quarta-feira, 13 de setembro de 2017

CAP. AMADOR BUENO 1º Post O Aclamado "Rei de São Paulo"


Capa do livro "Amador Bueno O Rei de São Paulo" de Alfredo Ellis Jr, Editora J. Fagundes S. Paulo.

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O famoso historiador Afonso Teixeira de Escragnole Taunay, em seus "Ensaios Paulistas"*, diz à página 631:

"Quando D. João IV de Bragança assumiu o trono de Portugal em 1640, no ano seguinte Amador Bueno foi aclamado rei de São Paulo pela poderosa facção dos influentes e ricos castelhanos liderados pelos irmãos Juan Matheus Rendón de Cabeça de Vacca e Francisco Rendón de Quevedo de Alarcón y Luna, (este último o cabeça) naturais de Coria, grupo político ao qual pertenciam ainda D. Francisco de Lemos, da cidade de Orens, Espanha; D. Gabriel Ponce de León, de Guairá; D. Bartholomeu de Torales, de Vila Rica do Paraguai, D. André de Zuñiga e seu irmão D. Bartholomeu de Contreras e Torales; D. João de Espíndola e Gusmão da província do Paraguai, e outros que subscreveram o termo de aclamação, a 1º Abril de 1641. Como os espanhóis não queriam ser súditos de D. João IV, o qual reputavam como vassalo rebelde a seu soberano, resolveram provocar a secessão da região paulista do resto do Brasil, esperando talvez anexá-la às colônias espanholas limítrofes. Oferecem o trono ao sogro, ele próprio filho de espanhol e homem do maior prol em sua república pela inteligência, fortuna,  passado de bandeirante,  casamento, altos cargos ocupados".
(*In Estudos de História Paulista 1927 Separata da Revista do Arquivo (Municipal ou Estadual) do Diário Oficial SP). 
 
"Amador Bueno, entretanto, recusou a aclamação, jurando fidelidade ao novo rei português. Dias depois, os demais paulistas fariam o mesmo. O gesto acabou não tendo  maiores consequências, pois São Paulo era uma região marginalizada economicamente e não teria condições de continuar uma luta de independência contra Portugal. O episódio histórico serviu, entretanto, para evidenciar o descontentamento da maioria dos colonos com a dominação portuguesa que já vinha acumulando ingerências e injustiças na vida paulistana, em quase um século da sua existência."


Durante o domínio espanhol dos Felipes da Espanha, entre 1581 e 1640, o governo do partido Camargo encontrou amplo transito na Paulicéia, pois a família era de origem castelhana e seus dirigentes se sentiam em casa, junto aos demais castelhanos que iam chegando da Espanha e Paraguai. Mas com a restauração da monarquia portuguesa em 1640, o horizonte paulistano se obscureceu! Foi então que se deu o conluio entre os espanhóis de cá com os de lá (Paraguai) para proclamar a independência de São Paulo, e aclamar Amador Bueno da Ribeira "Rei de São Paulo", em 1641, o qual declinou da honraria, de espada em punho, jurando aos gritos fidelidade ao novo rei de Portugal, D. João IV (Duque de Bragança), que inaugurara o governo da dinastia dos Bragança no ano anterior. Quase houve batalha campal defronte à Igreja de São Bento onde ele se refugiou, mas logo apartada pela serenidade dos seus respeitados monges (não se registra a participação da família Camargo no evento, pois eram mais nativistas adaptados do que hispanicizantes). 

Simples resistência local ou golpe de Estado?
Muito já se comentou sobre as causas daquela inusitada aclamação separatista. Preferimos, entretanto, acreditar que não foi um movimento doméstico apenas, atípico de um súbito terremoto de reestruturação governamental que balançou a casa! Ou apenas um gesto desesperado dos espanhóis residentes para manter seus privilégios, de um reino que do domínio espanhol se revertia inesperadamente para o português, ameaçando o seu status quo até então dominante. Para tanto, já era de se esperar mesmo uma forte reação, quando se tinha "status e bens ameaçados de ruína total" (como eles exageradamente imaginavam que seria). Mas não era aí que residia a raiz do movimento: Ouve conspiração! E das grandes! E das mais altas esferas políticas! Foi um tripé de poder representado por três instituições daquele panegírico político: O ladino Governador Geral da Repartição Sul, Salvador Correia de Sá e Benevides (que era filho de espanhola e casado com outra espanhola e amigão dos reis espanhóis); o provincial dos jesuítas (subversivos e pró-hispânicos, como já apontamos em nosso outro link, vide Capitão Francisco Nunes de Siqueira) o Vice-Rei do Prata, representando os interesses da coroa espanhola, que não queria perder aquela boca rica e promissora (descoberta de ouro!), até então em seu poder, como veremos no texto estendido que deixamos no final da página, para não sobrecarregar a leitura neste início da exposição do tema e da linhagem.

Rendón e Lemos, os cabeças locais do motim
Nosso grande historiador, romancista e pedagogo Alfredo Ellis Jr. deixou registrado em seu romance histórico "Amador Bueno, Rei de São Paulo" (ilustração de capa da presente matéria), que a conspiração pela independência da vila piratiningana foi arquitetada pelo Condestável local da época D. Francisco de Rendón de Quevedo de Alarcón y Luna, fidalgo galego ali estabelecido, cuja residência no sobrado da Rua de Martim Afonso Tibiriçá (atual Rua S. Bento) teria sido transformada em quartel-general do movimento, registrando um intenso e furtivo vai-e-vem de conhecidas figuras políticas. São Paulo já era de há muito uma rés-pública autônoma, agora só lhe faltava... um rei, para se eclodir num novo reino dos trópicos! Um Poder Moderador para liderar uma nova nação (então dividida e à beira de uma guerra civil)! Com ele se encontravam também seu irmão D. Juan Matheus Rendón de Cabeça de Vacca, D. Andrés de Zuñiga, D. Juan de Espinoza Guzmán e outros, quase todos se constituindo na mais refinada nobiliarquia hispânica, até então habitando a vila. 

