quarta-feira, 29 de maio de 2019

BANDEIRAS DE BATALHA PAULISTAS A Conquista do Nordeste



Brasão da Cidade de São Paulo de Piratininga
Afirmando Sua Disposição Guerreira está o Braço Armado e Abandeirado! 
Listel: "Dirijo, não sou dirigido"
A Progressão, Expansão e Abrangência  das Bandeiras de Batalha Paulistas Reconhecidas Oficialmente Como Forças de Segurança Nacional.

A CONQUISTA DO NORDESTE - Quatro Décadas de Chumbo! 

Como registra a História, a Bandeira teve sua origem remota como instituição militar medieval castelhana, no combate aos mouros muçulmanos invasores da Península Ibérica desde os Séculos IX e X e depois nas incursões das Cruzadas à Terra Santa no Século XII. Eram as forças domésticas de defesa de suas fronteiras, onde barões e marqueses defensores as fronteiras do reino, abandeiravam e sustentavam esse pequenos exércitos, notadamente a Cavalaria Castelhana das ordens militares de San Thiago, Calatrava, Espuela Dorada e Real de La Banda. Ela se transfigura no Brasil como infantaria de desvendamento, exploração e defesa das extensões continentais conquistadas, no princípio do Século XVII, período do Governo Geral da Repartição do Sul de D. Francisco de Souza, o "Pai das Bandeiras", em seu segundo mandato de 1601, em plena era do reinado luso-hispânico que se iniciara em 1580 até 1640, com os reis Felipes. Ela foi adaptada às condições telúricas do sertão, imprimindo uma decisiva evolução às incipientes e empíricas Entradas lusas. Tinha um Comandante Geral ou Mestre de Campo ou Tte. General e se dividia em terços (divisões), como tática de guerra, comandados pelos capitães auxiliares, estes também secundados pelo seus sargentos, com o fito de expandir áreas de ocupação territorial para criação, extração e agricultura, além da detecção de riquezas minerais e preamento da mão-de-obra indígena para suas lavras. Ela representou a maior força de ocupação territorial e expansão da Civilização Ocidental Cristã no Novo Mundo, jamais igualada! 

A GUERRA DOS BÁRBAROS
No último terço do século XVII, entretanto, com as crescentes invasões de inimigos estrangeiros, piratas, renegados invejosos, traficantes de escravos e incursões de canibais ferozes no Nordeste do Brasil, que dizimavam as populações locais, as Bandeiras Sertanistas Paulistas foram convocadas para assumir a liderança da guerra que se desenrolaria, perfeitamente militarizadas e hierarquizadas, retomando aquela configuração original espanhola, mediante concessões de altas patentes de comando, distribuídas pelos sucessivos Governadores Gerais do Estado do Brasil e confirmadas pela Coroa lusitana. A colonização ali se tornara então um imperativo movimento guerreiro: era matar ou morrer, porque o bicho vinha pra pegar! As operações militares tomaram então formidável vulto. De São Paulo saiu para o Leste (Bahia) a Bandeira de Batalha do Governador da Guerra Estêvão Ribeiro Bayão Parente, auxiliado por seu filho Capitão João Amaro Maciel Parente e Brás Rodrigues de Arzão, esmagando os genéricos “tapuias” anaiós (aborígenes canibais do interior da Bahia), vingando assim a então recentemente dizimada (e deglutida) Bandeira de Batalha Paulista do velho Domingos Barbosa Calheiros, em socorro daquela Capitania aterrorizada. 

E a de Domingos Jorge Velho que por sua vez, se implantara com sucesso no interior do Piauí. Havia ainda uma outra grande extensão de terras indomadas, habitada por numerosas aglomerações trogloditas canibais: o Nordeste! Os aborígenes xenófobos furiosamente resistiam à conquista civilizadora, promovendo grandes carnificinas entre os pacatos colonos assentados em áreas de criação e cultivo no seu interior ainda selvagem e inseguro, chegando até mesmo a atacar o litoral! Aos paulistas reputava, em todo o Brasil e em toda a monarquia européia, a fama de inigualáveis sertanistas, desbravadores de terras, domesticadores de índios amistosos (com quem inclusive se aparentavam e conviviam no mesmo espaço da vila piratiningana a partir de 1554) e corajosos combatentes do gentio antropófago indomável. De suas caminhadas, já em 1643, comentava o jesuíta espanhol Montoya a Filipe IV:

Bandeirantes mamelucos de segunda-linha andavam descalços, como suas mães índias. Seus pais bandeirantes andavam muito bem calçados!

