urbana possuía terras fora da cidade e na lista
constam vários Camargo”:
- Pedro Fernández de Camargo, propriedades em 1.396, 1.400 en Villalbilla.
- Juan García de Camargo, em Burgos e Cayuela em 1.402, e em Burgos em 1.426 e 1.431.
- Juan González de Camargo Proprietário em Arcos en 1.413
- Alfonso García de Camargo propriedades en Albillos en 1.478
- Juan de Camargo** proprietário em Atapuerca 1.512 “.
(Colaboração da colega genealogista da Espanha Maria Emma Escobar Uribe).
**O último da lista, Juán de Camargo, comparece como beneficiário no testamento do seu cunhado Francisco de La Maça
(encontrado num arquivo morto de Bruges, recentemente revelado), a
qual reproduzimos abaixo, numa constatação do alto nível de Espírito
cristão desses nobres, o quê demonstra a superioridade da nobreza sobre
os falssérrimos políticos "democráticos" da atualidade, mentirosos,
exploradores, ateus, incultos e vulgares. Que falta nos faz a nobreza!
Resumo do Testamento de Francisco de la Maça natural de Caraza 1517-1560 em Bruges, Flandres, atual Bélgica, genro de Juan de Camargo, último da relação acima:
"En el nombre de la santísima Trinidad padre e hijo y espiritu santo, un solo Dios verdadero.... yo Françisco dela Maça fijo lejitimo (diz que são os seus últimos desejos testamentários)...(recomenda que seus parentes afins Camargo sejam enterrados com a mesma honra da sua família na capela que mandou construir) " ...ansi mismo quiero y mando que mi cuerpo y el de mi muger sean trasladados y llevados y enterrados en la dicha capilla de la dicha yglesia que yo mando hazer y lo que arriba digo del enterramiento de mis parientes quiero se entienda ansi mesmo de los parientes de mi muger que sea en gloria ni mas ni menos y en el mesmo grado de los mios... "
"... digo y quiero que despues de cumplido ste mi testamento y todo lo que nest se contiene muy por entero sin faltar nada suceda en todos mis bienes y mayorazgo (primogenitura, morgadio) ansi muebles como rrcazes abidos y por haber como quiera que ami por derecho pertenecieran a mi hija legitima y de mi mujer que mio Señor perdone Barbara de Camargo (sua falecida esposa) que se llama Juana de la Maça (a filha) ala qual instituyo y ago heredera unibersal de mi mayorazgo (morgadio) de las Casas dela Maça y Hontaño y de todos los demas mis bienes para que los possea...
...asta que la dicha mi fija (filha) sea de competente hedad y si acontesiese quela dicha señora mi madre muriere antes que la dicha mi hija tenga tal hedad digo y es mi boluntad que la tenga y crie en su poder la señora mi hermana (em Cristo) y cuñada Josina de Camargo...
...Antes de firmar el dicho testamento mando y quiero se den al Señor Maestre Arnut mi tio treinta libras de gruesos y a la Señora Josina de Camargo mi cuñada y hermana otras treinta libras de gruesos y a Luís de Camargo y a [Juan de Camargo] mis hermano (em Cristo) y cuñados a cada uno beinte libras de gruesos...”
(O testador Francisco de la Maça (ou Mazza) foi pai de Juana de la Maça que posteriormente se casou com...Fulano Van Medereke. Francisco era c. c/ Bárbara de Camargo Van Den Baerze. Bárbara de Camargo era filha de Juan de Camargo y Barbe van den Baerze, irmã de Arnoult Van Den Baerze (nascidos por volta de 1475), ou "tío Arnoult" (como a ele se refere Francisco), o qual era Grão Mestre de uma determinada Ordem Militar, homem então regionalmente afamado).
"Salas de Hidalgos" - Uma audiência de justificação de nobreza na Espanha.
"Na Real Executoria de Fidalguia (equivalente à Comissão de Justificação de Nobreza portuguesa) que obteve Diego de Montoya (Camargo) em
31 de Maio de 1498 na Chancelaria da Cidade Real, e apresentada no
“ajuntamento“ ou câmara municipal de dita cidade em 14 de Julho de
1498...("existem duas cópias ou translado dela, decoradas com pinturas
maravilhosas, uma de 1565 muito desgastada e a outra (perfeita) de 1668,
em poder de um particular da Espanha").
Nela se nomeiam a um Alonso de Camargo, Cavaleiro de Santiago e da Real Orden de La Banda, não sei exatamente de onde procedia. Esse Senhor teria nascido no final de 1300, aproximadamente":
Pai de: Gonzalo de Camargo, Caballero de la Real Orden de la Banda, casado com Elvira González de Villegas. Não sei de onde procediam.
Estes pais de: Alonso González de Camargo, Cavaleiro da Real Orden de la Espuela Dorada, casado com Maria González de Ceballos. Já vivia na Cidade Real.
Pais de: Outro Alonso González de Camargo, Cavaleiro da Real Orden de la Banda, casado com Leonor de Montoya. Vivia en Cidade Real.
Pai de: Diego de Montoya - (aqui seu filho perde o apelido Camargo) -, casado com Mencía González Medrano.
Pai de: Diego de Montoya - (aqui seu filho perde o apelido Camargo) -, casado com Mencía González Medrano.
Em sua justificação de fidalguia, diz uma das testemunhas que o avô de Diego de Montoya, Alonso Gonzalez de Camargo,
era chamado de "Cavaleiro" e que havia sido prefeito e aguazil na
Cidade Real, onde tinham sua casa e assento na "colação" de Santa
Maria.
Outra
testemunha disse que ele "tinha a vara da Justiça em dita cidade, que
não sabia se fora a de prefeito ou de aguazil, e que viera a ser o
maiordomo de dita cidade, cujos ofícios (sabia essa testemunha), não
os davam às pessoas que não fossem fidalgas”.
Outra
testemunha disse ainda que esse Alonso "se havia armado Cavaleiro
somado à sua pré-existente fidalguia, na guerra contra os mouros, onde
andava a serviço do rei D. Juan de gloriosa memória, e que, público e
notório fora na dita cidade, que ademais de ser cavaleiro, fora também
fidalgo". Expede-se o certificado de nobreza.
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Os Camargos de Plasência, Estremadura
Por Francisco de Assis Carvalho Franco, publicado da Revista Genealógica Brasileira #7, 241 - 1943, do extinto IGB do Cel. Salvador de Moya, que Deus o tenha.
BRASÃO CAMARGO, RAMO DA ESTREMADURA
Blasonando: “De ouro, com cinco caldeiros de negro postos em sautor; bordadura de vermelho com oito castelos de ouro”. |
Assim começa o erudito Dr. Carvalho Franco:
"Em nosso trabalho sobre "Os Camargos de São Paulo", editado pela Editora Spes, São Paulo, 1937, à página 11, escrevemos que nenhum tratado genealógico espanhol, impresso, contém o título de Camargo. Os dados que obtivemos sobre D. Francisco de Camargo, parente de D. Francisco Alfonso de Camargo, o navegante, de cuja família provinha Jusepe Ortiz de Camargo, tronco desse apelido em S. Paulo, dissemos também que os havíamos obtido de um manuscrito do século XVIII, intitulado “Camargos de Plasencia”, existente no arquivo catedralício daquela cidade, atribuído a D. Gonçalo Inácio Baraona, que a nosso pedido foi copiado pelo saudoso reverendo Gabriel Lorente, antigo professor do Colégio dos Marianos de Plasência."
"A repetir aqui o que já escrevemos, isto é, que Jusepe Ortiz de Camargo era natural de Castrogeriz, em Castela Velha de onde procediam os ramos dos Camargos de Sevilha e de Plasência."
"Achamos extraordinário que nenhum genealogista espanhol cuidasse de escrever o título desta família, bastante numerosa e ilustre naquele país. Carrafa, no seu "Dicionário de Apelidos", cita as provas de fidalguia dos Camargos de Castrogeriz, Santillana, Roa, Ágreda, Pozal de Galinas e Plasência desenhando suas quatro variedades de armas, que já reproduzimos no nosso livro citado. Basanta de La Riva, no seu "Catalogo de Hijosdalgo", cita vinte e uma cartas de fidalguia, concedidas a personalidades desse apelido (I, 203) e num apêndice, enumera mais quatro (IV, 183 e 285) sendo que no nome de Francisco Ruiz de Camargo, morador em Roa, filho de Francisco de Camargo e de Isabel de Tapia, diz que obteve carta de nobreza dada em Valhadolid, a 27 de novembro de 1546, com o escudo d'armas que aqui reproduzimos, armas que também pertenciam aos Camargos de Castrogeriz, na província de Burgos de onde era natural, como já mencionamos, Jusepe Ortiz de Camargo."
"Em nosso trabalho sobre "Os Camargos de São Paulo", editado pela Editora Spes, São Paulo, 1937, à página 11, escrevemos que nenhum tratado genealógico espanhol, impresso, contém o título de Camargo. Os dados que obtivemos sobre D. Francisco de Camargo, parente de D. Francisco Alfonso de Camargo, o navegante, de cuja família provinha Jusepe Ortiz de Camargo, tronco desse apelido em S. Paulo, dissemos também que os havíamos obtido de um manuscrito do século XVIII, intitulado “Camargos de Plasencia”, existente no arquivo catedralício daquela cidade, atribuído a D. Gonçalo Inácio Baraona, que a nosso pedido foi copiado pelo saudoso reverendo Gabriel Lorente, antigo professor do Colégio dos Marianos de Plasência."