Carvalho Franco*, entretanto, acompanha Pedro Taques, colocando a liderança sob D. Francisco de Lemos, natural de Orens, Espanha (incluído na nossa linhagem, veja nosso próximo link). Foram seus companheiros nessa manobra política, segundo Taques, D. Francisco Rendón de Quebedo de Alarcón y Luna (quem Ellis Jr. tem por cabeça) e seu irmão D. Juan Matheus Rendón Cabeza de Vaca, genros do aclamado, naturais de Coria; D. Gabriel Ponce de León, D. Bartholomeu de Torales e seus filhos, D. Andrés de Zuñiga, D. Bartholomeu de Contrera e Torales e D. Juan de Espinosa Gusmán, estes últimos naturais do Paraguai. Taques também concorda que esses fidalgos castelhanos, junto com alguns outros paulistanos residentes, tencionavam com tal ato conservar a enorme extensão da capitania vicentina sob o domínio da Espanha. 
*Biógrafo dos Camargo, na sua obra "Os Camargos de S. Paulo 1937 Ed. SPES".
Quem seria o mais apto ao reinado?
Estavam reunidos para escolher quem seria declarado o seu monarca - e quão frustrante se revelaria a sua escolha! Seguiram a razão pró-hispânica e doméstica, enquanto naquele momento o que mais lhes valeria seria a emoção patriótica - a escolha de um nativista exaltado e líder, como Fernando de Camargo, O Tigre, ao invés do timorato Amador Bueno da Ribeira, que na hora "H", retrocedeu! Depois de muito discutirem entre os nomes do Tigre e de Amador, se decidiram pelo último, por ser Ouvidor da Capitania, ter origem espanhola recente e principalmente, por ser sogro dos principais cabeças daquele movimento conspiratório! Esta foi, pelo menos, a conclusão de Ellis Jr., com a qual concordamos. Essa desastrosa escolha sujeitaria a altiva Paulicéia garrotada pelos cordéis dos infiéis monarcas lusófanos da Casa de Bragança, que no futuro viriam nos roubar sistematicamente as Minas Gerais, Goiás e Cuiabá, chegando mesmo a extinguir a Capitania de São Paulo!!! A timidez de Amador Bueno teve um alto preço para a nossa tão cara aspiração de independência total das demais capitanias acarneiradas ao absolutismo luso, que não comungavam com a nossa natureza nativista, independente, nobiliárquica e idealista!  

Um bom plano, mas com o homem errado
Recusaram escolher um líder nativista de fato como o Tigre, que já o havia comprovado por meio da sua liderança da Bandeira do Aracambi de 1625, quando da expulsão dos castelhanos do Uruguai e RS! Mas supomos que eles entenderam que ele certamente não se curvaria ao domínio espanhol, por isso teria sido descartado!? Reforça-se, portanto, que esta insurreição foi  de natureza mais hispanicizante do que nativista, mas que até poderia ter sido revertida como tal. Agora só podemos conjeturar quanto ao quê teria acontecido, caso Amador Bueno tivesse concordado: teríamos transformado a nossa  república paulistana em reino independente, ou prosseguiria ressatelizada ao reino espanhol, só se alternando as esferas de domínio? (Aliás, falar em independência dentro de colônias de 3º mundo soa como dissonantes quimeras). Pero, Quién lo sabe? 

Outro relato
Manoel Eufrásio de Azevedo Marques, em seus “Apontamentos” Vol. 1, pg.44, também diz dele o seguinte: "Este notável paulistano era filho de Bartolomeu Bueno da Ribeira, natural de Sevilha, e de D. Maria Pires, de São Paulo, filha do capitão Salvador Pires e de D. Mécia Fernandes, chamada a grande (Meciaçú, mameluca(sic)*, neta do morubixaba Piqueroby de Ururaí); foi casado com D. Bernarda Luís Camacho, natural de São Paulo, filha de Domingos Luiz da Carvoeira, natural de Portugal, Cavaleiro da Ordem de Cristo e de sua mulher D. Ana de Camacho, natural de São Paulo". (*Salvador Pires foi casado com Mecia Fernandes (de Medeiros) filha de Marcos Fernandes O Velho e "Fulana" Medeiros; por esta neta de Amaro de Medeiros, cfme. excelente estudo publicado na revista Asbrap #16 pg. 99, de Helvécio de Castro Coelho).


"Era Amador Bueno distinto por suas qualidades pessoais e por isso em documentos de seu tempo o encontramos ocupando cargos honrosos da republica. A sua aclamação pelo povo para Rei de São Paulo e rejeição formal da coroa teve lugar a 1º de abril de 1641. Amador Bueno, perseguido desde sua residência na Rua de Martim Afonso Tibiriçá (hoje Rua de São Bento) até o mosteiro, pelas aclamações populares de “Viva Amador Bueno nosso Rei!”, de espada em punho, em direção ao mosteiro, retirava-se exclamando repetidas vezes – “Viva D. João IV nosso Rei, pelo qual darei a vida”! "Recolhido ao convento e fechadas as portas ainda o povo insistia fora em suas aclamações, ameaçando romper em violências. Então os frades reunidos em procissão, com cruz alçada, vieram até a portaria para acalma-los. No dia seguinte retirou-se Amador Bueno para a vila de Santos, onde residiu por algum tempo até se acalmar a exacerbação dos espíritos (Vide Cronologia, 1641, abril 1º). 

Amador Bueno, de quem não mais fala a historia, parece haver-se recolhido inteiramente a vida privada. Sabe-se, porem, que ate 18 de outubro de 1649 ainda vivia, porque nesse dia compareceu em audiência do juízo de órfãos da vila de São Paulo, para entregar certa quantia de dinheiro pertencente aos menores seus sobrinhos, filhos de seu irmão Francisco Bueno, solicitando exoneração do encargo de tutor dos mesmos - por ser já bastante velho e por achar-se onerado com o encargo de tutor dos filhos de seu irmão Jerônimo Bueno, falecido no sertão. Sua filha, D. Catarina Bueno, casada com o capitão Antonio Ribeiro de Moraes, fez testamento a 8 de Novembro de 1676 e nele declarou que: - seus pais e avós já eram mortos, por isso instituía por seus herdeiros a sua sobrinha D. Bernarda de Alarcão, filha de D. Francisca Rendón de Quevedo, etc., etc".