"Andan a pie y descalzos* como por las calles de Madrid. Y caminan por tierras y valles sin ningun estorbo, trescientas y quatrocientas leguas con regalo".
*Descalços - aqui os estrangeiros ressentidos do passado e os atuais pseudos-historiadores ideológicos que não conheceram perfeitamente a História Social Paulistana, criam uma falsa e maliciosa degradação da reputação bandeirante paulista, com pechas ofensivas tais como "eram analfabetos”, “incultos”, “falando só a Língua Geral indígena", “andavam descalços”, etc. Em Jundiaí SP, durante uma recente prefeitura comunopetista, chegaram a remover do Museu de Memória local a figura esculpida de um bandeirante, “porque estava calçando botas”! Ora, tantos estes atuais quanto aqueles agentes difamadores do passado, ignoravam propositadamente que havia uma segunda linha de bandeirantes mamelucos, mestiços criados [como índios] junto de suas mães em suas aldeias nativas e que andavam descalços pelo mato. Seus pais bandeirantes europeus de primeira linha, andavam muito bem calçados e prova é, que em inúmeros inventários do sertão publicados, sempre constam pares de botas deixados pelos defuntos e arrematados pelos sobreviventes: Inventário Cristovão Diniz [Faleceu no sertão] e foi inventariado em 1650... "Declaro que um Antonio Alz Bezerra me deve umas [botas giulheiras] e umas chinelas de um trespaso de um pagamento me deram um conhecimento seu em que se obrigava ele" (...idem, Manuel João Branco)..."Devo a Manuel Fernandes Giga pataca e meia de umas [botas] e ele me deve uma pouca de telha que lhe emprestei, meu genro o padre Marcos Mendes sabe o que é". (In www.projetocompartilhar.org).
Na conquista do Nordeste os grandes comandantes de tropa de São Paulo haveriam de assumir a liderança. Igual relevo conquistaria o sertanista e latifundiário baiano, o capitão auxiliar Francisco Dias D'Ávila, homem de ferro estimulado por estes companheiros do Sul, bravo como qualquer dos vultos paulistas daquela era, tão bem evocados nas páginas célebres de Agostinho Thierry e integrados na fase crucial da devassa do sertão. Da região a leste do São Francisco os “tapuias” já haviam sido varridos pelo Governador da Guerra Estevão Ribeiro Bayão Parente e seu auxiliar Brás Rodrigues de Arzam e seu filho Capitão João Amaro Maciel Parente, como já dissemos. Mais tarde acabaria Domingos Rodrigues de Carvalho destroçando-os, o valente e capaz sargento mor do terço baiano, secundando o comando de Francisco Dias D'Ávila. O interior das terras nordestinas era ocupado por muitas aglomerações sob a denominação genérica de “cariris”, conceito similar ao dos canibais “tapuias” do Sul  ou manadas trogloditas nômades, inferiores às verdadeiras tribos indígenas que já eram estabelecidas nos mínimos padrões de civilização, tais como aldeias socialmente organizadas, tradição oral, habitações diferenciadas, criação de animais, festividades. Diferenciados, portanto, daqueles trogloditas antropófagos sub-humanos que dominavam larga área distribuída pelos territórios atuais da Bahia, Pernambuco, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, temidos até pelos próprios índios, a quem constantemente atacavam para se deliciar com a ingestão de suas carnes humanas!
Iam do Paraguaçu, na Bahia, ao ltapicuru, no Maranhão, na opinião do autor baiano Capistrano de Abreu. De todos esses trogloditas tapuias distribuídos em numerosas tribos, os mais célebres parecem ter sido os janduins, que os cronistas apontam como terríveis e ferozes canibais adversários dos conquistadores europeus. Já em 1662 expedira a rainha D. Luísa, regente em nome de D. Afonso VI, uma carta régia sobre a guerra que se deveria fazer aos "bárbaros janduins" do sertão da capitania de Paraíba, à vista das informações recebidas do Capitão-Mor (governador) paraibano Matias de Albuquerque Maranhão. Dos genéricos “tapuias cariris” nordestinos dizia esta autoridade, “lutadores que eram, facílimo seria que se convertessem em novos araucanos como os das índias de Castela”.  Ninguém ignora o quanto custou aos primeiros portugueses do Brasil a conquista da Paraíba em fins do século XVI! Oitenta anos após a fundação da cidade de Nossa Senhora das Neves começaram, no dizer de Irineu Joffily, os primeiros contatos com os Cariris selváticos, localizados a 50 léguas a Oeste da capital paraibana. Na posse da hinterlândia (interior continental) da Paraíba destacaram-se diversos cabos de tropa da família Oliveira Ledo, dos quais o mais notável parece ter sido Teodósio de Oliveira Ledo. Pensamos como (o autor) Basílio de Magalhães, que a conquista do Nordeste não se deveu à ânsia do ouro ou do preamento de índios mas sim, ao alargamento da zona de criação de gado. Realizou-se no sentido inverso, do interior para a costa, sendo suas figuras primordiais Francisco Dias d'Ávila, (baiano) Domingos Afonso Mafra “Sertão” (português) e Domingos Jorge Velho.
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DOMINGOS JORGE VELHO, BANDEIRANTE DE SANTANA DE PARNAÍBA SP - CONQUISTOU O PIAUÍ,  PARAÍBA E PALMARES DE ALAGOAS.
No rol destes conquistadores devem figurar mais alguns nomes de muito considerável relevo como os de Matias Cardoso de Almeida e Manuel Álvares de Morais Navarro. De Domingos Jorge Velho disse Studart:**
"Na vida animadíssima, cheia de lances trágicos do bandeirante, ao sertanista dominam a cupidez, a tenacidade, o estoicismo, a sagacidade, o descaso da morte e estas qualidades caracterizam Domingos Jorge". Acrescenta ainda o eminente historiador cearense: "Na história da conquista mais merecem os que correram mil perigos e às aventuras se entregaram, do que os possuidores de 250 léguas de testada na margem pernambucana do (Rio) São Francisco".
Em 1677 a Junta Trina sucessora do Visconde de Barbacena reclamava novos socorros paulistas ante a investida dos reincidentes Anaiós, terríveis bárbaros (trogloditas canibais), que aliás, já haviam destroçado bandeiras de São Paulo a cujos componentes tinham exterminado (Bandeira de Batalha do Cap. Domingos Barbosa Calheiros, em socorro da Bahia, nosso colateral). Pôs-se em campanha novamente o bravo baiano Domingos Rodrigues de Carvalho ao lado dos paulistas que acudiram ao apelo do Governo Geral. Surgiram também Domingos*** e Bernardo de Freitas Azevedo, bandeirantes pouco conhecidos, talvez pai e filho ou irmãos. E com eles Antônio Coutinho, ainda mais obscuro. Domingos Rodrigues, que recebera a patente de Capitão Mor foi completamente batido pelas nações bárbaras com as quais pelejara e refugiou-se no litoral, onde veio a morrer. Também nada se sabe do que haja feito certo Francisco de Chaves Leme que surgiu na Bahia com uma tropa de brancos e índios de São Paulo.
**Dicionário Studart, do Ceará, em nossa biblioteca digital.
 ***Em 1677, conferia-se a patente de capitão-mor a Domingos de Freitas Azevedo para continuar o descobrimento do rio Paraguaçu, atribuindo-se a Bernardo de Freitas Azevedo a patente de capitão de ordenança (In Roteiro do Piauí, pg. 29 citação de "Documentos Historicos", vol. XIII pgs. 5-9). Em nossa biblioteca digital indexada.
No dizer de Borges de Barros em “Bandeirantes e Sertanistas Baianos”, a chamada “Confederação dos Cariris”, tapuias genéricos do Nordeste premidos pela expansão portuguesa, entre os quais existiam também muitos negros quilombolas macumbeiros, compreendia ajuntamentos mais setentrionais do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Menos presentes em Pernambuco, Alagoas e Bahia. Perto de vinte anos durariam as campanhas de repressão - a longa, porfiada e crudelíssima “Guerra dos Bárbaros” (antropófagos) - cujas principais ações parecem ter ocorrido nos vales do Açu e do Jaguaribe, a guerra selvagem mais séria talvez ocorrida no Brasil! Dentre 1682 e 1684, denuncia a documentação, houve graves movimentos entre os “tapuias” do Rio Grande do Norte e do Ceará. Em 1683, tal ofensiva bárbara tomou alarmantes proporções. Quatro anos mais tarde obrigaria a uma campanha em regra na qual o Governo Geral empenharia grandes forças. Da sua sede na Bahia, a 17 de Junho de 1687 recomendava Matias da Cunha, Governador-Geral do Estado do Brasil, ao Capitão-General (governador) de Pernambuco que socorresse o Rio Grande do Norte com todo o poderio bélico de que dispusesse. Os índios revoltados já haviam assassinado numerosos colonos, massacrado dezenas de milhares de bois e coberto o território de ruínas, ameaçando até a própria capital litorânea!!!
GUERRA DOS BÁRBAROS NO AÇÚ - NORDESTE
Tão assustados estavam os colonos, que a Câmara de Natal despachara à Bahia uma comitiva especial de seus oficiais pedindo a urgente remessa de socorros. Já numerosas famílias do interior abandonavam as suas fazendas, ante a extensão da guerra. O principal foco da sublevação era o vale do (Rio) Piranhas. Preparava-se uma coluna de setecentos homens para repelir os silvícolas, mas as dificuldades monetárias, a penúria dos arsenais régios e os entraves de uma administração burocrática, reduziram muito a eficiência desta expedição comandada pelo capitão-mor Manuel de Abreu Soares. Devia operar em conjunção com a tropa do Coronel Antônio de Albuquerque Câmara. Este oficial, depois de encontrar vultosas ruínas decorrentes da invasão, derrotou os rebeldes e recolheu-se à casa forte que construíra no Açu. Mas não tardaria que a sua situação ali se tornasse insustentável. Seu arraial havia sido sitiado pelos tapuias, sofrendo diversos assaltos repelidos a muito custo. À vista do ocorrido, resolveu o governador Matias da Cunha apelar para dois sertanistas de São Paulo, cobertos do maior prestígio: Tte. General Matias Cardoso de Almeida e Capitão Domingos Jorge Velho. O êxito das então recentes campanhas dos confrades bandeirantes paulistas Estevão Ribeiro Bayão Parente e Bráz Rodrigues de Arzão (na Bahia) davam-lhe esperanças de que estes dois bandeirantes vencessem os tapuias do Nordeste. Neste sentido comunicou-se Matias da Cunha com a Câmara de São Paulo e declarou-lhe que ao seu ver...
"só o grande valor e experiência dos paulistas poderiam ali conseguir o mesmo fim que com tanta glória haviam alcançado dos canibais que tiranizavam a Bahia".