"A repetir aqui o que já escrevemos, isto é, que Jusepe Ortiz de Camargo era natural de Castrogeriz, em Castela Velha de onde procediam os ramos dos Camargos de Sevilha e de Plasência."
"Achamos extraordinário que nenhum genealogista espanhol cuidasse de escrever o título desta família, bastante numerosa e ilustre naquele país. Carrafa, no seu "Dicionário de Apelidos", cita as provas de fidalguia dos Camargos de Castrogeriz, Santillana, Roa, Ágreda, Pozal de Galinas e Plasência desenhando suas quatro variedades de armas, que já reproduzimos no nosso livro citado. Basanta de La Riva, no seu "Catalogo de Hijosdalgo", cita vinte e uma cartas de fidalguia, concedidas a personalidades desse apelido (I, 203) e num apêndice, enumera mais quatro (IV, 183 e 285) sendo que no nome de Francisco Ruiz de Camargo, morador em Roa, filho de Francisco de Camargo e de Isabel de Tapia, diz que obteve carta de nobreza dada em Valhadolid, a 27 de novembro de 1546, com o escudo d'armas que aqui reproduzimos, armas que também pertenciam aos Camargos de Castrogeriz, na província de Burgos de onde era natural, como já mencionamos, Jusepe Ortiz de Camargo."
BRASÃO CAMARGO, RAMO DE CASTROGERIZ E SANTILLANA DEL MAR, NO NORTE HISPANICO, TRANSFERIDO AOS CAMARGOS PAULISTANOS. |
Cavaleiro da Ordem de Santiago de Burgos, D. Pedro García de Camargo, O Moço |
"Na
questão das armas dos Camargos, (continua ele) ficamos um tanto
desnorteados, como também ali já mencionamos. Reproduzimos na dita obra,
uma gravura do livro dos Cavaleiros de Santiago, referente aos séculos
XIV e XV e existente na Câmara Municipal da cidade de Burgos (hoje na
biblioteca da catedral). Aqui damos outra, havida da mesma fonte e que
diz respeito a Pedro Garcia de Camargo, o moço. As armas apresentam o
mesmo motivo das arruelas veiradas".
"No
entanto, sobre a porta da igreja de Santa Clara, em Plasência - que
como é sabido, fica na província de Cáceres - vê-se esculpido o escudo
de Afonso Ruiz de Camargo, que se afasta dos demais da mesma
procedência. Assim é que esmalta as armas dos Camargos da Estremadura
(com acréscimo visível na foto, de mais três caldeiros em chefe e mais
dois na ponta do escudo, no total de dez), com a diferença de que em
lugar de dez castelos de ouro na bordadura, apresenta oito aspas ou
cruzes de Santo André. Reproduzimos aqui essa gravura que fizemos tirar
especialmente para nossa citada obra, onde se acha à página 85, mas que
por artes mágicas do compositor, saiu de cabeça para baixo". (N. do A. - Nós endireitamos a imagem).
Portal
da Catedral de Santa Clara, na cidade de Plasência, Província de
Cáceres, Região da Estremadura na Espanha, mosteiro fundado por
D. Afonso Ruiz de Camargo
D. Afonso Ruiz de Camargo
"Vejamos agora o manuscrito de D. Gonçalo Baraona, referente aos Camargos, de Plasência, no século XVI, o qual traduzimos:
I. - Gonçalo Ruiz* de Camargo,
(ou Rodriguez) que é o primeiro desse sobrenome de que se tem notícia
autêntica, foi natural de Bureba, na Castela Velha e viveu em tempo
d'el-rei D. Afonso II e do rei D. Pedro e morreu no ano de 1362. Casou
com d.a Maria Lopes e teve:
*El apellido Ruiz se origina en la España medieval. Es un patronímico en toda regla proveniente del nombre germánico Rodrigo (Hrōþ-rīks), cuyo significado es "Aquel que es rico en gloria y dinero", como 'Loud+Rich' en inglés. Su grafía en la España de la alta y media Edad Media fue Ruy o Rui, de donde viene "Ruiz" ("hijo de" Ruy). Wikipedia.
II. - Juán Ruiz de Camargo
que alcançou quatro reinados: o do rei ....... e do rei Henrique II e
os de D. João I e D. Henrique III. Serviu ao rei D. Henrique II na
guerra que disputou contra Navarra, no ano de 1377 e ao rei D. João I e
ao rei D. Henrique III nas que tiveram contra Portugal, nos anos de 1385
e 1397. Casou-se com D.a Inês Fernandes, filha de Sebastião Peres e teve:
III. - Juán Ruiz de Camargo (El Mozo).
Serviu ao rei D. João II na tomada de Zahara quando, no mesmo ano, o
infante de Antequera intentou tomar a Setenil e depois, contra os reis
de Aragão e de Navarra, seus primos. Casou-se com d.a. Catarina Fernandes de Prado filha de Martin Fernandes e teve os dez filhos seguintes:
IV. - Martin de Camargo.
V. - Gonçalo de Camargo, em cuja sucessão continua este ramo.
VI. - Afonso Ruiz de Camargo.
Outorgou seu testamento em 27 de novembro de 1475, tendo feito um
codicilo a 17 de Fevereiro de 1477. Foi casado duas vezes: a primeira
com D.a Sevilha Lopes de Carvajal, filha de Diogo Rodrigues de
Carvajal, primo-irmão de Garcilopes de Carvajal, senhor de Torrejón, do
conselho d'el-rei D. João II; segunda vez casou-se com D.a Beatriz de Monroy,
filha de Fernando de Monroy, senhor de Monroy e de sua mulher D.a
Mencia Gonçalves de Carvajal, sua primeira mulher. Afonso Ruiz de
Camargo não teve filhos desses dois casamentos. Fundou o mosteiro de
Santa Clara de Plasência, com monjas daquela Ordem e cujo patronato se
conservou na casa dos Camargos.
VII- Juán Ruiz de Camargo. Foi mestre-escola da Santa Igreja de Salamanca. Faleceu com testamento escrito com três codicilos em 24 de julho de 1477.
VIII. - Diego Ruiz de Camargo. Foi bacharel em direito e administrador do estudo em Salamanca.
IX. - Pedro de Camargo. Foi cônego em Salamanca.
X. - Fernando de Camargo.
XI. -Maria Ruiz de Camargo. Casou-se com Lopo Furtado de Mendonça.
XII. - Inês Fernandes. Casou-se com Afonso Arias.
XIII. - Teresa Ruiz de Camargo.
Martin Ruiz de Camargo, primogênito do n.o III, serviu aos reis D. João II, D. Henrique IV e D. Fernando, o Católico e casou-se com D.a Sarra de Carvajal,
filha de Luiz de Trejo, senhor de Grimaldo e de D.a Sevilla Lopes de
Carvajal, sua segunda mulher, tendo falecido com testamento escrito a 13
de março de 1480. Teve os dois filhos:
XIV. - Juán Ruiz de Camargo.
XV. - Martin Ruiz de Camargo, que fez seu testamento a 2 de agosto de 1527 e casou-se com D.ª Mencia Rodrigues de Jerez,
filha do protonatário D. Diogo de Jerez, deão de Plasência e não teve
geração. Fundou um morgado de todos seus bens, conjuntamente com todos
os que tinha na Estremadura Francisco de Vargas, com autorização deste,
em 19 de março de 1523, doando-o a Francisco de Camargo, filho terceiro
do dito Francisco de Vargas e de sua mulher d.a Inês de Carvajal, que
era sua sobrinha, filha da sua prima-irmã dna. Catarina de Camargo e de
Guterres de Carvajal, seu marido, como adiante se verá. Morreu a 2 de
agosto de 1527 em Plasência e está enterrado no convento de Santa Clara.
(nº?) Gonçalo de Camargo, filho segundo do n.o III, casou-se com D. Mencia Gonçalves de Carvajal, filha de Diogo Gonçalves de Carvajal e de Catarina Gonçalves D. Orleans, sua primeira mulher. Teve a filha:
XVI. - Catarina de Camargo, que casou-se com Guterres de Carvajal,
seu primo segundo, filho de Garcilopes de Carvajal, senhor de Torrejón,
do conselho d'eI-rei D. João II e de d.ª Beatriz Gonçalves de Trejo,
sua mulher. Foi Guterres de Carvajal cavaleiro da Casa Real que
corresponde agora ao que se denomina “gentil-homem da boca”. Fundaram
ele e sua mulher d.a Catarina em favor de seu filho primogênito Gonçalo
de Carvajal, um morgado (maiorazgo) a 2 de setembro de 1489, que é o
morgado que em Plasência se chama comumente “dos Carvajais de Santa
Clara”, porque suas moradias são vizinhas do mosteiro daquele mesmo
nome. O casal teve os sete filhos seguintes:
XVII. - Gonçalo de Carvajal, primogênito e de quem adiante se tratará.
XVIII. - Francisco de Carvajal, abade de Husilos, fundador de dois mercados de trigo, um em Plasência e outro em Malpartida, ambos com grande renome.