CONCESSÃO DE SESMARIA
Do livro 13º de sesmarias, existente no cartório da tesouraria da fazenda, consta que em 31 de marco de 1627 obtivera Amador Bueno carta de data de uma légua de terras nos campos de Juqueri (atual Mairiporã), que lhe foi passada pelo capitão-mor Álvaro Luiz do Vale, loco-tenente do donatário, pelos motivos alegados na seguinte petição: - "Diz Amador Bueno, morador na villa de S. Paulo, que elle em todas as ocasiões que se offereceram do serviço de Sua Magestade e defensão d'esta Capitania, em ocasião de inimigos, acudio com seus índios e escravos, assistindo n'esta Villa de Santos a sua custa, e ora esta servindo de ouvidor d'esta Capitania de S. Vicente por provisão do conde de Monsanto, donatário d'ella, acudindo a todas as obrigações do dito cargo, indo de uns juízos para outros, com muito gasto de sua fazenda, sem haver ordenado nem estipendio algum com o dito cargo, casado e assistente na Villa de S. Paulo e tem muitos filhos e filhas, sem ter terras onde os poder acommodar e fazer seus mantimentos e trazer suas criações, e ora no termo da dita villa de S. Paulo, nos campos de Juquery, ha alguns capões e restingas de mattos maninhos devolutos, para a banda do sertão. “Pede a Vossa Mercê que, attento o que allega, etc., etc.”.



RELATO DO GENEALOGISTA PEDRO TAQUES
Vejamos agora o que acerca deste autêntico paulista diz Pedro Taques de Almeida Paes Leme em sua “Nobiliarquia Paulistana” escrita em 1765: - "Foi um dos paulistas de maior estimação e respeito, assim na pátria como fora d'ella. Teve grande tratamento e opulência por dominar debaixo de sua administração muitos centos de índios, que do gentio bárbaro do sertão se tinham convertido a nossa santa fé, pela indústria, valor e forca das armas com que os conquistou em seus reinos e alojamentos. Com o trabalho d'estes homens occupados em dilatadas culturas, tinha todos os annos abundantes colheitas de trigo, milho, feijão e algodão; d'esta fartura ficava sendo igual a da criação de porcos, gado vaccum, cavallar e rebanhos grandes de ovelhas de que foi muito fértil o estabelecimento e povoação de S. Paulo, cujos habitantes não logram no presente tempo d'aquella abundancia antiga de ovelhas, por cuja falta se extinguiram as fabricas de chapeos grossos, que ainda no fim do século e anno de 1699 estavam estabelecidas. Da abundancia que possuía Amador Bueno sabia liberal empregar na utilidade publica e despender nas occasioes de real serviço; porque de S. Paulo costumavam ir para a Bahia em apertos de guerra, soccorros de farinha de trigo, carnes e feijão, que pediam os governadores geraes do Estado em diversos tempos. Occupou Amador Bueno os honrosos cargos da republica de sua pátria, tendo as rédeas do Governo d'ella repetidas vezes, e sempre o 1º voto nos accordãos do bem publico e serviço do Rei. Foi ouvidor da Capitania, provedor e contador da Fazenda Real e juiz de orphãos em 1638. Passou a governador da Capitania com patente de capitão-mor com soldo de 80$ por anno, que sempre perceberam os capitães-mores de S. Vicente".

De seu casamento com D. Bernarda Luiz Camacho, deixou Amador Bueno os seguintes filhos:
1. - Amador Bueno, o moço, casado com D. Margarida de Mendonca, com descendência. (Vide Amador Bueno, o moço)
2. - Antonio Bueno, casado com D. Maria do Amaral, com descendência. (Vide Antonio Bueno.
3. - Diogo Bueno, casado com D. Maria de Oliveira, com descendência. (Vide Diogo Bueno.)
4. - Francisco Bueno Luiz, casado com D. Paula Moreira, com descendência.
5. - D. Catarina Ribeiro, casada a primeira vez com Antônio Preto e a segunda vez com o capitão-mor Antonio Ribeiro de Moraes, sem descendência.


6. - Isabel Ribeira, casada com Domingos da Silva, natural de Portugal, com descendência; ela falecida em São Paulo a 1º de outubro de 1678, e ele em 1681.


7. - D. Ana Ribeiro, casada com D. Francisco Rendón de Quevedo de Alarcón y Luna, fidalgo espanhol, com descendência.


8. - D. Maria Bueno da Ribeira, casada com D. João Mateus Rendón de Cabeza de Vaca, com descendência.

9. - D. Mariana Bueno, casada com Sebastião Preto Moreira, com descendência, falecida a 24 de marco de 1687.

(Informações colhidas à época, do Cartório 1º de Órfãos de São Paulo; inventario de Francisco Bueno, Arq. da Cdm. de São Paulo, livro de vereanças, I638 a 1641. Pedro Taques. - Fr. Gaspar da Madre de Deus, "Memórias para a Historia da Capitania de São Vicente" - referência original)

MODIFIED REGISTER PAF4 RIN 5886
(Crônica de descendência)
 Capitão Mor Ouvidor Amador Bueno da Ribeira
"O Aclamado Rei de São Paulo"
 Para Alan Rodrigues de Camargo

Primeira Geração
1. Capitão Mor Amador Bueno da RIBEIRA (O Aclamado "Rei de São Paulo")1.
Amador casou-se com Bernarda LUIZ2, filha de Domingos LUIZ DA CARVOEIRA, fidalgo do Rei D. João III e Cavaleiro da Ordem de Cristo e Anna CAMACHO. Bernarda nasceu em São Paulo - SP - BRA.
Eles tiveram os seguintes filhos +      2 F     i.  Marianna BUENO faleceu em 1687.
 Segunda Geração
   2. Marianna BUENO3 (Amador Bueno da) faleceu em 1687 em São Paulo - SP - BRA.
Marianna casou-se com Sebastião Preto MOREIRA4, filho de Innocêncio PRETO, Bandeirante e Maria MOREIRA. Sebastião nasceu em São Paulo - SP - BRA. Ele faleceu em 1696 em São Paulo - SP - BRA.
Eles tiveram os seguintes filhos
+      3 M    i.  Innocêncio Preto MOREIRA nasceu  em 1653.
Terceira Geração


   3. Innocêncio Preto MOREIRA5,6 (Marianna BUENO, Amador Bueno da) nasceu em 1653 em São Paulo - SP - BRA.
Innocêncio casou-se com Joanna FRANCO7,8, filha do Capitão Lourenço Franco VIEGAS (herói de guerra luso-brasileiro, vide link) e Isabel da Costa SANTA MARIA. Joanna nasceu em São Paulo - SP - BRA.