Piratas atacavam o litoral brasileiro
Assim pedia-lhe com a maior instância que fizesse esse serviço a Sua Majestade, esforçando-se em favor do recrutamento de tão desejado socorro. Enquanto isto, reforçava o solícito governador as guarnições de Natal e Fortaleza, pois no Ceará também se receava o levante dos indígenas e os costumeiros ataques de piratas no litoral. 

Os Piratas, na realidade, eram corsários ao serviço da Rainha da Inglaterra, o país mais ladrão do mundo, além de produtor e traficante internacional de drogas! Não acredita? Leia nosso artigo em https://patriaflita.blogspot.com/2019/05/khazares-guerra-do-opio-2018-conheco-as.html.
Ao Coronel Albuquerque Câmara não tardaria Matias da Cunha em dar a notícia alvissareira de que brevemente receberia a cooperação de um paulista governador das armas à testa de uma bandeira de trezentos homens (João Amaro). Assim também ordenou que Domingos Jorge Velho e seu loco-tenente André Pinto deixassem a guerra dos quilombos dos Palmares, e rumasse ao Açu com seiscentos homens dispostos em duas colunas. Em princípios de Junho de 1688, jubiloso anunciava Matias que os paulistas haviam chegado ao Rio das Piranhas. Sabia-se da grande vitória de Domingos Jorge e de um revés das armas reais, havendo certo capitão luso Antônio Pinto sido desbaratado pelos silvícolas. Pouco depois de outro fracasso do próprio Antônio de Albuquerque, ia Abreu Soares, aliás octogenário, entrar de novo em campanha com duzentos infantes brancos e quinhentos índios. Devia socorrer Domingos Jorge cuja situação era arriscada. Assim o "merecia tanto o seu valor como se devia ao seu perigo". Sofreu Abreu Soares revés assaz considerável, o que lhe valeu por parte do Governador-Geral reparos pouco generosos para com o velho e bravo cabo de guerra; "Mais esperava do antigo valor dos pernambucanos". (Os comandantes nordestinos vinham sendo batidos sistematicamente pelos aborígenes canibais).


Acreditavam que o estímulo dos paulistas os faria daí por diante mais vitoriosos do que eles. Outras más notícias vinham chegando. Também foram batidos os nordestinos Albuquerque Câmara e Abreu Soares, e anunciava-se terem sofrido derrota terrível! Seus seiscentos soldados brancos estavam reduzidos a duzentos! Prevenia Domingos Jorge Velho que os tapuias dispunham de muitas armas de fogo. Sabia-se que piratas estrangeiros entravam pelo rio Açú a dentro e com eles comerciavam. Eram os seus fornecedores de espingardas e munições (com qual propósito?!). A vista do ocorrido, resolveu Matias da Cunha passar a Domingos Jorge a patente de...
"Governador da gente da conquista dos Bárbaros do Ryo Grande", em consideração "a seu grande valor, experiência do gentio, prudência militar e mais qualidades nêle concorrentes além da modéstia com que, sem falar de sua pessoa, procurava a honra dos seus oficiais".


Sua vitória havia sido estrondosa, queimara as principais aldeias janduins, aniquilara toda a canibália nelas existentes e durante quatro dias e quatro noites pelejara sempre em fogo vivo, pois os contrários traziam muitas armas de fogo, além dos muitíssimos arcos e flechas. Se não conseguira triunfo maior devera-se isto ao fato de que se esgotara a sua munição. Inesperadamente abateu-se sobre o Brasil o terrível flagelo da “bicha” (surto de febre amarela) que causou verdadeira hecatombe sobretudo entre a população branca. Aos 24 de Outubro de 1688 sucumbia Matias da Cunha (governador) vítima daquela mesma epidemia silvestre.
Governo Geral do Brasil na Bahia, D. Frei Manuel da Ressurreição

Assumiu o Governo Geral do Brasil o enérgico arcebispo da Bahia, D. Frei Manuel da Ressurreição, que in totum seguiu a política do antecessor. Recorreu à Câmara de São Paulo, pedindo-lhe que fizesse seguir pelo Sertão do Rio São Francisco outro socorro. Também se esperava uma coluna cearense, comandada por um sargento-mor de muito valor com quatrocentos tapuias fiéis e bravos. Estava Domingos Jorge Velho imobilizado no Açu por falta de munições. Ao regional Abreu Soares também exprobrou o Prelado sua derrota, devido à sua indisciplina, vaidade, inépcia e desídia! A sua soldadesca indisciplinada causava enorme dano aos colonos, cujas reses matava por mera e inútil crueldade. Tratasse de introduzir a ordem em sua tropa e averiguar como é que os bárbaros dispunham de tanta pólvora já que não a fabricavam (fornecidas por estrangeiros inimigos da colonização portuguesa)! Depositava o Prelado a “maior confiança no êxito das operações dos paulistas”. À Câmara de São Paulo escrevia a 16 de Junho de 1690 que as gentes pernambucanas enviadas a combater os bárbaros, tinham perdido naquela campanha o anterior renome guerreiro conquistado na luta contra os holandeses. Aos paulistas já coubera anteriormente a glória de terminar a luta de décadas contra os trogloditas canibais da Bahia!