XIX.- Garcilopes de Carvajal. Foi arcedíago de Plasência.
XX. - Maria de Carvajal, apelidada a "seca". Casou-se com Gonçalo de Salazar e da sua geração se tratará adiante,
XXI. - Beatriz de Carvajal, casou-se com Cristovam Pizarro e teve geração que se mencionará adiante.
XXII. - Inês de Carvajal. Casou-se com D. Francisco de Vargas, cuja sucessão se continua e se antepõe às de seu irmão e irmãs, porque nela se conservou a casa dos Camargos que é a razão de ser do presente título.
XXIII. – Francisca de Carvajal. Casou-se com Afonso Pizarro, indo a geração adiante.
Inês de Carvajal, nº XXII acima, casou-se como se disse, com Francisco de Vargas,
filho segundo de Diogo de Vargas e de sua mulher d.a Maria de Medina.
Foi o ministro de maior renome havido em Castela, assim no tempo do rei
Católico como no do seu neto o imperador Carlos V. Teve grandes cargos e
ofícios. Originou pelo seu talento o provérbio: "Averigue-o Vargas",
que se costuma dizer nas ocasiões em que se oferece dúvida sobre algum
assunto. Foi do conselho real e contador mor do reino; exerceu o cargo
de alcaide de Trujillo e de Marbela e edificou a capela de seus pais em
São Francisco de Madrid, a primeira do lado do Evangelho, no ano de
1510. Começou aquela que chamam “do Bispo”, porque o bispo D. Guterrez,
seu filho, a terminou e dotou. Fundou dois morgados, instituindo um em
seu filho primogênito Diogo de Vargas e o outro em seu filho terceiro
Francisco de Camargo. Nos últimos anos da sua vida serviu ao imperador
Carlos V, nas Comunidades que houve no império, ocasião em que escreveu o
condestável Dom Iñigo Fernandes de Velasco ao imperador, dando-lhe
conta da sua lealdade e grandes qualidades com as seguintes palavras: "Francisco de Vargas veio aqui ontem. Tendo-o comigo penso ter tudo e o que for meu será dele".
Morreu Francisco de Vargas no ano de 1524 e jaz na capela do Bispo,
conjuntamente com sua mulher que já havia falecido em 1518. O casal
gerou os dez filhos seguintes:
XXIV. - Diogo de Vargas, primogênito.
XXV. - Guterres de Carvajal, bispo de Plasência.
XXVI. - Francisco de Camargo.
XXVII. - Fernando de Camargo. Faleceu sem sucessão.
XXVIII. - Juán de Vargas, casou-se com D.a Inês de Camargo, sua sobrinha, como adiante se verá.
XXIX. - Catarina de Vargas, dama da casa da rainha Católica, casou-se com D. Antônio de Mendonça, vice-rei da Nova Espanha, em 1535 e depois do Peru, em 1550. Faleceu em Málaga em 1563, e deste casamento se dará adiante notícia.
XXX.- Leonor de Vargas, casou-se com D. Carlos de Guevara,
filho de Beltrão de Guevara, senhor de Morata e de sua mulher D.a Ana
de Guevara, senhora de Monteagudo e Zeutí. Faleceu D. Carlos em vida de
seu pai e não deixou sucessão.
XXXI. - Maria de Vargas, casou-se com D. Antônio de Monroy,
seu primo segundo, filho de Fabiano de Monroy, senhor de Monroy e de
sua mulher D.a Francisca de la Peña y Saavedra. Não deixaram geração.
XXXII. - Mayoor de Vargas, casou-se com Pedro Gonçalves Gaitán. Sem sucessão.
XXXIII. - Francisca de Camargo, foi monja.
Francisco de Camargo,
n.o XXVI acima, herdou o morgado que Francisco de Vargas seu pai e
Martin Ruiz de Camargo, n.o XV; seu tio e primo-irmão de sua avó materna
D.a Catarina de Camargo, haviam fundado para esse fim. Foi gentil-homem
da boca do imperador Carlos V, ao qual serviu e acompanhou na Alemanha e
nas demais partes em que andou. Casou-se com d.a Maria de Sotomayor,
viúva de Garcirodrigues de Escobar, filha de Guterres de Sotomayor e de
sua primeira mulher D.a Maria de Campos. Francisco de Camargo fez dois
testamentos, um a 5 de abril de 1540 e o outro a 13 de setembro de 1546.
Faleceu a 1 de novembro de 1546, em Madrid e foi enterrado na igreja de
São Francisco, na capela de seus avós. Teve os três filhos: '
XXIV. - Francisco de Camargo, que sucedeu a casa de seu pai e faleceu a 7 de maio de 1549, solteiro.
XXXV. - Inês de Camargo.
XXXVI. - Mariana de Sotomayor.
Foi monja em Santa Catarina de Sena de Valladolid e de tão raras
virtudes e exemplos que se a encontra na história de São Domingos, parte
3.a, livro 3.°, capítulo 46, fls. 302, col. 2, onde o impressor errou,
chamando-a “Marina”.
Inês de Camargo, n.º XXXV acima, sucedeu a casa por morte de seu irmão. Casou-se com João de Vargas,
seu tio, irmão do n.o XXVI e n.o XXVIII deste título e ambos compraram
do rei Felipe II, no ano de 1559, as vilas de Oliva e Plasenzuela.
Faleceu no ano de 1587, tendo escrito o seu testamento em 20 de abril de
1581 e feito um codicilo a 23 de outubro de 1587, quando morreu. Foi
João de Vargas ouvidor de Valladolid e regente do supremo Conselho de
Itália e nesse cargo foi por ordem de Felipe II a Flandres com o duque
de Alba, D. Fernando Álvares de Toledo, para assistir-lhe no que se
oferecesse e ali foi presidente das confiscações dos rebeldes e serviu a
Sua Majestade até o ano de 1574, em que voltou para a Espanha. Faleceu
em Oliva e foi sepultado na igreja de São Braz, daquela vila. Teve do
seu casamento os quatro seguintes filhos:
XXXVII. - Luiz de Camargo. Nasceu a 25 de Agosto de 1551. Não sucedeu a casa por morrer em vida de sua mãe, a 15 de maio de 1577. Casou-se com D.a Maria de Lacerda, mulher que havia sido de João de Vilalva, filha de Vasco Porcalo de Lacerda e de D.a Isabel de Moscoso. Sem sucessão.
XXXVIII. - Francisco de Camargo y Vargas.
Nasceu a 13 de abril de 1553. Foi arcedíago de Sepúlveda na Santa
Igreja de Segovia, abade e senhor de Husilos, na Santa Igreja de
Palencia e senhor da Oliva e Plasenzuela, por morte de sua mãe. Faleceu
no ano de 1595.
XXXIX. - Miguel de Vargas y Camargo, senhor de Oliva e Plasenzuela.
XL. - Juán de Vargas y Camargo. Nasceu a 21 de fevereiro de 1556. Morreu moço e foi enterrado no Capítulo de São Paulo de Valladolid.
Miguel de Vargas y Camargo,
n.o XXXIX acima, nasceu em Valladolid a 8 de maio de 1557, foi senhor
de Oliva e Plasenzuela, cuja casa herdou por morte de seu irmão
Francisco. Foi comendador de Castileja de la Cuesta, da Ordem de
Santiago. Faleceu no ano de 1611 e casou-se duas vezes: a primeira com D.a Francisca de Carvajal,
filha de João de Vargas Carvajal e de sua mulher D.a Francisca de
Carvajal, não havendo filhos deste casamento. Segunda vez casou-se com D.a Alvira de Trejo,
que morreu em Oliva a 11 de abril de 1631, filha de D. Luiz Bermudes
de Trejo, senhor de Grimaldo e de sua mulher d.a Elvira de Carvajal.
Teve desse casamento a filha:
XLI. - Inês de Camargo y Vargas, marquesa de Sete Igrejas e condessa de Oliva, filha única que foi batizada em São Pedro de Plasência a 19 de julho de 1586.
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Diogo de Vargas,
n.o XXIV retro, outorgou seu testamento a 6 de outubro de 1542. Herdou o
morgado fundado por seu pai Francisco de Vargas, foi cavaleiro da Ordem
de Santiago e casou-se com D.a Ana de Cabrera, filha de João de
Cabrera, conhecido pela alcunha de "Bastardo" e de sua primeira mulher, a
senhora de Morata. O casal teve o filho único:
XLII. - Fradique de Vargas,
cavaleiro do hábito de Santiago e primeiro patrono da capela chamada
do Bispo em Madrid, construída por D. Guterres de Carvajal, bispo de
Plasência, filho segundo do dito Francisco de Vargas e irmão de Diogo de
Vargas supra, em cuja linha se conservou o patronato da dita capela.
Casou-se Fradique de Vargas com D.a Antonia Manrique de Valencia,
senhora de Vilatoquite, filha do marechal D. Jorge de Manrique, senhor
de Vilatoquite e de sua mulher D.a Leonor de Zuñiga. O casal gerou os
seguintes cinco filhos:
XLIII - N. de Vargas y Valencia, que faleceu moço.