Eles tiveram os seguintes filhos


+      4 F     i.  Luzia BUENO. 
 Quarta Geração
 4. Luzia BUENO9 (Innocêncio Preto MOREIRA, Marianna BUENO, Amador Bueno da) nasceu em Atibaia - SP - BRA.


Luzia casou-se com Pedro da Cunha LOBO10, filho de Francisco da Cunha LOBO e Leonor de SIQUEIRA. Pedro nasceu em Atibaia - SP - BRA.Eles tiveram os seguintes filhos
+      5 F     i.  Maria Franco da CUNHA.



Quinta Geração



  5. Maria Franco da CUNHA (Luzia BUENO, Innocêncio Preto MOREIRA, Marianna BUENO, Amador Bueno da) nasceu em Guarulhos - SP - BRA.


Maria casou-se com Joaquim de Camargo PIMENTEL11, filho de Francisco de Camargo PIMENTEL e Isabel da Silveira CARDOSO. Joaquim nasceu em Atibaia - SP - BRA. Eles tiveram os seguintes filhos

+      6 M    i.  Pedro Bueno de CAMARGO.



Sexta Geração

6. Pedro Bueno de CAMARGO12 (Maria Franco da CUNHA, Luzia BUENO, Innocêncio Preto MOREIRA, Marianna BUENO, Amador Bueno da) nasceu em Atibaia - SP - BRA.


Pedro casou-se com Marianna Bueno de CAMARGO13, filha de João Pereira de CAMARGO e Isabel Bueno de MORAES. Marianna nasceu em Atibaia - SP - BRA. Eles tiveram os seguintes filhos


+      7 F     i.  Gertrudes Maria BUENO foi batizada em 21 dezembro 1793.



Sétima Geração



   7. Gertrudes Maria BUENO14 (Pedro Bueno de CAMARGO, Maria Franco da CUNHA, Luzia BUENO, Innocêncio Preto MOREIRA, Marianna BUENO, Amador Bueno da) nasceu em Atibaia - SP - BRA e foi batizada15 em 21 dezembro 1793.


Gertrudes casou-se com Salvador José Lopes de CAMARGO16, filho de Felix Correia de OLIVEIRA e Joanna Bueno de CAMARGO. Salvador nasceu em Atibaia - SP - BRA e foi batizado17 em 21 janeiro 1787 em Atibaia - SP - BRA.
BIOGRAFIA: Morador do Bairro Rio Abaixo.
Salvador e Gertrudes tiveram os seguintes filhos:


+      8 M    i.  Camillo Lopes de CAMARGO nasceu  em 1827.


         9 M   ii.  José Lopes de CAMARGO nasceu em 1820 em Atibaia - SP - BRA.


       10 M  iii.  João Lopes de CAMARGO nasceu em 1822 em Atibaia - SP - BRA.

       11 M  iv.  Miquelina de CAMARGO nasceu em 1829 em Atibaia - SP - BRA e foi batizado em Atibaia - SP - BRA.
 +  12 M   v.  Cândido Lopes de CAMARGO nasceu  em 1831.
     13 M  vi.  Antonio Lopes de CAMARGO foi batizado18 em 29 fevereiro 1832 em Jarinu - SP - BRA.
BATISMO: Padre: O Capelão Curado Estanislau José Soares.
Padrinhos: [corroído]Venâncio Antonio e sua mulher [corroído]
+    14 M vii.  Salvador Lopes de CAMARGO.
 Oitava Geração
   8. Camillo Lopes de CAMARGO19,20,21 (Gertrudes Maria BUENO, Pedro Bueno de CAMARGO, Maria Franco da CUNHA, Luzia BUENO, Innocêncio Preto MOREIRA, Marianna BUENO, Amador Bueno da) nasceu em 1827 em Atibaia - SP - BRA.
Camillo (Delegado "Zé Camilo") casou-se com Francisca de Paula Franco22,23,24, filha de José Caetano Franco de CAMARGO e Maria Joaquina de GODOY, em 1845 em Jarinu - SP - BRA. Francisca nasceu em Jarinu - SP - BRA. Eles tiveram os seguintes filhos
+    15 F     i.  Maria Franco LOPES (de Camargo) foi batizada em 12 março 1847.
  16 M   ii.  Paulo Lopes de CAMARGO foi batizado25 em 28 janeiro 1849 em Jarinu - SP - BRA.
BATISMO: Padre: O Vigário João Mariano do Prado.
Padrinhos: Jorge Franco do Amaral e sua mulher Maria das Dores do Espírito Santo.
 17 F   iii.  Carolina de CAMARGO nasceu em 15 setembro 1850 em Jarinu - SP - BRA e foi batizada26 em 5 outubro 1850 em Jarinu - SP - BRA .
BATISMO: Padre: O Vigário João Mariano do Prado. Padrinhos: Lourenço Franco da Silveira, solteiro e Josefa Maria Franco, viúva.
      18 M  iv.  João de CAMARGO nasceu em 31 dezembro 1856 em Jarinu - SP - BRA e foi batizado27 em 10 janeiro 1857 em Jarinu - SP. BATISMO: Padre: O Vigário Gaudêncio Antonio de Campos.Padrinhos: João Franco de Godoy e sua mulher Maria Carolina de Jesus. 
Nona Geração 
15. Maria Franco LOPES (de Camargo)34,35 (Camillo Lopes de CAMARGO, Gertrudes Maria BUENO, Pedro Bueno de CAMARGO, Maria Franco da CUNHA, Luzia BUENO, Innocêncio Preto MOREIRA, Marianna BUENO, Amador Bueno da Ribeira) nasceu em Jarinu - SP - BRA e foi batizada36 em 12 março 1847 em Jarinu - SP - BRA BATISMO: Padre: O Vigário Luiz José de Brito. Padrinhos: Salvador Lopes, Casado (Avô Pat.) e Maria Joaquina de Godoy Lima, casada (Avó Mat.).
Maria casou-se com José (Franco) Lopes de CAMARGO37,38, filho de João José de CAMARGO LOPES e Gertrudes Maria FRANCO, em 1863 em Jarinu - SP - BRA. José nasceu em Jarinu - SP - BRA e foi batizado39 em 4 setembro 1842 em Jarinu - SP - BRA. Batismo: Vigário Luiz José de Brito. Padrinhos: Ignácio José da Silva e sua mulher Anna Gertrudes Franco. José e Maria tiveram os seguintes filhos: 