Tudo prenunciava que novos louros lhes estavam reservados no Nordeste. Esta nova empresa, além de tudo, merecera a sanção régia. Não precisariam os paulistas mais uma vez, desobedecer às leis de Sua Majestade "para procurar e obter o seu remédio do sertão" (mão-de-obra indígena) como costumeiramente faziam. E depois de obterem o triunfo sobre os tapuias selvagens, que mina opulentíssima lhes estava reservada com a expugnação dos cruéis assassinos negros dos Palmares, trucidadores de colonos indefesos, mediante rituais de macumba! Talvez umas três dezenas de milhares de negros da Guiné a serem reconduzidos ao trabalho! Assim pedia a indicação de um grande sertanista para se pôr à frente da campanha a quem se concederia a patente de Mestre de Campo (General) Governador, com absoluta autonomia de comando. A Câmara, o Vigário Albernaz, o Capitão-Mor da Capitania de São Vicente, unânimes indicaram Matias Cardoso de Almeida* a quem o Arcebispo escreveu imediatamente fazendo-lhe o convite neste sentido. Já estabelecido à margem do São Francisco, no Norte Mineiro atual, outrora chamado Currais da Bahia, fôra Matias a São Paulo buscar elementos para a sua povoação recente. Em carta fez-lhe o Arcebispo os maiores elogios, pedindo-lhe que se pusesse em marcha imediatamente. Mandara reforçar os efetivos de Domingos Jorge Velho e de Antonio de Albuquerque mas era tão superior o poderio dos Bárbaros que sem o concurso paulista, não poderia ser vencido. Havia nesta ocasião também movimentos hostis de aimorés na Capitania de Ilhéus e o paulista André Furtado ofereceu-se ao Arcebispo para combater esses agressores, mediante pagamento de cinco mil cruzados.
*Veja link dedicado de Matias Cardoso de Almeida neste site

Foi recusada a proposta, declarando D. Frei Manuel que os Ilhéus vendidos não corresponderiam a tão excessiva quantia. Aos dois chefes do Rio Grande do Norte escreveu o Prelado recomendando-lhes que impedissem os seus soldados de oprimir os moradores, mantendo a mais rigorosa disciplina. E com o maior cuidado apurassem os responsáveis pelo contrabando de armas de fogo e munições aos selvagens. Seriam as tropas reais brevemente reforçadas por contingentes das margens do São Francisco, de índios fiéis, a quem comandaria Francisco Dias de Ávila, da Bahia. Partiu Matias Cardoso de São Paulo com vultosa tropa "em marcha por mais de 500 léguas de Sertão". Mas como julgasse seu terço ainda insuficiente, encarregou o Capitão João Amaro Maciel Parente (paulistano, filho do Gov. da Guerra da Bahia Estevão Ribeiro Bayão Parente, nosso avô colateral, com link neste site) de organizar segunda leva destinada a lhe seguir os passos no menor prazo possível. Sertanistas notáveis o acompanhavam, como o santista Antônio Gonçalves Figueira Gaia*, que mais tarde tanto se destacaria, seu irmão Manuel Cardoso mais João Pires de Brito. Em Fevereiro de 1689 escrevia o Arcebispo ao capitão-mor de Penedo, Pedro Aranha Pacheco, que envidasse todos os esforços no sentido de angariar em seu distrito mantimentos para as forças em campanha de guerra. O socorro organizado pelo regional Coronel André Pinto Correia não se movia! A esperança era de que os paulistas chegassem logo. Do Rio de Janeiro preveniam que já uma coluna se pusera em marcha.
*Antonio G. Figueira Gaia, com link dedicado neste site
E como certos indivíduos regionais prometessem também tomar armas contra os tapuias, mediante a concessão de patentes semelhantes às outorgadas aos paulistas, asperamente os desenganou D. Frei Manuel a dizer:
"Se as concedi aos paulistas foi por aquêle incomparável serviço que fizeram à Sua Majestade, em vir à sua custa tantas centenas de léguas por êsses sertões, em muitas partes estéreis, sem água e sem nenhum gênero de caça, sustentando-se de raízes para a emprêsa dos Palmares, tão invencíveis aos pernambucanos".
Ao menor aceno de uma ordem do Governo Geral haviam deixado a sua conveniência e
"voltaram as armas à guerra do Rio Grande contra cujos bárbaros pelejaram tantas vêzes, fazendo vitoriosas às armas de Sua Majestade havia tempos tão oprimidas que estavam das hostilidades inimigas. E bastara o seu valor e fama para os Bárbaros perderem a insolência e tomar a guerra outro semblante".
Acaso esses supostos “candidatos às patentes” regionais de Sua Majestade, "aquêles sujeitos"... "tão mimosos".., pretenderiam confronto com os sertanistas paulistas do Sul? Que dizer por exemplo do contrato de um regional André Pinto Correia, aliás coronel comandante de um contingente, tão incapaz daquele posto e a quem o caberia castigar como merecia? Muito mal iam as coisas no Rio Grande do Norte onde a Câmara de Natal movia forte oposição ao capitão-mor Agostinho César de Andrade e a Domingos Jorge Velho. “Li”!, verberou o Governador Arcebispo ao procedimento dos camaristas cujo fito único, em tão áspera e grave conjuntura, era aleivosamente apossarem-se de índios entregues à guarda de religiosos pelo cabo de tropa paulista. Assim os intimou a repor nas aldeias o quanto antes, as “peças” indevidamente subtraídas. E isto sob pena de grave castigo. Ao capitão-mor regional ironizava o Prelado, a propósito de suas anunciadas “vantagens militares” regionais, a seu ver  insignificantes!


Pouco depois à Bahia chegava a mais auspiciosa notícia, a da grande vitória de Domingos Jorge Velho! Aniquilara centenas de trogloditas tapuias, motivo pelo qual o Arcebispo lhe apresentou parabéns. Muito se queixava o bandeirante do atraso da Fazenda Real em pagar os soldos da sua gente. Explicou-lhe o Prelado, quão extrema era a penúria dos cofres reais! Tivesse paciência, pois que tudo precisa e lisamente se liquidaria. Chegara o paulistano Matias Cardoso de Almeida e D. Frei Manuel retirou os comandos a todos os chefes em campanha do nordeste para lhe atribuir esta função maior (Tenente-General). Exceção apenas se fez ao paulista Domingos Jorge Velho, que permaneceu. Toda a tropa de linha militar e a dos pretos (Henriques) teve ordem de se recolher aos respectivos presídios (fortalezas), onde prestavam serviços. Numa espécie de manifesto ou "alvará de reforma", explicou o Arcebispo os motivos de tal resolução. Declarou que por completo fracassara o primitivo plano de campanha regional. Não bastava manter guarnições em pontos fortificados. Tornara-se indispensável interiorizar e aprofundar a guerra, investindo contra os bárbaros tapuias em sua própria casa. Da defesa passariam ao ataque, que seria ali “a melhor defesa!” Deveriam ser suas bases arrasadas e queimadas. Só assim se conseguiria a submissão deles. Havia portanto um único caminho a seguir: entregar aos paulistas as operações!