XLIV. - Francisco de Vargas Manrique de Valencia. XLV. - Jorge Manrique.
XLVI - Diogo de Vargas, que morreu no Posto de capitão do forte de Tunis.
XLVII. - Guterres de Vargas Manrique,
Francisco de Vargas Manrique de Valencia,
n.o XLIV acima, senhor de Vilatoquite, foi cavaleiro da Ordem de
Alcântara e serviu nas galeras da Espanha. Achou-se no socorro de Malta
com D. João de Cardona, no ano de 1565 - e tão valorosamente combateu,
que a Ordem de São João instituiu que todos os da sua linhagem não
pagassem jóia para nela ingressar. Também serviu na guerra de Granada,
como capitão da gente de Madrid. Casou-se três vezes: a primeira com D.a Maria de Gusmão,
filha de D. Gonçalo Franco de Gusmão, senhor de Prejamo e Vilaforte e
Olmilhos e de sua segunda mulher D.a Marina de Porres, não tendo filhos
desse primeiro casamento. Segunda vez casou-se com D.a Beatriz de Gusmão, filha de D. João de Bracamonte, senhor de Peñaranda e de sua mulher D.a Ana de Ávila. Terceira: Vez casou-se com D.a Francisca Chacón, filha de D. Francisco Chacón, senhor de Casarubios e de sua mulher D.a Aldonsa de Ayala. Teve do segundo casamento o filho:
XLVII. - Fradique de Vargas Manrique de Valencia, que morreu menino. Do terceiro casamento teve os seguintes quatro filhos:
XLIX. - Fradique de Vargas Manrique de Valencia, primeiro marquês de São Vicente, Senhor de Vilatoquite.
L. - Vicente Chacón, que morreu moço.
LI. - Antonia Manrique; Casou-se com D. Pedro Fernandes de Vilaroel, senhor de Vilabindos.
LII. - Aldonsa de Ayala, monja em São Domingos o Real, em Madrid.
Guterres de Carvajal,
n.o XXV retro; foi abade de Santa Leocádia, na Santa Igreja de Toledo e
abade comendatário de São João de Corias, mosteiro da Ordem de São
Bento no principado de Astúrias e bispo de Plasência por regresso e
renúncia do cardeal D. Bernardino de Carvajal, seu tio, tendo então a
idade de dezoito anos. Governou com muita justiça o seu bispado e para
sua execução teve letrados muito bem pagos. Dizia que no seu bispado o
único clérigo ruim que se toleraria, seria ele mesmo. Acompanhou no ano
de 1526 o corpo do rei Felipe I, quando por ordem do imperador D.
Carlos, seu filho, foi trasladado de Santa Clara de Tordesilhas para a
capela real da Santa Igreja de Granada. Achou-se no concilio de Trento,
no ano de 1552, acompanhado de doutos letrados que ali levou e naquela
cidade construiu umas ricas casas para que nelas se hospedassem os
bispos de Plasência cada vez que ali tivessem de ir. Construiu no ano de
1555, o colégio de Santana da Companhia de Jesus em Plasência e no ano
de 1556, reedificou a capela de Nossa Senhora e São João de Latrão em
Madrid que por esse motivo ficou com a denominação de capela do Bispo.
No convento de Nossa Senhora de Atocha mandou construir enormes
dormitórios e o refeitório que é um dos maiores da província. Foi, como
escreveu o padre Pedro Rivadeneira, mais cavaleiro que Sacerdote.
Construiu ainda as igrejas de Casatejada, El Toril e Malpartida, onde
ficaram esculpidas as suas armas. Morreu na sua vila de Jaraicejo a 27
de abril de 1559 e seu corpo foi transportado para a capela de Nossa
Senhora e São João de Latrão de Madrid. Teve os dois filhos naturais
seguintes:
LIII. - Francisco de Carvajal, que foi legitimado pelo rei e pelo papa, havido em N. de Mendonça, filha de D. Cado de Mendonça, deão de Toledo e de Catarina de Robledo.
LIV. - Catarina de Carvajal.
Francisco
de Carvajal, n.o LIII acima, herdou o morgado fundado por seu pai, em 9
de fevereiro de 1559, em cuja parte entravam as sizas de Jaraicejo. Foi
cavaleiro de prol, grande conhecedor da língua latina e o rei Felipe II
o contemplou com a corregedoria de Leão, cargo em que veio a falecer.
Casou-se com D.a Maria de Mendonça e Pacheco, filha de D. João
Furtado de Mendonça, terceiro conde de Monteagudo e senhor de Almazán e
de sua mulher a condessa D.a Luiza Fajardo. Tiveram desse casamento os
seis filhos seguintes:
LV. - Guterres de Carvajal. Sucedeu ao pai no morgado. Casou-se com D.a Elvira de Monroy, senhora de Latajeña, filha de Gonçalo de Monroy, senhor de Latajeña e de sua mulher Inês de Carvajal. Não deixou sucessão.
LVI. - Juán de Carvajal, foi monge da Ordem de São Bento.
LVII. - Francisco de Carvajal, que faleceu menino.
LVIII. - Afonso de Carvajal.
LIX. - Luiza de Carvajal.
Nasceu em Jaraicejo a 2 de janeiro de 1566. Foi senhora de grandes
virtudes que passou-se para a Inglaterra onde fundou o convento de
Lovaina. Faleceu em Londres a 2 de fevereiro de 1614. Seu corpo repousa
no real convento da Encarnação de Madrid.
LX. - Leonor de Vargas, monja em Santa Maria a Real, em Trujillo.
Afonso de Carvajal,
n.o LVIII acima, herdou a casa e morgado de seu irmão Guterres. Foi
cavaleiro da Ordem de Santiago e corregedor de São Clemente. Morreu em
Valladolid em 1614. Casou-se com d.a Beatriz de Sotomayor, filha de Jusepe del Castillo, morador em Madrid e de sua mulher D.a Mariana de Sotomayor. Teve os três filhos seguintes:
LXI. - Francisco de Carvajal.
LXII. - Ana Maria de Mendonça, que se casou em Guadalajara com D. Bernardino de Pie de Concha y Zuñiga, filho de Afonso de Pie de Concha e de D.a Isabel de Zuñiga, sua mulher.
LXIII. - Luiza de Carvajal, que casou-se com D. José de Olivares y Figueroa.
Catarina de Vargas, n.º XXIX retro, foi dama da rainha Católica D.a Isabel. Casou-se com D. Antônio de Mendonça,
filho de lñigo Lopes de Mendonça, primeiro marquês de Mondéjar e de sua
mulher a marquesa D.a Francisca Pacheco. Foi Dom Antônio comendador de
Socuéllamos na Ordem de Santiago e vice-rei da Nova Espanha e depois do
Peru. O casal teve os três filhos seguintes:
LXIV. - Iñigo de Mendonça, comendador de Socuéllamos na Ordem de Santiago. Faleceu de um arcabusaço recebido no assalto de São Quintino. Não se casou.
LXV. - Francisco de Mendonça, que foi general das galeras de Elpenha e governador das minas de Guadalcanal. Casou-se com sua prima-irmã Catarina Mendonça, filha de Bernardino de Mendonça, general do mar e de sua mulher D.a Elvira Carrillo de Córdoba. Não deixou sucessão.
LXVI. - Francisca de Mendonça. Casou-se esta com Afonso Fernandes de Córdoba y Velasco, seu
primo-segundo, filho do conde de Alcaudete, senhor de Montemaior e de
sua mulher a condessa D.ª Leonor Pacheco. Nasceu em Tafalla, quando leu
pai era vice-rei de Navarra, a 27 de agosto de 1512. Foi comendador de
Vilanova da Fonte da Ordem D. Santiago, governador de Orán e vice-rei de
Navarra, posto em que faleceu na cidade de Estela a 27 de fevereiro de
1565. Tiveram do seu casamento os nove filhos seguintes:
LXVII. - Martin.
LXVIII - Antônio.
LXIX. – Afonso (?) Fernandes de Córdoba y Velasco; terceiro conde de Alcaudete, senhor de Montemayor, que faleceu solteiro com dezenove anos de idade.
LXX. - Francisco Fernandes de Córdoba y Velasco, quarto conde de Alcaudete, Senhor de Montemayor.
LXXI. - Diogo de Córdoba.
LXXII. – Afonso (?) de Córdoba, faleceu menino.
LXXIII. - Leonor de Córdoba y Pacheco, que se casou com D. Francisco de Rojas, primeiro Conde de Mora, senhor de Lãyos e Castañar e de sua mulher D.- Marina de Guevara. Não deixou sucessão.
LXXIV. Catarina de Córdoba, faleceu solteira.
LXXV. - Elvira de Cordoba. Casou com D. Diogo de Aguayo y Godoy,
senhor de Vilaverde, filho de D. Rodrigo de Aguayo, quarto senhor de
Vilaverde e de D.ª Maria Muniz de Godoy, sua mulher. Não teve geração.
Francisco Fernandes de Córdoba y Velasco,
n.o LXX acima, foi comendador de Socuéllamos na Ordem de Santiago e
governador de Orán, gentil-homem da câmara d'el-rei D. Felipe IV, aio e
mordomo maior do infante D. Carlos e do Conselho do Estado e de Guerra.