+    21 F     i.  Anna (Franco) Lopes de CAMARGO foi batizada em 28 agosto 1863. 
Décima Geração 
21. Anna (Franco) Lopes de CAMARGO (Maria Franco LOPES (de Camargo), Camillo Lopes de CAMARGO, Gertrudes Maria BUENO, Pedro Bueno de CAMARGO, Maria Franco da CUNHA, Luzia BUENO, Innocêncio Preto MOREIRA, Marianna BUENO, Amador Bueno da Ribeira) foi batizada40 em 28 agosto 1863 em Jarinu - SP - BR.
Anna casou-se com41 Francisco Rodrigues de CAMARGO (Senior), filho de Luiz Antonio RODRIGUES e Maria Joaquina de CAMARGO, em 1 fevereiro 1881 em Atibaia - SP - BRA. Francisco foi batizado em 8 fevereiro 1855 em Campinas - SP - BRA. Eles tiveram os seguintes filhos
+    22 M    i.  Júlio Rodrigues de CAMARGO nasceu  em 9 janeiro 1896 e faleceu em 1953. 
11ª Geração22. 
Júlio Rodrigues de CAMARGO (Anna (Franco) Lopes de CAMARGO, Maria Franco LOPES (de Camargo), Camillo Lopes de CAMARGO, Gertrudes Maria BUENO, Pedro Bueno de CAMARGO, Maria Franco da CUNHA, Luzia BUENO, Innocêncio Preto MOREIRA, Marianna BUENO, Amador Bueno da Ribeira) nasceu em 9 janeiro 1896 em Itatiba - SP - BRA. Era negociante de terras em Jundiaí. Ele faleceu em 1953 em Pirapitingui - SP - BRA.
Júlio casou-se com Remédios TRUJILLO PALMA, filha dos espanhóis de Algarrobo, Málaga, Espanha José TRUJILLO LÓPEZ e Francisca PALMA-PALACIOS, em 20 setembro 1919 em Jundiaí - SP - BRA. Remedios nasceu em 23 janeiro 1897 em Itú - SP - BRA. Ela faleceu em outubro 1946 em Jundiaí - SP - BRA. Eles tiveram os seguintes filhos: +    23 M    i.  Francisco Rodrigues de CAMARGO (Neto) (Chiquinho) nasceu  em 4 dezembro 1922 e faleceu em 17 março 1979. 
12ª Geração 
23. Francisco (Chiquinho) RODRIGUES DE CAMARGO (Neto) (Júlio Rodrigues de CAMARGO, Anna (Franco) Lopes de CAMARGO, Maria Franco LOPES (de Camargo), Camillo Lopes de CAMARGO, Gertrudes Maria BUENO, Pedro Bueno de CAMARGO, Maria Franco da CUNHA, Luzia BUENO, Innocêncio Preto MOREIRA, Marianna BUENO, Amador Bueno da Ribeira) nasceu em 4 dezembro 1922 em Jundiaí - SP - BRA. Ele faleceu em 17 março 1979 em Santos - SP - BRA.
Francisco casou-se com Zulmira de NUNCIO (Di Luzio), filha de Vito DI LUZIO e Amabile GALAFASSI. Zulmira nasceu em 8 agosto 1924 em Salto - SP - BRA. 
Eles tiveram os seguintes filhos 
Décima Terceira Geração 
24 M    i.  Alan Rodrigues de CAMARGO nasceu em 22 setembro 1946 em São Paulo, Tatuapé, Vila (do Moinho) Santista ou Tecelagem Tatuapé na Av. Celso Garcia, às margens do Ribeirão Tatuapé - Viveu e estudou em Jundiaí SP de 1955 a 1965, quando voltou a morar só no rincão piratiningano.

  

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(CONTINUAÇÃO)
Apêndice A - Fontes 
(Pesquisas do Dr. Elpídio Novaes Filho)
1.   SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Bueno da Ribeira, p.418, (1901-1905). 
2.   SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Bueno da Ribeira, p.418, (1901-1905). 
3.   SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Bueno da Ribeira, p.437, (1901-1905). 
4.   SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Bueno da Ribeira, p.437, (1901-1905). 
5.   SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Camargos, p.345, (1901-1905). 
6.   SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Bueno da Ribeira, p.437, (1901-1905). 
7.   SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Camargos, p.345, (1901-1905)
8.   SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Bueno da Ribeira, p.437, (1901-1905). 
9.   SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Camargos, p.345, (1901-1905)
10. SILVA LEME, L.G. da, Genealogia Paulistana, (9 volumes), São Paulo, 1901 a 1905, V.1, Título Camargos, p.345, (1901-1905). 
11. Paróquia de São João Batista - Atibaia-SP, Livro de Batismos, L.3, F.84, FS-Im.88, (1782-1807).
12. Paróquia de São João Batista - Atibaia-SP, Livro de Batismos, L.3, F.84, FS-Im.88, (1782-1807).
13. Paróquia de São João Batista - Atibaia-SP, Livro de Batismos, L.3, F.84, FS-Im.88, (1782-1807).
14. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F.9, FS-Im.11, (1830-1861).  
15. Paróquia de São João Batista - Atibaia-SP, Livro de Batismos, L.3, F.84, FS-Im.88, (1782-1807).
16. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F.9, FS-Im.11, (1830-1861).  
17. Paróquia de São João Batista - Atibaia-SP, Livro de Batismos, L.3, F.30, FS-Im.34, (1782-1807).  
18. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F.9, FS-Im.11, (1830-1861).  
19. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F. 85v., N.240, FS-Im.88, (1830-1861).
20. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F.92v., FS-Im.96, (1830-1861).  
21. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.1v., FS-Im.4, (1851-1872).
22. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F. 85v., N.240, FS-Im.88, (1830-1861).  23. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F.92v., FS-Im.96, (1830-1861).
24. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.1v., FS-Im.4, (1851-1872).  
25. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F.92v., FS-Im.96, (1830-1861).  
26. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.1v., FS-Im.4, (1851-1872). 
27. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.14, FS-Im.16, (1851-1872).  
28. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.8, FS-Im.10, (1851-1872).  
29. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.8, FS-Im.10, (1851-1872).  
30. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.8, FS-Im.10, (1851-1872).  
31. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.8, FS-Im.10, (1851-1872).  
32. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.8, FS-Im.10, (1851-1872).  
33. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F.8, FS-Im.10, (1851-1872). 
34. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F41v., FS-Im-45, (1851-1872).  
35. Paróquia de São João Batista- Itatiba-SP, Livro de Casamentos, L.3, F.97, FS-Im.99, (1871-1884).  
36. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F. 85v., N.240, FS-Im.88, (1830-1861).  
37. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F41v., FS-Im-45, (1851-1872). 
38. Paróquia de São João Batista- Itatiba-SP, Livro de Casamentos, L.3, F.97, FS-Im.99, (1871-1884).  
39. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.1, F.54v., FS-Im.57, (1830-1861).  
40. Paróquia de N.S. do Carmo - Jarinu-SP, Livro de Batismos, L.2, F41v., FS-Im-45, (1851-1872).  
41. Paróquia de São João Batista- Itatiba-SP, Livro de Casamentos, L.3, F.97, FS-Im.99, (1871-1884). 