Ao Câmara Coutinho, governador de Pernambuco, escrevia D. Frei Manuel:
"Para êste gênero de guerra nem a infantaria paga (tropa de linha) nem a de ordenança se achou nunca capaz" (só a técnica “eurobugre” de guerrilha nas matas dos paulistas!).
Já provara-o cabalmente a luta contra os selvagens baianos. O único recurso viável era o apelo aos paulistas,
"gente acostumada a penetrar sertões e tolerar fomes, sêdes e inclemências dos climas e dos tempos, de que não têm uso algum os infantes, nem os milicianos a quem faltam aquelas disciplina e constância".
A 8 de outubro de 1690 era D. Frei Manuel da Ressurreição substituído no Governo-geral do Brasil por Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho. O novo governador, homem sobremaneira inteligente, tratou de promover a maior harmonia entre os dois grandes chefes paulistas. Procurou deslocar a área das operações de Matias Cardoso para o Ceará no vale do Jaguaribe, o que conseguiu. Do Jaguaribe reportou-lhe Matias Cardoso, a 13 de Julho de 1692 que a sua tropa se encontrava em penosa situação. Precisava do reforço de soldados índios e pretos, além de munição e pano, pois sua gente vivia semi-nua!

Governador Geral do Estado do Brasil
 Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho - belo retrato!
Continuava a Fazenda Real a praticar a impontualidade absoluta a que se acostumara. Nada lhe fornecia. Reinava a discórdia no seu acampamento. Revoltado contra tal estado de coisas resolvera João Amaro abandonar a coluna. Acompanhavam-no muitos bandeirantes. E no entanto, calculava o Tenente-General em dois anos o prazo mínimo para a conclusão da campanha militar. Arrastando-se as operações que se prolongavam, nem num decênio estariam concluídas. Imenso trabalho lhe dava para impedir que os seus soldados saíssem da forma. Sentia a sua capacidade persuasiva esgotada e ante tal situação muito se inclinava a abandonar a luta recolhendo-se às suas fazendas dos Currais da Bahia. Assustado, exortou-o Câmara Coutinho a que tal não fizesse. Não deixasse de considerar que todo o Brasil atravessava tremenda crise financeira pela carência do meio circulante e a baixa do açúcar. Felizmente ocorrera a submissão de um grande chefe, o tuxaua ou principal dos Jaguaribaras (do Jaguaribe), graças à intervenção de um tal João Paes Florião, que entre os janduins vivia, tendo como mulher uma filha de Nhongugê, cunhado de Canindé, o mais prestigioso morubixaba inimigo, a quem chamavam rei dos Janduins. Até hoje não foi identificado êste Florião, ignorando-se se seria baiano ou paulista (esse apelido Florião nunca existiu em São Paulo). Assinou então um ajuste de paz, pelo qual os selvagens se submetiam, interessantíssimo documento, único no seu gênero, no Brasil: um tratado de paz entre duas majestades: a do Sr. D. Pedro lI, rei de Portugal e a de Canindé, rei dos Janduins!
Armas do Estado do Brasil (de Portugal)
Às tribos que não se resignaram a depor as armas, continuou o Tte. General Matias Cardoso de Almeida a combater e desbaratar. A 22 de maio de 1694 sucedeu D. João de Lencastre ao Câmara Coutinho, no Governo Geral do Estado do Brasil. Apressou-se em dar a Matias Cardoso demonstrações de estima e confiança em seus serviços. Assim no Rio Grande do Norte, colocou como capitão-mor a Agostinho César de Andrade, seu grande partidário e publicou os mais rasgados elogios ao valor dos paulistas e à capacidade do seu grande mestre de campo, a quem secundava Manuel Álvares de Morais Navarro. 
 
Aconselhou-o a que acima de tudo intentasse a pacificação geral dos índios. Curiosíssima carta de Morais Navarro a D. João de Lencastre, datada de 26 de Julho de 1694 apresenta-se cheia dos conselhos de sua experiência daquele tipo de guerra e daquelas paragens nordestinas. E ao mesmo tempo acha-se referta de curiosos pormenores. Informava que os fortins projetados nos Piranhas, Açu e Jaguaribe só poderiam receber provisões das afastadas bases, dada a esterilidade das terras circunvizinhas.



Em cada qual era necessário haver pelo menos cento e cinquenta homens de guarnição. Adversários temíveis eram os aborígenes regionais, unindo a extraordinária ferocidade à diabólica astúcia. Mostravam-se xenófobos irredutíveis. Para tão difícil comissão como a de os reduzir, o mais indicado cabo de tropa vinha a ser Matias Cardoso de Almeida. Lembrou-lhe os seus serviços como lugar-tenente de Fernão Dias Paes a quem acompanhara à testa de cento e vinte servos seus; travando numerosos combates com o gentio e, certa vez, verdadeira batalha da qual fôra o triunfador. A D. Rodrigo de Castelo Branco (assassinado nas minas) dera a mais eficiente assistência "com particular desvêlo em tôdas as obrigações". Tal a sua reputação que Antônio de Sousa Meneses, o Governador Geral do Brasil de 1682 a 1684 lhe outorgara faculdades para administrar todas as aldeias que reduzisse desde Porto Seguro até o Rio de S. Francisco. Trouxera Matias Cardoso de S. Paulo, dois lugares-tenentes de alta capacidade, um já muito afamado pelos serviços de guerra na Bahia, Capitão João Amaro Maciel Parente e outro que la dentro em breve iria adquirir fama, Manuel Álvares de Morais Navarro. Passara-lhes o Arcebispo as patentes de capitão-mor e sargento-mor respectivamente, "para a conquista dos Bárbaros do Rio Grande", assim como a de Coronel de toda a gente de armas, comandada por Domingos Jorge Velho, a Antônio Cubas, seu irmão, que de S. Paulo viera reforçar-lhe a tropa à testa de cem homens brancos. Declarara o Tenente-General serem absolutamente insuficientes, para a empresa a que pretendiam empregar as forças reunidas a fim de expugnar o grande quilombo dos Palmares. "Quer em poder de brancos, quer no de soldados índios". Ofereceu-se ao Arcebispo para levar a cabo a extinção da Tróia Negra mas fora-lhe a proposta repelida pelo Prelado em termos categóricos e tom irritado. O Governo geral do Brasil, assegurou-lhe, manteria o seu acordo firmado com Domingos Jorge Velho:
"Seria coisa mui injusta que, havendo êle vindo por terra com tanto trabalho e tendo depois o de assistência àquelas fronteiras, se lhe tirasse agora com menos crédito seu, a ocasião para a qual viera a usá-lo e a utilidade que o trouxera das suas terras longínquas do Piauí, ao litoral pernambucano".
Concitou o Arcebispo a Matias Cardoso que ao seu êmulo se unisse “a bem do serviço de Sua Majestade, soberano de ambos”. Eram ambos paulistas, tinham patentes equivalentes. Tudo os levava a uma cooperação a mais proveitosa. Logo que liquidassem o poderio dos bárbaros emigrariam forças para a destruição de Palmares. Assim, a um e outro fariam maior bem e alívio das capitanias oprimidas pelas violências dos trogloditas tapuias. A 10 de Novembro de 1690 alcançava Domingos Jorge Velho a grande vitória na qual saliente parte tomara um de seus melhores loco-tenentes, Cristóvão de Mendonça. E contemporaneamente sofreu Matias Cardoso grave revés. A sua coluna, num efetivo de quinhentos homens, foi por duas vezes atacada e batida. Numa destas refregas correu o risco de total desbaratamento, por força do esgotamento das munições. Precisara apressadamente retirar-se para o Ceará-Grande. Apesar de tão mal provido de recursos, tivera de acudir em socorro de Natal, gravemente ameaçada de cair em poder dos tapuias que acabavam de destroçar a coluna de Antônio de Albuquerque, aliás ferido em combate.