Casou-se com D.a Ana Pimentel, terceira marquesa de Viana, filha de D. Pedro Pimentel, segundo marquês de Viana e de sua mulher D.ª Maria de Manrique. Teve os dois seguintes filhos:
LXXVI. - Antonia de Córdoba y Velasco.
LXXVII. - Francisca de Mendonça, monja em Santa Catarina de Sena de Valladolid.
Diogo de Cordoba, n.º LXXI acima, foi cavaleiro de Calatrava e casou-se com D.ª Inês de Alagón, mulher que havia sido de D. Álvaro de Cordoba, filha de Artal de Alagón, terceiro conde de Sástago, senhor de Pina, e de sua mulher D.a Luiza Fernandes de Heredia. Tiveram desse casamento os dois filhos:
LXXVIII. – Afonso (?) de Córdoba, cavaleiro da Ordem de Calatrava e que faleceu solteiro.
LXXIX. - Francisca de Cordoba.
Gonçalo de Carvajal,
primogênito de Guterres de Carvajal e Dª Catarina de Camargo, n.o XVII
retro, herdou o morgado fundado por seus pais, vulgarmente chamado “dos Carvajais de Santa Clara”. Casou-se com D.a Guiomar da Silva,
filha de D. Pedro da Silva, morador e regedor de Ciudad Rodrigo e de
sua primeira mulher D.a Mayor Maldonado. Teve os dois filhos:
LXXX. - Guterres de Carvajal.
LXXXI. - Francisco de Carvajal,
em cuja sucessão se prolongou a casa. Guterres de Carvajal, n.o LXXX
acima, sucedeu a seu pai e casou-se em Cáceres com D.ª Beatriz de
Saavedra, tendo os dois filhos:
LXXXII. - Gonçalo de Carvajal.
LXXXIII. - Francisco de Carvajal, (outro?) abade e senhor de Husillos.
Francisco de Carvajal, n.o LXXXI acima, foi morador em Ciudad Rodrigo e casou-se com D.ª Elena da Fonseca. Teve a filha:
LXXXIV. - Joana da Silva Carvajal.
Maria de Carvajal, alcunhada “A Seca”, nº XX retro, casou-se com Gonçalo de Salazar e faleceu a 11 de Novembro de 1549, deixando a filha única:
LXXXV.- Leonor de Salazar, que se casou com seu primo-segundo, Francisco de Carvajal,
senhor de Torrejón, filho de Garcilopes de Carvajal, senhor de Torrejón
e de sua mulher Francisca de Valderrábano y Dávila. Faleceu no último
de abril de 1525 e teve os quatro filhos seguintes:
LXXXVI. - Garcilopes de Carvajal.
LXXXVII. - Bernardino de Carvajal, arcedíago de Plasência, abade e senhor
de Husillos.
LXXXVIII. - Beatriz de Carvajal, que se casou com D. Sancho de Paredes.
LXXXIX. - Maria de Carvajal, monja em Barco de Ávila.
LXXXIX. - Maria de Carvajal, monja em Barco de Ávila.
Garcilopes de Carvajal, n.o LXXXVI acima, senhor de Torrejón, foi cavaleiro da Ordem de Santiago. Casou-se com D.a Catarina de Manrique,
filha de Garci Fernandes Manrique, terceiro conde de Osorno e da
condessa D.a Maria de Luna, sua mulher. Teve os três filhos seguintes:
XC. - Francisco de Carvajal.
XCI. - Maria de Carvajal, em cuja sucessão se conservou a casa de Torrejón.
XCII. - Petronilla Manrique, que se casou com D. Cristovam de Vilalva, filho de João de Vilalva e de sua primeira mulher D.a Leonor Chaves. Sem sucessão.
XCII. - Petronilla Manrique, que se casou com D. Cristovam de Vilalva, filho de João de Vilalva e de sua primeira mulher D.a Leonor Chaves. Sem sucessão.
Francisco de Carvajal,
nº XC acima, foi primeiro conde de Torrejón, por mercê de Felipe II e
comendador de Puertollano e Almodóvar, na Ordem de Calatrava. Exerceu os
cargos de corregedor de Granada, de Toledo, duas vezes e assistente de
Sevilha. Casou-se com D.a Francisca de Mendonça, filha de D. João Furtado de Mendonça, terceiro conde de Monteagudo, senhor de Almazán e de sua mulher D.a Luisa Fajardo. Teve o filho único:
XCIII. - Garcilopes de Carvajal, que faleceu em vida de seu pai. Casou-se com D.a Catarina de Carvajal,
sua prima-irmã, senhora do morgado dos Carvajais de Santa Clara, filha
de D. Gonçalo de Carvajal e de sua mulher D.a Maria de Carvajal.
Beatriz de Carvajal, n.º LXXXVIII acima, casou-se com D. Sancho de Paredes,
cavaleiro do hábito de Santiago, filho do coronel Diogo Garcia de
Paredes e de D.ª Maria de Sotomayor, sua mulher. Teve o casal os quatro
seguintes filhos:
XCIV. - Luis de Paredes.
XCV. - Fernando de Paredes.
XCVI. - Maria de Paredes, que se casou com Gonçalo de Tapia, senhor de Plasenzuela.
XCVII. - Leonor de Paredes, que casou-se com D. Rodrigo de Orellana.
Luiz de Paredes Corajo, no XCIV acima, casou-se com D.a Francisca de Orellana, filha de João de Orellana de Chaves e de D.a Teresa de Menezes, sua mulher. Teve os dois filhos seguintes:
Luiz de Paredes Corajo, no XCIV acima, casou-se com D.a Francisca de Orellana, filha de João de Orellana de Chaves e de D.a Teresa de Menezes, sua mulher. Teve os dois filhos seguintes:
XCVIII. - Beatriz de Paredes.
XCIX. - Antonia de Menezes, que casou-se com D. Pedro Calderón Altamirano.
Maria de Paredes, nº XCVI acima, casou-se como se disse com Gonçalo de Tapia,
senhor de Plasenzuela, filho de Bernardino de Tapia e de sua mulher D.ª
Angela de Sotomayor. Teve os seguintes filhos, em número de dez:
C. - Estevam de Tapia.
CI. - Bernardino de Tapia; que morreu antes de consumar seu casamento com Maria de Tapia, sua sobrinha.
CII. - Luis de Tapia Paredes y Corajo, cuja sucessão se dará adiante,
CIII. -Angela de Sotomayor, que casou-se com D. Pedro de Loyasa, senhor de Marta.
CIV. - Bernardino de Tapia, quintogenito.
CV - Sancho de Tapia.
CVI. - Beatriz de Tapia.
CVII. – Mezia de Tapia.
CVIII –Maria de Tapia
CIX. – Joana de Paredes
(Lembraremos
aqui que destes Tapias, que se uniram com seus parentes Camargos do
ramo de Roa, formou-se certamente o elo entre os Camargos de Plasência e os de Castrogeriz, de onde era natural (o tronco paulistano) Jusepe Ortiz de Camargo,
pois as armas dos Camargos de Roa, unidos aos Tapias, acreditamos terem
sido idênticas às armas dos Camargos de Castrogeriz, visto ambas as
vilas ficarem na província de Burgos).
Leonor de Paredes e Sotomayior, n.o XCVII acima, casou-se como dissemos com Dom Rodrigo de Orellana,
seu tio, primo-irmão de seu pai D. Sancho de Pares, filho de Pedro
Soares de Toledo e de sua segunda mulher D.a Joana de Aragão. Deixou os
três filhos seguintes:
CX. - Pedro Afonso (?) de Orellana, senhor de Orellana a Velha.
CXI. - Sancho de Paredes.
CXII.- Francisco de Meneses.
*Beatriz de Carvajal, filha de Guterres de Carvajal, cavaleiro da Casa Real e de D.a Catarina de Camargo, sua mulher, n.o XXI retro, casou-se com D. Cristovam Pizarro,
seu sobrinho, senhor da casa de Alcollarin, filho de seu primo segundo
Diogo de Pizarro e de sua mulher D.a N. Quijada. Teve os dois filhos:
CXIII. - Diogo Pizarro.
CXIV. - Isabel de Carvajal, que casou-se com Pedro Soares de Toledo.
Diogo Pizarrro, nº CXIII acima, casou-se com sua prima-segunda, Beatriz de Monroy, filha de D. Fabião de Monroy, senhor de Monroy e de sua mulher D.a Francisca de La Peña y Saavedra. Teve o filho único:
CXV. - Cristovam Pizarro, que herdou a casa de Alcollarin e casou-se com Dª Ana de Aragão,
filha do coronel Álvaro Pizarro, comumente conhecido por "Comendador
Pizarro", por haver sido cavaleiro da Ordem de Santiago e de sua mulher
D.a Maria de Aragão, duquesa que havia sido de Amalfi. Teve os dois
filhos:
CXVI. - Álvaro Pizarro.
CXVII. - Diogo Pizarro, que se casou com D.a N. Pizarro, filha de João Pizarro, o Gordo e de sua mulher D.a Joana Hinojosa .