A Aclamação de Amador Bueno da Ribeira 
e A Grande Conspiração!

A perfeita cordialidade em que viviam castelhanos e portugueses de Piratininga, vem afinal a ser perturbada pela restauração da soberania de Portugal em 1640, por uma insurreição rapidamente vitoriosa a 1º de dezembro, que elevou ao trono a Casa de Bragança. Somente em fevereiro do ano seguinte, as notícias chegariam à Bahia, onde o Marquês de Montalvão, primeiro Vice-Rei, aceitando prontamente a nova ordem de coisas, depois de tomar todas as providências para que a restauração se procedesse no Brasil sem dificuldades nem abalos, tratou de comunicar os acontecimentos aos governadores das capitanias.

Achava-se Salvador Correia de Sá e Benevides na Igreja dos Jesuítas, assistindo missa, quando lhe foi entregue pelo próprio Provincial da Companhia de Jesus, a carta do Vice-Rei em que êste lhe participava a mudança de govêrno e dava ordem para que na capitania sob sua jurisdição se procedesse à aclamação do Duque de Bragança como rei de Portugal, sob o nome de D. João IV. É fácil imaginar, observa Vivaldo Coaracy (historiador), a perturbação de que se sentiu tomado Salvador Benevides diante dos acontecimentos.

Filho de espanhola e casado com uma também espanhola, gozando de grande e real prestígio na corte de Madrí, era ele daqueles fidalgos de espírito ibérico que aceitara a união das duas coroas como fato definitivo que não mais se desfaria e do qual só benefícios resultavam para ambos os países. Nem eram, sòmente, apenas considerações de caráter político a preocupá-lo nessa hora. A sua situação pessoal, para quem os proventos materiais e as posições tinham irresistivel atrativo, não se mostrava firme nem rósea em face dos sucessos da Restauração portuguesa. Via a probabilidade de perder as rendas e benefícios, de grande vulto, que da parte materna herdara em Espanha e no Peru e as espectativas consideráveis (de heranças) que por parte da mulher, D.ª Catarina Velasco, lhe sorriam em Castela e no Chile. Eram rendas superiores a dez mil cruzados, esperanças de mais de cinqüenta mil! (O homem teria cifrões nos olhos!).

E não só isto lhe causava apreensões. A lealdade e dedicação com que servira aos Filipes de Castela, as suas ligações e parentesco constituíam fatores aptos a torná-lo suspeito e pouco merecedor de confiança dos novos governantes. Poderiam os seus inimigos, que não eram poucos, servir-se dessas circunstâncias para apontá-lo como desleal e infiel à causa portuguêsa com o fim de prejudicá-lo perante os ministros do novo rei. Em tais condições, não é impossível que lhe houvesse passado pela mente a idéia de recusar-se a cumprir a ordem do Vice-Rei e desmembrar as capitanias do Sul para (depois) reuní-las ao Vice-Reinado do Prata, o que, na hipótese de sair-se bem da arriscada aventura, lhe daria imenso prestígio perante a corte madrilenha. O fato é que hesitou.

Como se pode notar, estas informações foram colhidas pelo antigo autor diretamente de um documento oferecido pelo (outro historiador) Varnhagen ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e publicado na respectiva Revista, tomo V, em complemento à biografia de Salvador Correia de Sá e Benevides, sob o título "DA ACLAMAÇÃO QUE SE FEZ NA CAPITANIA DO RIO DE JANEIRO, DO ESTADO DO BRASIL, E NAS MAIS DO SUL, AO SENHOR REI D. JOÃO IV, POR VERDADEIRO REI DE PORTUGAL, COM A FELICÍSSIMA RESTITUIÇÃO QUE DELE SE FEZ A SUA MAJESTADE, QUE DEUS GUARDE, etc." - Como observou Varnhagen, essa Relação foi impressa anônima em Lisboa, em 1641.