A Domingos Jorge Velho, aquartelado em Açu, pediam Albuquerque e o capitão-mor (governador) paraibano, Constantino de Oliveira Ledo (também militante local), instantes socorros. Péssima era a sua situação, declaravam-lhe. Ao Governo-geral opinou Morais Navarro, contemporaneamente, que ao seu ver só havia um recurso: a guerra a todo custo aos tapuias "tiranos alevantados", até o seu extermínio que deveria abranger também os traidores maledicentes, pregoeiros “da impossível pacificação dos índios” (regionais invejosos, inferiorizados e ressentidos). Se eles acaso conseguissem o que viviam a apregoar, comprometer-se-ia ele, Navarro, a entregar o pescoço ao cutelo de um algoz! Tornara-se péssima pois a situação militar dos brancos. Viviam os intrigantes e boateiros (regionais conspiradores) a espalhar que a retirada de Matias Cardoso para o Ceará se devera ao “temor que tivera dos tapuias”, quando na realidade, a isto o forçava a absoluta penúria de recursos após cinco anos de privações sofridas por ele e sua gente, a quem nada se pagara de soldos. Ardilosos se mostravam os selvagens. Em certa ocasião, grande magote seu na iminência de ser envolvido por Domingos Jorge, procurara abrigo na aldeia de Guararaí administrada pelos jesuítas. Cercara-a o mestre de campo e os padres tiveram de entregar os refugiados. Forçara o Governo geral porém ao caudilho a restituição da presa ante as reclamações dos jesuítas a invocarem o direito de asilo. Pois bem, relatava Morais Navarro ao Governo-geral, a paga que aos inacianos haviam dado os seus homiziados, fora uma série de assassinatos, tropelias e atrocidades de toda espécie, praticadas em detrimento de seus catecúmenos.



Depois de incendiarem Guararaí, haviam marchado sobre o Ceará Mirim, tais malefícios obrando, que os jesuítas espavoridos haviam implorado socorro a Matias Cardoso, lancinantemente. Acudira este a toda pressa ao tempo de impedir maiores males. Desbaratara os ingratos tapuias matando-lhes seiscentos homens. Ao mesmo tempo haviam eles sofrido de Cristóvão de Mendonça o castigo não menor. Como poderiam os brancos ter contemplação com semelhantes terroristas inimigos?, indagava o cabo paulista! Eram terríveis e ao mesmo tempo sagazes, astuciosos e velhacos! Numerosos como folhas de árvores, saudosos de seus antigos “amigos holandeses”, a quem tanto haviam servido contra os portugueses! Sua única inferioridade provinha da deficiência do armamento de fogo. Só havia um meio de debelar semelhante e poderoso inimigo, afirmava Morais Navarro, peremptoriamente. Teria o Governo geral de manter em campanha uma coluna de pelo menos quatrocentos paulistas, perfeitamente armados e profusamente municiados, a quem comandasse um cabo (chefe) prático da guerra dos sertões. Também era indispensável que à testa do gentio fiel ribeirinho do rio de S. Francisco, do Ceará Grande, Paraíba - Rio Grande fosse posto um chefe valoroso e capaz, em condições de mobilizar a sua gente com a maior rapidez. Tomadas tais providências estaria o Nordeste em condições de se defender.

Depois de alegar que fizera uma jornada de 220 léguas para acertar medidas com o Governo geral, declarava Morais Navarro que até aquele dia, 26 de julho de 1694, a Real Fazenda não lhe dera um centavo daquilo que lhe prometera mas, que tal impontualidade não o fazia esmorecer no serviço de Sua Majestade. Divulgara-se entrementes que Matias Cardoso sofrera grave revés no Ceará, sendo batida uma coluna sua, composta de cento e oitenta homens. Na refrega morrera-lhe um filho e ele próprio recebera ferimentos.


 


A longa duração da Guerra dos Bárbaros. A Retirada de Matias Cardoso. A campanha de Morais Navarro. Processo movido a este cabo de tropa.
Durante os anos da guerra entre Bandeirantes Paulistas e tapuias
(cariris) do Nordeste, a dura situação dos colonos do Rio Grande do Norte foi provocando grande êxodo dos moradores. Havia insegurança, não só por parte do gentio como por motivo de tropelias das tropas que o continham, quando então representou a Câmara de Natal a D. Pedro lI (de Portugal). Mandou este ao Governador-geral que responsabilizasse Matias Cardoso pelas violências de sua gente. E este, indignado com a repreensão do soberano, que o deixava à míngua de recursos, resolveu retirar-se para suas terras dos Currais da Bahia. Os destacamentos vindos de Pernambuco reduziram-se pela deserção e momento houve em que até a Fortaleza dos Três Reis Magos, baluarte de Natal, ficou quase sem guarnição. Não existe, por assim dizer, concatenação alguma, cronológica, dos papéis referentes à luta contra os bárbaros. Alguns pormenores preciosos mas indeterminados, encontram-se numa petição de recompensa de serviços apresentada a D. Pedro II por Morais Navarro a 15 de Dezembro de 1696. Refere ele que o centro das operações do seu mestre de campo, Matias Cardoso, encontrava-se a 220 léguas da cidade do Salvador. De uma feita viera a Bahia buscar reforços e recursos voltando com 200 homens entre brancos e índios. Pusera-se a campo então à testa de mais de 400 homens e caminhara 237 léguas até o teatro de guerra. À sua vanguarda comandava ele, Navarro, e constava de um corpo de cavalariços.
Bandeiras de Batalha Paulistas

A primeira refrega contra os tapuias durara onze dias de fogo vivo, acabando pela derrota dos canibais. Durante a marcha a coluna padeceu fome e sede. Em outra ocasião depois de quinze dias de caminhada conseguira surpreender grandes alojamentos inimigos fazendo ali muitos prisioneiros. Na volta vira-se atacado por grande grupo de adversários, repelido depois de vivíssimo combate que durara da madrugada até às 3 da tarde. Um segundo entrevero ouve pouco depois. Sabedor de que os tapuias vinham em grande multidão, resolvera Matias antecipar-se, atacando-os. Depois de várias horas de combate, os índios tomados de pânico fugiram deixando muitos prisioneiros. Ele próprio Navarro, tivera uma coxa ferida por seta. Em certo momento ficara o arraial de Matias Cardoso em péssima situação cheio de enfermos; resolvera então o mestre de campo mudar de base estabelecendo-se a trinta léguas do Ceará Grande (Fortaleza). Amotinavam-se os soldados reclamando a paga atrasadíssima devida pela real fazenda. Estavam semi-nus e não desertavam todos porque os chefes lhes asseguravam pagamento breve e novas roupas. Mandara então Matias Cardoso de Almeida que êle, Navarro, conduzisse três mil bois do sertão cearense ao Pernambuco onde havia enorme falta de carne. E ele se desempenhara de tal comissão. Três encontros renhidos sustentara com os bárbaros que pretendiam tresmalhar aquele gado. Num deles tivera o cavalo morto e precisara travar combate corpo-a-corpo com um índio. Ao regressar havia chegado a Matias a notícia do perigo iminente que ameaçava Natal. Marchava sobre a cidade verdadeiro exército tapuia!