Álvaro Pizarro, n. CXVI, acima, senhor da casa de Alcollarin, casou-se com sua prima terceira e quarta D.a Maria de Carvajal,
mulher que havia sido de D. Gonçalo de Carvajal, senhor do morgado dos
Carvajais de Santa Clara, filha de Garci Lopes de Carvajal, senhor de
Torrejón e de sua mulher D.a Catarina de Manrique. Teve os cinco filhos
seguintes:
CXVIII. - Cristovam Pizarro Manrique, que casou-se com N. de Orellana,
irmã de seu cunhado João de Orellana de Torres, filhos todos de Pedro
de Orellana, senhor de Orellana a Nova e de sua mulher d.a Maria Cano.
Não teve geração.
CXIX. - Diogo Pizarro.
CXX. - Garci Pizarro.
CXX. - Garci Pizarro.
CXXI. - ]erônimo Pizarro y Carvajal.
CXXII. - Leonor Manrique, que casou-se com João de Orellatta de Torres.
Diogo Pizzarro de Carvajal, n.o CXIX acima, senhor da casa de
Alcollarín casou- se com D.a Francisca de Orellana, sua prima-segunda,
filha de Álvaro de Hinojosa e de D.a Beatriz de Paredes. Teve os quatro
filhos seguintes:
CXXIII. - Álvaro Pizarro de Carvajal,
terceiro conde de Torrejón, senhor da casa de Alcollarin e mestre de
campo do terço da nobreza da Estremadura nas guerras passadas de
Portugal. Não casou, mas teve o filho natural Placido de Carvajal, que
foi capitão de cavalos nas guerras de França.
CXXIV - Beatriz de Carvajal, quarta condessa de Torrejón. Casou-se com Feliz Neto da Silva, cavaleiro do hábito de Alcântara. Não deixou sucessão.
CXXV- Maria de Carvajal, faleceu solteira.
CXXVI. - Antonia de Carvajal, quinta condessa de Torrejón.
Garci Pizarro de Carvajal, nº CXX acima, casou-se em Toledo com D.a Maria de Carvajal, filha de Diogo de Escobedo Rivadeneirra e de sua mulher D.a Luisa de Carvajal. Teve os dois filhos:
CXXVII. - Álvaro Pizarro y Carvajal, cavaleiro da Ordem de Calatrava.
CXXVIII. – Afonso (?) de Carvajal, monge dominicano.
CXXVIII. – Afonso (?) de Carvajal, monge dominicano.
Jerônimo Pizarro de Carvajal, n.º CXXI acima, casou-se com D.a Isabel de Vilalobos,
filha do Dr. Vilalobos de la Oliva e de D.a Joana Vilalobos sua mulher.
Este Dr. Vilalobos foi grande advogado e seu apelido de origem era
Gonçalves Barrado, chamando-se ele João Gonçalves Barrado, filho de
Diogo Gonçalves Barrado e de sua mulher Isabel Rica, naturais da vila de
La Oliva. Consta isto de uns livros de veladores da paróquia de São
Martin da cidade de Plasência, segundo constatei. Começaram a chama-lo
Vilalobos por estar casado com a dita D.a Joana Vilalobos. Teve o casal
Jerônimo Pizarro e D.ª Isabel Vilalobos os quatro filhos seguintes:
CXXIX. - Cristovam Manrique.
CXXX. - Francisco de Carvajal Manrique.
CXXXI. - Joana Manrique.
CXXXII. - Antonia Manrique.
*Leonor Manrique, n.o CXXII acima, casou-se como se disse com João de Orellana de Torres, senhor
de Orellana a Nova, filho de Pedro de Orellana, senhor de Orellana, a
Nova e de D.a Maria Cano, sua mulher. Teve o filho único:
CXXXIII. - Pedro de Orellana, cavaleiro da Ordem de Santiago.
*Isabel de Carvajal, n.o CXIV retro, casou-se como se disse com Pedro Soares de Toledo, filho segundo de Rodrigo de Orellana, senhor de Orellana, a Velha, e de sua mulher D.a Teresa de Meneses. Teve a filha única:
CXXXIV. - Mariana de Toledo, que casou-se com Diogo Garcia de Chaves, filho de D. Pedro Mesía de Chaves e de D.ª Maria de Sotomayor, sua mulher. Teve o filho único:
CXXXV. - Pedro Mesía de Chaves, que casou-se com D.a Catarina de Cárdenas, sua parente, filha de João de Chaves Sotomayor e sua mulher D.a Isabel Cárdenas. Teve o casal o filho único:
CXXXVI. - Pedro Mesía y Chaves.
Francisca de Carvajal, última filha de Guterres de Carvajal e de dona Catarina de Camargo, n º XXIII retro, casou-se com Afonso Pizarro e teve dois filhos:
CXXXVII – Garci Lopes de Carvajal, frade.
CXXXVIII – Afonso Pizarro, idem".
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ADENDA
PUBLICAÇÃO DE PESQUISA NOS EUA, CALIFÓRNIA, EM 1989.
Emigrants and Society Extremadura and America in the Sixteenth Century
By Ida Altman
UNIVERSITY OF CALIFORNIA PRESS Berkeley · Los Angeles · Oxford © 1989 The Regents of the University of California.
(Com revisão, adições, correções, comentários e lay-out do autor deste blogue).
Migrações e
imigrações da Família Camargo quinhentista em Espanha
"Uma
das famílias
mercantes mais bem sucedidas na Sevilha do Século XVI foi a Família
Camargo (oriunda de Plasência, anteriormente Castela) tendo ela enviado
seus filhos para as
Américas e a diversos cargos civis daquela cidade andaluza e da região
estremenha.
O ultimo verdadeiro mercador da família foi Luís de Camargo que morreu em 1551, que é por coincidência
um dos Camargos mais antigos (de quem se têm amplos dados) até hoje. Luís tinha
laços comerciais e de forte amizade (eram parentes, veja-se acima) com a família Pizarro e seus financiadores. Tendo conduzido negócios em 1535 com
Inés Rodríguez de Aguillar, irmã do famoso conquistador Hernán Pizarro, e em 153(?) com Gonzalo Pizarro (quem matou ou mandaria matar seu filho Almirante Francisco Alfonso de Camargo no
Peru em 1546), financiando a sua expedição de conquista ao Peru".
"Com exceção de Diego de Camargo e Juan de Camargo que trabalharam no comércio de seu pai Luís de Camargo, enquanto vivo, os outros filhos não seguiram os seus passos. Juan se tornou Tesoureiro e depois Regidor* de Trujillo (Estremadura). Alfonso de Camargo se tornou marinheiro, o segundo(sic, o 3º) a navegar o Estreito de Magalhães (em 1539) e em 1536 (sic, 1540) chegou a Santa Marta no Peru. Muito tempo depois, em 1586 (ou 1592 na nossa interpretação), seu neto (sic, bisneto) Jusepe (Ortiz) de Camargo imigraria a São Paulo, no Brasil.
"Com exceção de Diego de Camargo e Juan de Camargo que trabalharam no comércio de seu pai Luís de Camargo, enquanto vivo, os outros filhos não seguiram os seus passos. Juan se tornou Tesoureiro e depois Regidor* de Trujillo (Estremadura). Alfonso de Camargo se tornou marinheiro, o segundo(sic, o 3º) a navegar o Estreito de Magalhães (em 1539) e em 1536 (sic, 1540) chegou a Santa Marta no Peru. Muito tempo depois, em 1586 (ou 1592 na nossa interpretação), seu neto (sic, bisneto) Jusepe (Ortiz) de Camargo imigraria a São Paulo, no Brasil.
*Obs.: O fato de Juán de Camargo ter obtido dois cargos de tão alta relevância naquela importante cidade estremenha, vem demonstrar que esta era a sua verdadeira origem, e não Sevilha, para a qual seu pai Luiz possivelmente se deslocara e onde mantinha comércio, porque lá era o entreposto aduaneiro, comercial e administrativo entre o Novo Mundo e o Reino - nada saía ou entrava da Espanha que não fosse por Sevilha, o reduto natural de um grosso comerciante. Os Camargo jamais foram "de Sevilha", apenas estavam estacionados "em Sevilha", sua origem próxima era a Estremadura e a remota Castela, de um ramo de Roa que derivou para Placência na Estremadura. Esta história está descrita acima.
Álvaro de Camargo, neto de Luís de Camargo imigrou
de Trujillo na Estremadura para a Nova Espanha (México) nas
Américas. Seu primo Juan de Camargo emigrou para o Peru em 1592 com 25
anos de
idade (é provável que o nosso tronco paulistano Jusepe de Camargo tenha
vindo com ele nos mesmo navio, e desembarcado em uma escala no porto de
Santos SP).
Geração No. 1
1. LUIS1 DE CAMARGO (O Velho) faleceu
em 1551. Casou-se com BEATRIZ ALVAREZ.
Os Filhos são:
2.
i. FRANCISCO ALFONSO2 DE CAMARGO,
† 1546 (O Almirante do Estreito de Magalhães, 3º a atingir o Oceano
Pacífico e 1º a costear o litoral Sul do Chile, na "Baía do Carneiro" - o
nome se deriva do fato deste almirante ter recebido de presente um
carneiro doado por um "patagón" nativo).
ii. LUIS DE CAMARGO (O Moço).