Esse documento foi atribuído por Vivaldo Coaracy ao próprio Salvador Correia de Sá e Benevides, para melhor divulgação e conhecimento da "maneira entusiástica pela qual, no seu governo, fora recebida a Restauração", tratando-se de assegurar a sua posição junto aos novos dirigentes. Conhecendo-se, entretanto, como já vimos, a fragilidade moral de Salvador Benevides, não será difícil concluir que os fatos não se passaram como ele fez divulgar no referido documento, pois, dadas as suas íntimas relações com D. Francisco Rendon de Quevedo de Alarcón y Luna, genro de Amador Bueno, que lhe tinha prestado ótimos serviços no recrutamento de soldados para a campanha contra os holandeses, e a sua ascendência sobre os demais castelhanos residentes em São Paulo, como natural decorrência das suas funções de Governador da repartição do Sul, arquitetou Salvador Benevides, com o indispensável apoio dos Jesuítas e talvez mesmo a conselho dêstes, aclamar Amador Bueno da Ribeira "que por ser filho de Bartolomeu Bueno da Ribeira, natural de Sevilha, produziria nêle maior efeito o sangue de seus avós paternos, para vir a declarar-se vassalo de Espanha" e efetivar-se, assim, o desmembramento das capitanias do Sul, para reuní-las ao Vice-Reinado do Prata!

Na parte referente aos Jesuítas nesses acontecimento, não é sem significação o fato de haver Montoya, em 1637, feito uma exposição completa (denúncia) e minuciosa ao Conselho das Índias, das condições em que estava a obra dos missionários e dos grandes flagelos e reveses sem conta, que havia padecido, falando da necessidade em que se achava a Espanha, de uma política diligente e vigorosa nos confins, ainda imprecisos, dos domínios das duas coroas, principalmente a vista das pretensões alarmantes dos colonos de São Paulo, o que levou a Companhia de Jesus a prover de armamentos as suas reduções e instruir os índios no manejo das armas, com a aprovação de Madri.

O Golpe de Estado
Pouco depois, pedia (o jesuíta) Montoya ao Rei: "Señor, suplico humildemente a Vuestra Majestad sea servido de abrir con tiempo los ojos, porque los portugueses intentan quitarle una de las piezas de su Real corona." - Entre os vários itens da sua longa petição pleiteando em favor da liberdade dos índios, pedia Montoya expressamente: "Que el Gobernador del rio Geneiro tenga jurisdiccion sobre las Villas del Sur: San Pablo, San Vicente (!!!) etc., al modo del Gobernador general, porque hoy no la tiene, sino para remittir las causas, a la Bahia, y asi perece la justicia." Pelo que se infere da referida "Relação" de Benevides, o segredo que só tinha comunicado ao Padre Provincial da Companhia de Jesus, paraninfo da nova, não foi revelado a ninguém mais antes dos insucessos de São Paulo, vila para a qual havia sido despachado Artur de Sá, Capitão da Fortaleza Santa Margarida, no (anterior) dia 11 de março, encarregado de propor a Amador Bueno o golpe de Estado e de aliciar nas onze vilas da capitania vicentina, os elementos castelhanos da conjura: o citado D. Francisco Rendon de Quevedo e seu irmão D. Juán, ambos genros de Amador Bueno, D. Francisco de Lemos e seus filhos D. Balthazar e D. Jerônimo de Lemos, D. Gabriel Ponce de Leon, D. Bartolomeu de Torales e seus filhos D. André de Zuñiga, D. Bartolomeu de Contrera e D. João de Espinola.

Diz esse documento, ainda, que a 21 do dito mês o Governador aparelhou um navio sob o comando do capitão Antonio Lopes Mialha, despachando-o para Buenos Aires "com algum aviso de importância que reservou o Governador só para si, e ao cabo a cuja ordem o remeteu, encomendando o mesmo segredo aos oficiais que escreveram, e Escrivão que deram fé do que continha". Diante das circunstâncias, não vemos lógica alguma nesse "aviso" aos de Buenos Aires: se a restauração foi da coroa Portuguêsa, o que tinham os platinos com isso? O "aviso", naturalmente, estava relacionado com o pretendido golpe, colocando as autoridades espanholas do Vice-Reinado do Prata a par dos acontecimentos no Brasil e prontas para agir em qualquer eventualidade.

Fracassada, porém, a manobra com a (inesperada) recusa (ou arrependimento) de Amador Bueno, que a princípio deveria ter concordado com os argumentos dos espanhóis conjurados, uma vez que não nos parece sensato admitir-se que as coisas se tenham passado como (ingenuamente) relata Frei Gaspar, "que Amador Bueno tivesse pasmado" (como se ignossasse os fatos em andamento (!?) do qual era protagonista) quando ouviu semelhante proposição dos que o aclamavam, ordenou Salvador Benevides que se dessem início no Rio de Janeiro "as decretadas festas", em regozijo pela restauração, na "noite do dia da Páscoa, último de Março". Por quê esse atraso, na celebração das referidas festas, quando a noticia havia chegado (muito antes) àquela cidade no dia 10 daquele mês? É de se notar ademais, que segundo Carvalho Franco, o Vice-Rei, Marquês de Montalvão, estendeu ainda mais as atribuições de Salvador Benevides (!), tanto nos negócios da guerra, como nos da fazenda e justiça, por provisão de 9 de março de 1641, repetindo o seguinte: "...novamente Sua Majestade foi servida conceder-lhe que usasse dos poderes que naquela repartição do sul teve de Sousa, e os com que foi governador da dita repartição Antônio Salema; e outrossim lhe fêz mercê de que gozasse o soldo de mestre de campo, e que tivesse a administração das minas de São Paulo, assim como a teve Salvador Correia de Sá, seu avô, e ultimamente o Conde da Torre, governador geral dêste Estado, Ihe concedeu seus poderes na dita capitania do Rio de Janeiro e na de São Paulo, que tudo consta por carta de Sua Majestade e provisão do dito governador geral". Dêstes poderes todos se fêz um têrmo, na câmara do Rio de Janeiro, datado de 9 de agosto de 1641.