Dividira a sua gente em duas colunas; a segunda, a que comandava, êle Navarro, batera grande troço inimigo no Ceará-Mirim. Depois desta vitória marchara sobre o Açu onde havia grossa emboscada de índios. Após cinco dias de caminhada, diurna e noturna, com padecimento de fome e sede, surpreendera os bárbaros, a muitos matando e a muitos mais aprisionando. Tal foi o seu triunfo que os vencidos haviam pedido paz, por Matias concedida. Dois mil e quinhentos ainda eram os janduins em armas. Neste momento chegara o instante socorro solicitado por Domingos Jorge. Mandara-o Matias a desafogar o mestre de campo e êle rompera por cento e trinta léguas em direção a Palmares, com duas companhias. Encontrara a Domingos Jorge entrincheirado tendo apenas consigo cinco homens brancos pois o resto debandara. Logo depois repelia assalto dos palmeares, ignorantes da chegada do reforço. Nesta investida haviam os quilombolas sofrido "grandes estragos". Continuando o relato afirmou Navarro que assegurara aos comboios de abastecimento virem sem estorvo do São Francisco ao Arraial de Domingos Jorge graças aos seus encontros vitoriosos com os palmeares, alguns deles vivíssimos. No primeiro cerco dado pelo mestre de campo ao grande quilombo, tomara importante posto. Levantado o assédio, permanecera seis meses a governar o arraial e isto lhe valera travar duras refregas contra os quilombolas. Mas como adoecesse gravemente, precisara ausentar-se. Gabou-se de que sem ele não se teria mantido o arraial. Restabelecido, fora à Bahia, e convencido de que as guerras do Nordeste não se podiam fazer sem paulistas oferecera-se para ir a São Paulo levantar um terço (tropa). Neste momento soubera que o Governo-geral mandara dissolver a tropa de Matias Cardoso de Almeida, sem que se pagassem os soldos a ela devidos!


Mas afinal o governador D. João de Lencastre lhe dera o comando do futuro "Têrço de Lencastre" que se comporia de 100 brancos e 400 índios, todos de São Paulo. Representando a D. Pedro II, solicitou Navarro uma comenda de Cristo do lote de duzentos mil réis. Obteve os mais elogiosos pareceres do Conselho Ultramarino que em todo caso reduziu a tença a 150$000 anuais. Na mesma ocasião pediu João Amaro igualmente recompensa de serviços como lugar-tenente do pai (Gov. Estevão Ribeiro Bayão Parente) e como um dos principais auxiliares de Matias Cardoso. Muito despendera da fortuna própria para fardar a infantaria que organizara. Navegara duzentas léguas no São Francisco e fôra ter ao arraial de Matias a quem assistira longamente em campos entrincheirados e durante duas expedições. Teve Antonio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho agitado período de governo precisando ocupar-se de duas campanhas muito sérias a dos Tapuias e a dos Palmares. Tudo isso numa fase de extraordinários apertos financeiros e quando o Rei ainda queria que o Brasil socorresse, e com o maior empenho, a Colônia do Sacramento. Em 1694 triunfava Domingos Jorge por completo dos Palmeares, mas já no ano seguinte agravou-se a situação do Nordeste. A 19 de outubro de 1697 oficiava o novo Governador-Geral D. João de Lencastre à Câmara de São Paulo e as das demais vilas paulistas sôbre o levantamento do terço de Morais Navarro que devia ter o seu nome. Lembrou às Municipalidades que o "sossêgo da Bahia se devia unicamente, ao valor dos combatentes de São Paulo". Fazia alto conceito de Navarro como bravura e capacidade:
"Só o valor e a muita experiência da guerra dos sertões com que os paulistas se acham podem destruir e conquistar os bárbaros cujo sossego depende das armas dos paulistas sempre vitoriosas dos bárbaros do Brasil",
afirmou o fidalgo, patrono do futuro regimento. Apesar da crise financeira conseguiu o Governador-Geral recursos para prover às despesas da expedição que saída de Santos, chegou à Bahia em Agosto de 1698. Era desde 1695 capitão-mor do Rio Grande do Norte o famoso Bernardo Vieira de Melo que em 1710 tanto se notabilizaria por sua atitude nacionalista. Em fins de 1698 surgiram em terras rio-grandenses Morais Navarro e seu terço. Contra êle representaram logo a Câmara de Natal e o Capitão-Mor alegando violências suas e de sua tropa contra os inermes índios do Apodi já pacificados e a quem escravizavam.

Depositava Lencastre a maior confiança no êxito da campanha que Navarro ia encetar à testa de "gente muito luzida e tôda capacíssima de pelejar em qualquer ocasião". Assim terminantemente ordenara aos governadores de Pernambuco, Paraíba e Ceará que lhe dessem todo o auxílio. Seu lugar-tenente João Pires de Brito, sertanista de grande prestígio, era "sujeito de tôda suposição cujo valor e experiência inspirava tôda a confiança". A Navarro fôsse concedida a faculdade de recrutar os índios aldeados. Deveria a Provedoria régia de Pernambuco fornecer-lhe dez mil cruzados, além de todo o armamento e munição de que precisasse. Deveria formar um campo entrincheirado no Açu como base de futuras operações destinadas a arrasar os janduins, definitivamente! Fez Bernardo Vieira ver ao Governador-Geral que a existência de tal campo iria inquietar extraordinariamente os índios já pacificados, provocando possivelmente o levante geral das tribos. Mas Lencastre fê-lo calar-se a lhe dizer

"bem sabe V. Mercê que êstes brutos (fingidos e manhosos) não guardam paz, senão enquanto lhes convém".
A 4 de agôsto de 1699 obteve Navarro, à testa de 130 brancos e mais de 200 índios, estrondosa vitória. Para alcançar tal triunfo empregara ardil de guerra referto de perfídia. A Lencastre explicou:

"como esses bárbaros não fazem dano, senão mediante traição, mandei dizer-Ihes que os ia buscar debaixo de toda amizade e juntamente pedir-lhes socorro para dar nas outras nações, por ser limitado o meu poder".
Na aldeia do chefe Jenipapoaçu aonde a sua gente fôra recebida sem desconfiança, subitamente agredira o tuxaua e sua tribo. Assassinado o morubixaba, sofrera a sua gente morticínio. Mais de 250 paiacús perderam então a vida sendo nesta ocasião escravizados mais 235. A volta à base do Açu exigira contudo muitos sacrifícios da tropa vencedora. Comentando o relatório do bandeirante, escreve Studart, revelador de tal documento:
"a linguagem desta carta iniciada por expressões piedosas revela um homem senhor das situações difíceis, feroz mas consciente de seus atos, não fugindo às responsabilidades, certo da necessidade e justiça da empresa por êle preparada e realizada, embora à custa do mais terrível morticínio. Segundo os seus dizeres, sua situação “era rivalizar-se em astucia com o traiçoeiro Jenipapoaçu, opondo estratagema a estratagema, traição a traição, matava para não ser morto". (em resumo, “Com hipócrita, hipócrita e meio!”)