3. iii. DIEGO DE CAMARGO.
iv. JUAN DE CAMARGO, † c. 1550.
4. v. ALVARO DE CAMARGO.
vi. LEONOR ALVAREZ, c. c/ Vicente Henríquez.
vii.
MAYOOR ALVAREZ, c. c/ Alonso Henríquez.
Geração No. 2
2. FRANCISCO ALFONSO2 DE CAMARGO
(LUIS1), o Almirante faleceu
em 1546, assassinado no Peru, após inúmeras refregas contra os
apaniguados do rebelado Gonçalo Pizzarro, em rebeldia contra o rei de
Espanha, de quem os Camargos eram nobres defensores.
Biografia:
A fim de
explorar o estreito aberto por Magalhães (Fernando de, português), organizou uma expedição junto ao
bispo de Placência composta de três (sic, quatro) naus. A expedição partiu de
Sevilha em agosto de 1539. No dia 20 de Janeiro (de 1540) chegou ao Estreito de
Magalhães, a travessia se provando difícil e perigosa com a perda de uma (sic, duas) das
naus. Acredita-se que a tripulação (de uma das duas) da embarcação naufragada
conseguiu chegar à terra firme, mas os relatos não são muito confiáveis.
Alfonso de Camargo chegou as costas de Arequipa transformando-se no segundo (sic, terceiro, o segundo foi outro espanhol)
navegador a conquistar o Estreito de Magalhães.
O filho de FRANCISCO ALFONSO DE CAMARGO foi:
5.
i. LUIZ DÍAZ3 DE CAMARGO, n. 1520, Sevilla, Espanha.
3. DIEGO2 DE CAMARGO (LUIS1)
pai de
i. ALVARO3
DE CAMARGO (sobrinho de outro abaixo). Em 1577 Navegou para Nova Espanha
4. ALVARO2
DE CAMARGO (LUIS1) Casou-se com JUANA GONZÁLEZ DE
ORELLANA, filha de MARCOS DE ORELLANA e ISABEL ALVAREZ, pais de:
i. JUAN3
DE CAMARGO, n. 1567. Navegou ao Peru em 1592
Geração No. 3
5. LUIZ DÍAZ3 DE CAMARGO
(FRANCISCO ALFONSO2, LUIS1) nasceu em
1520 em Sevilla, Espanha. Casou-se com BEATRIZ DE LA PEÑA 1545, pais de:
6.
i. FRANCISCO4 DE CAMARGO, n. 1546, Castrojeriz,
Castella, Espanha.
Geração No. 4
6. FRANCISCO4 DE CAMARGO
(LUIZ DÍAZ3, FRANCISCO ALFONSO2, LUIS¹)
nasceu em 1546 em Castrojeriz, Castella, Espanha. Casou-se com GABRIELA
ORTIZ 1571. Ela nasceu em 1550 em Castrojeriz, Castella, Espanha. Tiveram
o filho:
7. i. JUSEPE5 (ORTIZ) DE CAMARGO, n. 1586(sic, mais provável 1572, chegando ao Brasil em 1592, aos 21 anos), Castella, Espanha; † 1619, São Paulo SP Brasil, enterrado no Mosteiro do Carmo.
7. i. JUSEPE5 (ORTIZ) DE CAMARGO, n. 1586(sic, mais provável 1572, chegando ao Brasil em 1592, aos 21 anos), Castella, Espanha; † 1619, São Paulo SP Brasil, enterrado no Mosteiro do Carmo.
Geração No. 5
7. JUSEPE5 ORTIZ DE CAMARGO (FRANCISCO4,
LUIZ DÍAZ3, FRANCISCO ALFONSO2, LUIS1)
nasceu em 1586 (sic, mais provável 1572, seus pais se casaram em 1571); chegou ao Brasil (+ provável em 1592, 1ª referência das Atas da Câmara SP) em Castela, Espanha e faleceu em 1619 em São Paulo
SP Brasil. Casou-se com LEONOR DOMINGUES (LUÍZ). Ela faleceu em 1630 em
São Paulo SP Brasil.
Biografia de
JUSEPE ORTIZ DE CAMARGO:
GPSL: “A
família Camargo paulistana teve princípio em Jusepe Ortiz de Camargo, natural de Castela,
que veio a S. Paulo na última parte do século 16.º, f.º de Francisco de Camargo
e de Gabriela Ortiz, naturais de Castela, n. p. de Luiz Díaz de Camargo e de
Beatriz de La Peña. Em S. Paulo casou Jusepe de Camargo com Leonor
Domingues, falecida com testamento em 1630 na mesma vila, no estado de viúva de
seu marido, f.ª de Domingos Luiz – o Carvoeiro (de Santa Marina da Carvoeira) – cavaleiro fidalgo, e de Anna
Camacho. Foi Jusepe de Camargo concunhado de Amador Bueno da Ribeira (O Aclamado Rei de São Paulo), que foi
casado com Bernarda Luiz, também f.ª do dito Domingos Luiz, como se vê neste V.
1.º pág. 81. Esta família (bem como a descendência de Amador Bueno, e outras
descritas em Tit. Carvoeiros) participa do sangue de João Ramalho, que foi
casado com Izabel Dias (Bartira) f.ª do cacique Tibiriçá, como se vê na pág. 48 deste V.
1.º. Foi Jusepe de Camargo pessoa de autoridade e respeito em S. Paulo, onde
ocupou o cargo de juiz ordinário em 1611; e seus descendentes, conservando o
prestígio de seu progenitor, disputaram por muitos anos as rédeas do governo,
tendo como competidora a não menos nobre e poderosa família Pires.
Segundo as
investigações feitas pelo Dr. Ricardo
Gumbleton Daunt, que se ligou por seu casamento a esta família Camargo, era ela “oriunda
de Sevilha” e descendente do célebre navegante espanhol Afonso(sic, Francisco Alfonso) de Camargo, que
em 1539 empreendeu ir ao Peru pelo Estreito de Magalhães; após terríveis
peripécias e perdas consideráveis, Alfonso de Camargo chegou a ganhar o porto
de Arequipa com as suas três (sic, uma única, a capitânia) naus. (Ensaio Biográfico
do Dr. Ricardo pelo Dr. Estevam Leão
Bourroul).
Genealogia
Paulistana – Silva Leme – Tit. Camargo
Como citado
anteriormente, Silva Leme nos forneceu os seguintes dados sobre a ascendência
do tronco da FAMÍLIA CAMARGO - JUSEPE DE CAMARGO, como assinava na maioria das
vezes, chegou à Vila de São Paulo no último quartel do Século XVI (provável
1592, quando assinou ata como almotacel), filho de Francisco de Camargo e de Gabriela Ortiz, ambos naturais da
Espanha, região Castelhana, cidade de Castrojeriz, ao lado de
Burgos. Foi ele neto, pelo lado paterno, de Luís Díaz de Camargo e
de Beatriz de La Peña.
Na Vila de
São Paulo, Jusepe de Camargo, casou-se com Leonor Domingues (Luiz), filha
de Domingos Luiz da Carvoeira, “O Carvoeiro de Alcunha” (de Sta. Maria da Carvoeira), e Anna Camacho.
Sobre
este último casal é necessário registrar que eram pessoas voltadas para
as práticas piedosas e muito apegadas a lides da igreja, tendo sido os
fundadores de uma capela, cujo orago era Nossa Senhora da Luz, que, com o
passar dos anos, deu origem ao atual Convento da Luz (Igrejas de S. Paulo, de
Leonardo Arroyo, pág. 3 – 1. Livro do Tombo da Sé, pág. 15, arquivo da
Cúria metropolitana ).
Jusepe de Camargo era concunhado de Amador Bueno da Ribeira (O Aclamado “Rei de São Paulo”), porque este ultimo também era casado com outra filha de Domingos Luiz, Bernarda Luiz. Essas duas famílias participaram do sangue (do pré-colonizador) JOÃO RAMALHO, ascendente de Anna Camacho. Este lendário cacique (morubixaba) foi o braço direito do Pde. ANCHIETA, sem cujos préstimos, sua missão teria sido mais difícil (ou impossível, no cerco da vila em 1562).
Jusepe de Camargo era concunhado de Amador Bueno da Ribeira (O Aclamado “Rei de São Paulo”), porque este ultimo também era casado com outra filha de Domingos Luiz, Bernarda Luiz. Essas duas famílias participaram do sangue (do pré-colonizador) JOÃO RAMALHO, ascendente de Anna Camacho. Este lendário cacique (morubixaba) foi o braço direito do Pde. ANCHIETA, sem cujos préstimos, sua missão teria sido mais difícil (ou impossível, no cerco da vila em 1562).
Através das
atas da câmara dos vereadores da Vila de São Paulo, foi possível traçar um
perfil da personalidade de Jusepe Ortiz de Camargo. Foi ele um político hábil,
espírito aguerrido, ardoroso defensor da utilização do braço indígena em (parceria)
benefício dos colonos como de seus parceiros nativos. Demonstrou possuir um caráter intransigente. Aliás, me
parece, que este traço tem acompanhado seus descendentes de linha direta há
quase quatro séculos.