Em nota, adverte Carvalho Franco - "A carta régia que fazia mercê a Salvador Benevides da administração das minas de São Paulo, estava datada de Lisboa, 1.º de novembro de 1639; a que fazia mercê de usar dos poderes concedidos a seus antecessores, Antônio Salema e D. Francisco de Sousa era datada de Lisboa, 22 de março de 1640; e a do soldo de mestre de campo tinha a data de 25 de março de 1640 (Anais da Biblioteca Nacional)". Essa era a pretensão de Montoya atendida pela corte de Madri, em favor de Salvador Benevides. Com todos êsses poderes enfeixados nas mãos, estaria Salvador Benevides senhor absoluto da situação se Amador Bueno (como títere) tivesse topado a parada, pois, uma vez vitorioso o movimento, com tudo a seu favor, quando a vila de São Paulo se achava despejada de seus moradores masculinos, em luta longínqua contra os Jesuítas, no combate de M'Bororé, nas margens distantes do rio Uruguai, a cerca de 2.000 quilômetros do Planalto, em que levaram a pior, as tropas castelhanas não encontrariam qualquer resistência, assenhoreando-se de toda a capitania, cujos territórios seriam ampliados com os das outras capitanias da repartição do Sul, subordinadas a Salvador Benevides que receberia, também, a adesão do Vice-Rei, Marquês de Montalvão. O plano (conspiratório) era verdadeiramente magistral! E Portugal, como acentua Alfredo Ellis Júnior (I?), nunca teria tido forças para reprimir a rebeldia e, pela violência, acorrentar ao seu domínio a região, que se separara. Pois, êsse mesmo Portugal não havia sido capaz de expulsar os flamengos (holandeses) da terra nordestina e, se não fossem os homéricos esforços dos denodados bandeirantes do Sul, os holandeses se teriam radicado no Brasil, ficando, assim, Portugal alijado do continente Sul-Americano!

Essa era, sem dúvida, a situação que melhor atendia a política Jesuítica, que se livraria de uma vez por tôdas, dos incômodos, pertinazes e ferrenhos inimigos portuguêses (Paulistas) que se vinham opondo à sua grande obra iniciada na América Meridional. Por outro lado, Amador Bueno, apesar de sua índole sabidamente pacífica, contrário às violências, não foi o covarde como foi acusado, pois, segundo citação de Azevedo Marques, o livro 13º de Sesmarias registra em 31 de março de 1627 em favor de Amador Bueno a carta de data de uma légua de terras nos campos de Juquerí, que lhe foi passada pelo Capitão-Mór Alvaro Luís do Vale, loco-tenente do donatário, pelos motivos alegados na seguinte petição: - "Diz Amador Bueno, morador na vila de S. Paulo, que êle em todas as ocasiões que se ofereceram ao serviço de Sua Majestade e defensão desta capitania, em ocasião de inimigos,acudiu com seus índios e escravos, assistindo nesta vila de Santos à sua custa, e ora está servindo de ouvidor".

A sua atitude recusando na última hora a coroa que lhe era oferecida, foi certamente, produto de rápidos e prudentes reflexos que o levaram a raciocinar que, apesar de descendente de espanhol, era antes de tudo português BR, e como tal, preferiu ser "leal e verdadeiro vassalo" da Sereníssima Casa de Bragança, a cingir coroa espúria fruto de lesa-majestade, gravíssimo crime que o Padre Montoya imputou aos Paulistas, como depõe Afonso de Taunay em sua História Seiscentista da Vila de S. Paulo vol. I, Amador Bueno, chegou-nos através das singelas e ingênuas narrativas de Frei Gaspar da Madre de Deus e de Pedro Taques, uma vez que Salvador Correia de Sá e Benevides não perdendo tempo diante do insucesso de sua manobra, tratou de se resguardar contra as inevitáveis conseqüências que adviriam de sua tentativa, mandando publicar anonimamente a (tal) referida "Relação" em Lisboa, naquele mesmo ano de 1641, e cuja redação se percebe claramente ter sido executada pelos Jesuítas, Ordem à qual pertencia um filho seu, e que, também, estaria implicada na conjura!

Graças a essa "Relação" (proclama) e a influência da Companhia de Jesus junto da corte de Lisboa, conseguiu Salvador Correia de Sá e Benevides encobrir as suas manobras, grangeando o mesmo prestígio que gozava anteriormente sob o domínio de Castela, uma vez que pela carta régia de 15 de agosto dêsse mesmo ano, D. João IV confirmava a sua patente como Governador do Rio de Janeiro, enquanto que D. Jorge Mascarenhas, Marquês de Montalvão, que, como Vice-Rei, se apressara em reconhecer o novo regime e a cujas sábias providências se devia a aclamação realizada na Bahia sem oposição das numerosas forças espanholas ali aquarteladas, era deposto e remetido prêso para Lisboa, sob a acusação de deslealdade, pelas intrigas do Jesuíta Francisco de Vilhena.

Não é sem significação, observa Alfredo Ellis Júnior, o fato de a aclamação de Amador Bueno ter precedido a (ao anúncio) de D. João IV (?). Esta só foi levada a efeito depois da outra ter fracassada. Por que? Indaga o ilustre historiador e êle mesmo responde, dizendo que "nunca ninguém aguçou os seus olhos sobre êsse ponto". Concordando com Alfredo Ellis Júnior, observamos, também, (acrescentamos) que ninguém procurou investigar e interpretar devidamente aquela "Relação" anônima de Lisboa, em 1641, e que vem preencher as lacunas em torno da aclamação de Amador Bueno, denunciando a participação de Salvador Benevides nesses episódios!

Afonso de Taunay, em sua "História Geral das Bandeiras Paulistas", relata que, fracassada a tentativa de separação de São Paulo, a vista da repulsa de Amador Bueno e aclamado D. João IV, solenemente, na vila Piratininga, a 4 de abril de 1641, (três dias após a intentona) resolveram os paulistas, como geralmente se sabe, enviar a Lisboa delegados que ao seu novo soberano anunciassem a expressão de sua fidelidade. Foi a apresentação levada a D. João IV pelos procuradores da Câmara, Luiz da Costa Cabral e Balthazar de Borba Gato. Tinham inteira razão Frei Gaspar da Madre de Deus e Pedro Taques em afirmar como causa dêsses acontecimentos em São Paulo, o desejo que tiveram os espanhóis de conservar as povoações de serra acima na obediência de Castela. Omitiram, porém, a responsabilidade de Salvador Correia de Sá e Benevides, por desconhecerem a sua participação nesses episódios, como o astuto Governador do Rio de Janeiro conseguiu iludir a todo mundo (!), inclusive aos historiadores (de então) contemporâneos como Varnhagen e outros, que não se deram ao trabalho de investigar aquela "Relação" denunciadora e reveladora dêsses acontecimentos. (Moacyr de Faria Jordão #68 RIHGSP).

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