A terrível vida da Selva criava especial mentalidade a esses homens obedientes à suprema lei (da sobrevivência), a cada momento mais imperativa! Entendeu Studart que o dissídio entre Bernardo Vieira e Navarro representava, além do ciúme, o interesse pecuniário. O soldado em campanha era um competidor e mais um concorrente importuno na partilha dos índios prisioneiros de guerra. Enorme impressão causou a terrível chacina. Agitaram-se os meios eclesiásticos; verberaram os missionários, do modo mais veemente, a conduta de Navarro apontando-o ao bispo de Pernambuco, como merecedor do mais grave castigo. Este depois de condenar o procedimento do cabo de tropa do modo mais severo, intimou-o a conceder a liberdade a quantos índios houvesse aprisionado, sob pena de excomunhão maior. Assustado, delegou Navarro poderes a um dos seus oficiais, Bento de Siqueira para que o defendesse perante o prelado. Abriu-se inquérito em que depuseram diversos missionários, oficiais régios e personagens qualificados a quem Navarro convocara. Declararam todos que o mestre de campo apenas fizera o que as circunstâncias da guerra lhe impunham:
“Todo o tapuia (ou cariris) não tinha outro estratagema mais que executar suas tiranias e traições da paz."

Jenipapoaçu planejara atrair o chefe branco a uma cilada em que o exterminaria, e aos seus, "se o mestre de campo se não antecipara em dar nêle". Continuou o bispo D. Frei Francisco de Lima a pendência e Navarro invocou em sua defesa o depoimento de missionário jesuíta Padre João Guinzel, alemão. Afirmou êste achar-se convencido da justiça e da dura necessidade que levara o chefe paulista a proceder daquela forma. O sargento mor Pedro Lelou, o belga capitão-mor do Ceará fez tremenda acusação a Bernardo Vieira, indivíduo a seu ver despeitado, invejoso de Navarro ao ponto de fornecer aos tapuias, clandestinamente, armas de fogo! Pelo mesmo tom se manifestaram outros oficiais. Um dêles, Barbosa Leal, adiantou que Bernardo Vieira instigava ao Bispo, inconformado por não ter obtido a chefia das operações e a quem enfurecia o fato do mestre de campo paulista não dar importância alguma aos seus palpites, aliás ineptíssimos. Anteriormente já atrapalhara a atuação de Domingos Jorge Velho e Matias Cardoso de todos os modos, com enorme prejuízo dos vassalos de sua Majestade. Na questão interveio o Governador-Geral do Brasil, que a 7 de janeiro de 1700, oficiava a D. Pedro II (de Portugal) exaltando os serviços de Navarro e reprovando as manobras de Bernardo Vieira!!! Nesta ocasião escreveu Lencastre ao chefe paulista aplaudindo calorosamente "pelo bem com que obrara e o zêlo pelo qual servia a Sua Majestade sendo tudo isso levado à real presença". Rudemente atacado, como fôra, entendeu Navarro dirigir-se diretamente ao soberano. Queixara-se das manobras dos adversários. Desobedientes das ordens régias tinham conseguido que a provedoria de Pernambuco bloqueasse os recursos ordenados por Sua Majestade. A luta contra os tapuias ainda estava longe de terminar e ele prometia prossegui-la com ardor igual ao já demonstrado. Inesperada decisão veio de Lisboa. Impressionado com as denúncias, sobretudo com a do Bispo, mandou o monarca encarcerar ao cabo de tropa (o despeitado e traiçoeiro Bernardo Vieira). Foi êle preso, conduzido ao Recife, onde esteve retido uns dois anos. Em agosto de 1702 já se achava de novo à testa do seu terço voltando ao Açu. Em 1705 pediu para voltar à sua vila natal de onde se ausentara desde 1690. Foi ter às então recém-descobertas Minas Gerais, no apogeu do rush aurífero. Deteve-se algum tempo no Serro do Frio e depois voltou ao Açu de onde ainda saiu em campanha contra os Tapuias do Ceará (os cariris). Envelhecendo, retirou-se para as vizinhanças do Recife, onde viveu em seu engenho de Paratiba, por sua causa chamado "Engenho do Paulista” e onde em avançada idade faleceu, depois de 1745.

Enquanto Navarro se fixava em Pernambuco permanecia um dos seus mais ilustres êmulos João Amaro Maciel Parente (nosso tio-avô colateral) em terras da Bahia, no Paraguaçu, onde tanto se batera contra os guerens (e anaiós) e onde viveu fronteiriço contra os tapuias, durante muitos anos tendo como base a vila que lhe conservou o nome: JOÃO AMARO, BA (fundada por seu pai Gov. Estevão Ribeiro Bayão Parente, batizada originalmente de Sto. Antonio de Peroaçú e doada ao seu filho mediante lavra de escritura). Operou nas matas de Ilhéus (hoje, Bahia), nos vales do Rio Pardo, Jequitinhonha e São Francisco. Quando ocorreram os grandes achados auríferos dos primeiros anos do século XVIII que tamanhos deslocamentos de populações provocaram, incumbiu-o em 1705 o Governador-Geral Luís César de Meneses de impedir a migração da gente da Bahia para as terras do ouro (Minas), pelas vias do Sertão. No desempenho desta comissão mereceu elogios, mas ao cabo de algum tempo, contaminado pela febre da sacra fames deixou as paragens ribeirinhas do Paraguaçu, trocando-as pelas dos jazigos auríferos das Minas Gerais. Assim em 1721 falecia em sua fazenda próxima do arraial de Guarapiranga, no distrito do Ribeirão do Carmo (1). (In História das Bandeiras Paulistas v. 1 - Afonso T. E. Taunay).



AFONSO TEIXEIRA D'ESCRAGNOLE TAUNAY

(I) As referências documentais a destes capítulos XXV e XXVI encontram-se no tomo sexto da História Geral das Bandeiras Paulistas e nos últimos capítulos e nos primeiros do tomo sétimo da mesma obra.
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