Tudo nos
leva a crer que Jusepe de Camargo foi sempre um homem cujas atividades
desenvolveram-se mais dentro do âmbito citadino do que propriamente nas lidas
do sertão. Esta hipótese se nos configura provável devido ao seu nome não
constar como participante de qualquer das primeiras entradas encetadas pelo
capitão-mor Jerônimo Leitão, com a finalidade de "reduzir" (domesticar) os Índios
Carijós.
Por volta de 1594, a Vila de São Paulo foi assediada
por índios refratários à catequese e de acordo com as primeiras atas da
câmara, Jusepe de Camargo teve participação ativa, comparecendo como uma das
principais figuras na organização da defesa da Vila de São Paulo, que na época
era constituída do colégio dos Jesuítas e umas poucas casas de colonos, sem
falar em algumas propriedades rurais mais afastadas.
Em 1592 foi
eleito Almotacel, e figura nessa mesma época em um protesto dirigido ao
Capitão-Mor sobre questões de localização de domicílio, contrapondo-se ao
prestigioso Antônio da Proença.
Em 1595
ganha a eleição para Juiz Ordinário. Por volta de 1598 temos notícias que
Jusepe de Camargo residia nos arrabaldes (da vila) de São Paulo, sendo vizinho
de Diogo Fernandes.
Dentro do
quadro político da época, temos informações de que ao findar o século XVI
liderou a organização de grupos, cuja finalidade era a mineração do ouro e da
prata, empreendimento este que era suportado financeiramente pelo chefe da casa
dos Souza Prado sem, contudo, precisar ir ao sertão.
No alvorecer
do século XVII, em 1602, precisamente, foi eleito vereador, tendo seu mandato
sido renovado no ano seguinte. Por volta desta mesma época foi membro destacado
de uma junta eleita por determinação do Provedor da Fazenda Real, Luiz D’Almada
Montarroio, com a responsabilidade de classificar e registrar os índios apresados
no sertão pela entrada de Nicolau Barreto.
É de se notar
que o prestígio de Jusepe de Camargo era tão grande quanto ao das figuras mais
importantes daquele tempo, tais como Fernando Dias Paes e Antônio de Proença e
outros.
Jusepe de
Camargo, como já foi dito, era pessoa muito bem relacionada no cenário político
da época, do que é exemplo uma passagem na qual figura como personalidade
central. Trata-se de uma ata da Câmara datada de 22 de agosto de 1603, na qual
consta que o procurador do conselho, João De Sant‘Anna, se lastima diante dos
demais membros, por julgar que Jusepe de Camargo havia abusado da sua boa fé,
ao agir de modo parcial, com intuito de servir a um seu amigo particular, o
então Capitão-Mor Diogo Lopes de Castro.
A 17 de
março de 1607, temos outra notícia de Jusepe de Camargo. Foi ele nomeado por
provisão do governador-geral Diogo Botelho ao cargo de Juiz de Órfãos da Vila
de São Paulo. Em 1612 é eleito novamente Juiz Ordinário.
Jusepe de
Camargo foi um dos destacados cabeças do (1º) movimento encetado para expulsar
os Jesuítas, em consequência de questões relativas ao servilismo Indígena.
Para ter-se
uma idéia mais ampla do que foi este movimento, suas razões e repercussões,
tracem um esboço do que realmente sucedeu: D. Francisco de Souza, quando
governador-geral das capitanias do Sul, preocupou-se mais com descobertas de
Filões Auríferos, não se interessando muito pelas demais necessidades que
envolviam a governança. Foi ele muito chegado às ordens religiosas e influenciado
pelos últimos, refreou quanto lhe foi possível as investidas domesticadoras dos
colonos. Após o seu desaparecimento, seu filho D. Luís de Souza Henriques, movido
já por outros interesses, afrouxou aquele controle.
Por essa
época, tanto em São Paulo quanto em outras regiões do Brasil que possuíam núcleos de
colonização, existia certo descontentamento por parte dos colonos devido ao
usufruto parcial dos Jesuítas da mão-de-obra indígena. Pois os Jesuítas
acobertados pelos objetivos catequistas, (conspiração de inspiração estrangeira) aos poucos, estavam com o monopólio dos índios sobre seu controle.
Pois bem,
onde não há gozo equitativo de direitos, existe a insatisfação. O
referido fato foi, aos poucos, impregnando o ânimo dos colonos, que reagiram
contra aquele monopólio injusto no tocante à utilização de direitos sobre os índios.
Para
abrandar tais tensões, a metrópole sancionou a lei de 10 de setembro de 1611,
criando para o governo civil das aldeias um Capitão para manter a ordem e
organizar o uso do braço indígena, o que de certa forma revogava em parte a
proibição das entradas de redução indígena.
Tal
afrouxamento foi o suficiente para que os Paulistas recrudescessem de tal forma
em suas investidas às reduções Jesuíticas de Guaíra e Tape que não tardou uma
reclamação enérgica do Governador do Paraguai.
Os jesuítas
a seu turno não queriam abrir mão do antigo privilégio, coisa que, de certa
forma, irritava os colonos, acirrando-lhes os ânimos e levando-os a constantes
desentendimentos.
A 10 de
julho de 1612, conforme consta em Ata da câmara da Vila de São Paulo, os
vereadores reuniram-se com os homens de destaque do governo e do meio social,
sob a Presidência de Jusepe de Camargo o qual expôs o fato de que, muito
embora D. Luiz de Souza houvesse permitido em parte a utilização do braço
indígena pelos colonos, os Jesuítas a isso se contrapunham, induzindo os
indígenas a se rebelarem em zombarias contra o poder dos Capitães (Subversão).
Cerca de
sessenta e oito potentados da capitania assentaram que tal estado de coisas
deveria ser mudado. Providências enérgicas acreditam, devem ter sido tomadas,
pois após esta reunião durante um lapso de vinte anos não ocorreu intromissão
por parte dos jesuítas nesta questão indígena. A essa época Jusepe de Camargo
atingia o seu apogeu na Capitania e em 1613 na ata inicial do novo mandato,
encontra-se assentado que os oficiais se ajuntaram nas pousadas do vereador
mais velho, Gonçalo Madeira, por estar alí a caixa do conselho e determinaram que
servisse de Almotacel Estevam Gomes Cabral, "por ser casado de pouco com a
filha de Jusepe de Camargo que é pessoa
da governança da terra e ele ser contente se desse à vara ao dito genro”.
Neste mesmo
ano de 1613, Jusepe de Camargo figurou como procurador de seu sogro, Domingos
Luiz, “O Carvoeiro” no inventário de Domingos Luiz, “O MOÇO”.
Pela maneira
com que se conduziu neste processo, conforme cópia de um fragmento que anexamos
a este trabalho, denunciando a sonegação de bens aos menores netos de Domingos Luiz,
“O Carvoeiro” concluímos daí que Jusepe de Camargo devia ser pessoa letrada e
possuidora do conhecimento das normas jurídicas vigentes naquela época.
A partir de
1613 Jusepe de Camargo não mais tomou parte ativa na política de São Paulo.
Segundo informações
do Cônego Roque Luís (de Macedo Leme, genealogista), ele veio a falecer em 1619, e sua mulher Leonor
Domingues a 11 de novembro de 1630, ficando do casal, segundo Silva Leme, com
base em documentos do arquivo do Estado de São Paulo, cartório de órfãos e da
cúria metropolitana, oito filhos. Posteriormente, Carvalho Franco descobriu, ao
pesquisar nos arquivos da cúria, um nono filho (IGNÁCIO).
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Canstatt, Vanhagen, Frei Vicente do Salvador, Felisberto Caldeira,
Albano Magalhães, Fernão Cardim, Antonil, Jaboatão, Francisco de P.ª
Resende, Capristano de Abreu, Candido Costa, Frei Apolinario da
Conceição, Gabriel Soares de Sousa, Sergio Buarque de Holanda, João
Mendes, Pero Lopes de Souza, Afonso de Taunay, Carvalho Franco,
Belmonte, J. F. Almeida Prado, Paulo Prado, Mello Nóbrega, Faustino da
Fonseca, Praxedes Pacheco, Zeferino Candido, Melo e Moraes, Mario de
Meroe, Debret, Barão R. Branco, S.A. Sisson, Gandavo, João Mel. Per.ª da
Silva, Joaquim Mel. de Macedo, Felisbello Freire, Olavo Bilac, Américo
Brasiliense, Luiz Gonçalves, Brandão, Eurico de Góes, Southey, Pero de
Magalhães, Eduardo Prado, Mel. Ayres de Casal, Pedro Calmon, Simão de
Vasconcellos, Oliveira Lima, Oliveira Vianna, Vasconcellos, João Cardoso
de Menezes e Souza, Tshudi, Zaluar, Auguste Saint Hilaire, Luiz Marques
Poliano, Azevedo Marques, Léry, Eduardo Bueno, L. Valentim, Salvador
Henrique de Albuquerque, Pero Vaz de Caminha, Viriato Correia, João
Ribeiro, Solano Constâncio, Galanti, Tancredo do Amaral, Affonso Ant.º,
Hans Staden, Pedro Taques, Frei Gaspar da Madre de Deus, Washington
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